segunda-feira, 26 de março de 2007

Sintoma de Grifen

É com toda a raiva possível e inimaginável, que te digo que te odeio, que te desprezo, que quero que morras, que desapareças, que deixes de existir, que te cales para sempre. Metes-me nojo, enches-me de ódio, de agonia, de tristeza, de angústia. És o ser mais odiável de todos, o som da tua voz, o teu olhar mortiço, o sorriso patético, a forma como andas, a forma como falas, como comes.
O pior é a forma como falas das outras pessoas. És desprezível, agoniante.
Como é possível existires? Como é possível haver alguém como tu?! Como é possível eu te conhecer, como é possível saber que partilhamos o mesmo universo.
Mesmo se não existisses eu sabia que te odeio. Prefiro morrer a respirar o mesmo ar que tu respiras, prefiro cortar os pés a ter que pisar o mesmo planeta que tu pisas.
Eu não só te odeio, como te odeio, não vales nada, não és ninguém. Hipócrita, és uma pessoa nojenta, grosseira, malcriada, peçonhenta, se morreres serei o primeiro a saltar na tua campa.

Amo-te, porque te adoro muito, venero-te, porque és uma pessoa que adoro.
És a única criatura realmente bela no universo. És a única pessoa, és de facto a pessoa, a única, a melhor, a mais que tudo, a que não tem defeitos, que eu tenho o máximo carinho, amor, paixão.
Seres quem és é para mim tudo, é para mim algo que eu queria ter e tenho. Porque és e estás, e serás e viverás assim, aqui perto de mim, onde eu possa ter-te, ver-te, pegar-te, tocar-te. És uma pessoa linda de morrer, toda a tua figura interior e exterior, não tem igual em nenhum outro lugar, mesmo que seja inventado ou ideal, és a pessoa perfeita.
Os teus olhos e a tua boca são como acontecimentos celestiais, como que não existissem, mas existem e estão aqui, ao esticar de um dedo. Quando sinto o teu toque sinto-me a ficar mais bonito, tornas tudo em belo, em invejavelmente agradável.

Tanto dá como deu, és algo que não me aquece nem arrefece, seres ou não seres, estares ou não, existires ou não, é igual para mim. És-me completamente indiferente, se não tivesses nascido, para mim seria igual, mas como já nasceste, continuas a não ser nada. É como não te visse, apesar de estares aqui, ou ali. Às vezes julgo que estás, mas como sei que estás, sei logo que não estás. Não há nada que te torne interessante, que te torne importante, que te torne alguém, nada mesmo.

Quando te amava, sentia que nada podia acabar com esse laço, nada. O dia em que isso aconteceu, passei a odiar-te. Passados alguns dias, deixaste de existir.

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