quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O que parece é

Suspende a tua respiração e calça a luva.
- Sabes, vou para a China!
- Hã?!
- Sim, foi isso que ouviste.
- Com quem?
- Sozinho!
- Não pode ser!
- Eu sei… mas chamam por mim.
- Quem?
- Eles…
- Ah! Já sei… Quem? Quem são eles?
- Eles…
- Explica-te melhor, isso não é conversa. Quem são eles?
- Eles… ora, são Eles!
- Estás portanto a gozar comigo, não estás?!
- Claro que não. Queria que fosses e primeira pessoa a sabê-lo.
- Ai sim? E quem te dá o direito de escolheres. E depois, quero saber já e agora, quem são eles!!!
- De facto não há muito a dizer. Eles são eles, os maus. E tu, porque te escolhi? Porque és a única pessoa que me ouve, ou com que eu consigo falar.
- Ouve bem o que te vou dizer:
- Sim…
- Tu não vais para lado nenhum.
- Não?
- Sim, não vais!
- E porque não vou?
- Deixa-me falar e acabar.
- Sim.
- Tu não vais para lado nenhum, pois se fosses já tinhas ido. Esse é o primeiro aspecto da questão, depois, na tua condição, não vais conseguir e por fim, volto a dizer que não podes, não tens o direito de falar comigo desse tipo de coisas.
- Não acreditas? Achas que estou louco? Sou um sonhador? Posso até ser , mas a força deles é superior a isso tudo!
- Estou a perder a paciência. Por certo não me ouves, ou não me entendeste. Queres que me vá embora? Que te deixe sozinho com as tua novas loucuras?
- Se o fizeres serás o primeiro a morrer!
- Como?! Como foi que disseste?
- Ouviste bem. Mato-te se fores embora!
- Calma! Tem muita calma. Não te exaltes. Sabes bem que eles estão sempre a vigiar-te. Ao mínimo sobressalto vais para onde não queres.
- Se for a culpa é tua, toda tua!
- Não digas isso, sabes que me magoas quando dizes isso.
- Sim, digo, vezes sem conta. É escusado dizer que a culpa é toda tua!
- Vá, não exageres. Tens a tua quota parte…
- Não, a culpa é toda tua!
- Não ínsitas!

(…)
Conversa entre duas moscas dentro de um copo voltado ao contrário, por um bruxo vesgo.

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