sexta-feira, 2 de junho de 2006

Absurdo

Contaram-me ontem uma das histórias mais inverosímeis que já alguma vez ouvi.

Um homem de seu nome Bento, fazia todos os dias o mesmo ritual, acordava, calçava as pantufas e ia para o quarto do filho. A mulher que estranhava tal comportamento, uma das vezes acompanhou-o. Quando entrou no quarto e ao ver tal acontecimento, estremeceu. Os seus olhos esgazeados enganavam-na, não podia ser, o que via era mentira. Nada de igual de vira numa casa de família respeitada.
Nem tudo corria como sempre esperavam e o dinheiro não abundava, mas no entanto havia dinheiro para um computador e para ter Internet em casa. O filho, mimado como era, passava a maior parte das noites acordado, toda a noite, ali, em frente ao computador. Não se sabia muito bem onde andava, nem com quem, só se sabia que de manhã estava sempre bem disposto e saia à hora para a faculdade, bem como o pai, que nem tomava banho, só quando voltava do trabalho, ao final do dia.
Sendo uma família normal e cheia de normas, como qualquer outra, nada era deixado ao acaso, sempre que houvesse algum tipo de desavença familiar, teria que ser resolvida com castigos, castigos esses que passavam por limpeza de casas de banho durante um mês e coisas do género. Para este caso não havia castigo possível, não haveria nada que pudesse prever, ou precaver, ou até mesmo castigar, o que se passava naquele quarto durante quatro meses, nada seria esquecido, tudo seria posto preto-no-branco, em pratos limpos. A mulher respeitada, uma prendada mulher de família e boa dona de casa, não sabia por onde começar, nem sabia muito bem para onde começar, ou por onde acabar, diga-se que tudo lhe parecia difícil de acreditar, não podia ser possível, não seria nada que fosse concebível, pelo menos para uma família como aquela. Mesmo para outro tipo de família em que as regras podem ser diferentes, mas iguais, seria muito estranho um comportamento daqueles.
Sem dar por isso, um dia, aliás, numa noite, o rapaz, numa pesquisa por assuntos de índole mais rebuscada, tendo como tema, assuntos menos próprios para uma consulta caseira, ou que se pudesse dizer que estaria dentro dos parâmetros aceitáveis pelas regras aceites pelo contrato de ter Internet em casa à borla e às custas dos papás. Essa pesquisa, a qual não podemos revelar por estar ela também fora dos térmites acordados com este blog, não podendo ser, por si só, revelada desta forma. Em breves mas afincadas palavras, será revisto nos próximos textos a serem publicados, tanto neste como nos blogs adjacentes. Posso no entanto revelar, ou até quiçá, levantar um pouco do véu e dizer em uníssono, o teor da pesquisa não interessa a pessoa com fraca disponibilidade para assuntos menos interessantes.
O pai estava rendido à prática matinal, os olhos esbugalhados, raiados de sangue, pelo sono mal dormido, não evitavam o monitor, brilhante, quase translúcido, que penetrava no seu glóbulo ocular, fazendo entrar a luz e iluminando toda a fronte. O filho, que digitava letras à velocidade da luz, ia dizendo palavras com sentido dúbio, mas que tinham sons agradáveis. O ritmo era alucinante. A cada minuto que passava adensava-se mais e repetiam-se alguns. Fija era em larga escala o mais dito.
Há coisas que não se explicam, nem se tentam entender, dão-se a explicar e mostram-se como funcionam. Fija o Deus ou como na gíria é chamada a Deusa, é um ser, ou um ente que faz ver o que nada pode ser ouvido, dito, ou até mesmo saboreado. Sendo um Deus alado, ou amarrado, teremos que explicar como se fosse ontem, o que significa Fija. Fija: Deus. Assim como assim, e sem grandes explicações, vamos tendo o contacto com Ele e vamo-nos apercebendo que é uma Ela, e porquê? Pelo cheiro. E foi precisamente isso que fez a nossa pobre mulher dona de casa, incompreendida pela sociedade actual, que lhe provocou todo o seu espanto, aliás, o seu e de outra pessoa, visto ser assim tanto o espanto.
Antes de penetrar, já se sentia o calor, era intenso e ao mesmo tempo tolerável, visto que vinha revestido por uma leve película de ar, ar esse que era forçado e fresco. Pela forma como o fazia, dava indícios de não ser a primeira vez, bem como não ser a última, visto que no rosto detinha um misto de dor, mas ao mesmo tempo, e isto é interessante, não sabendo qual o tipo de dor, ou prazer que poderia advir. Ora se a prática era largamente repetida diariamente, durante tanto tempo, porque razão é que um homem adulto, pai de filhos, aliás, filho, teria receio do quer que fosse? Assim, não sabendo como recusar, o pai extremoso, metia o seu órgão fecal na entrada do monitor e o filho, entusiasta, ouvia os relatos de outros cibernautas, que numa só voz diziam: Serradura!
Este é o culminar de dois anos de investigação. Todos os envolvidos, nos processos de fecalidade da serradura, com descarga de iões, foram detidos e observados. Alguns ainda sentem o que se pode chamar de Fijaneira, ou seja o acto divino de sentir o que só pode ser sentido pelo Deus.

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