sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Poder, o Big Brother

A pedido dum conhecido:

"13, de Agosto de 2010.


Sua Excelência Sr. Primeiro-ministro
Elementos do Governo
Srs. Deputados da Assembleia da República
Sua Excelência Sr. Presidente da União Europeia
Srs. Ministros da União Europeia
Srs. deputados da União Europeia
Povo no seu todo.




O meu nome é João Rui Gomes, sou Português e vivo em Portugal.


Inicio esta carta com uma referência a um autor: George Orwell, o qual me apraz bastante e que por todos, ou quase todos, é conhecido como um escritor visionário, utilizando a sua escrita desprovida de sentido de autoridade. No fundo, acho que não se trata de um visionário, mas sim de um viajante no tempo. Ele no seu livro 1984 (Nineteen Eighty-Four, publicado em 8 de Junho de 1949) fala dum Big Brother que nos olha e controla. É um tema já há muito debatido e por vezes tido como uma obra de ficção. Será mesmo ficção?

O controlo que se antevê é gritante! O que devemos consumir, o que devemos comer, o que devemos comprar, o que devemos escrever, o que devemos pensar, o que devemos dizer, o que devemos ver, para onde devemos ir, por onde devemos ir, ou o que ouvir, ou até mesmo, falar. É cada vez mais real este problema. O poder é no limite subversivo e subvertido. Não quero com isto dizer que as regulamentações e leis, não são benéficas para todos nós, no entanto deverão ser aplicadas todas por igual, não dando mais atenção a uns tantos produtos de consumo, que a outros, ou pelo menos não se foquem tanto num ponto e menosprezem os outros, tendo só única e exclusivamente em conta os interesses económicos, deixando os interesses culturais totalmente de fora.

Por todo o lado o controlo cerca-nos, limita-nos, não nos deixa respirar, não nos deixa optar, não nos deixa ter esse direito. O direito à liberdade de escolha, pois o que se vê, são regras feitas por pessoas que não conhecem, que não vêem, que não cheiram, que não têm paladar, que não andam, que não sentem, que não transpiram, que não têm frio, cujas mãos são tão macias que parecem ser de geleia… São essas pessoas de aspecto doente, de cores pálidas. Todos eles esqueceram as origens, o que comiam, como eram, o que faziam. Será que todos nós teremos de ficar como eles, os que estão o dia todo enfiados em gabinetes doentios? Dizem que devemos fazer, e assim ficaremos à sua imagem… Será isso? Se assim for, estão muito errados. Pois há mais pessoas no mundo que não querem ser como vós e que pensam, têm vontade própria, têm direito de optar, de escolher, de decidir o que fazer, mesmo que isso seja benéfico para elas, ou até maléfico, mas pelo menos podem optar, acção que cada vez menos se pode fazer, pois as leis são feitas por vós e não por nós.

Ficamos sim, ficamos perplexos, nós, os que andamos cá ao sabor das leis feitas por vós e que são discutidas pelos Srs. Ministros e Srs. deputados que nós elegemos, que nos representam, vós que pensais em nós, que estais sempre muito preocupados connosco, com a nossa saúde. Nós, as pessoas; será que no fundo ainda se lembram que nós existimos? Qual foi a última vez que passaram por uma aldeia perdida nessa Europa? Qual foi a última vez que param para pensar que há pessoas onde nunca pensaram que podia haver e que vivem há gerações e gerações, juntos, em povoados tradicionais e que fazem tudo, ou pelo menos tentam fazer tudo como faziam há séculos atrás? Porque acham que o que se faz hoje em dia, ou porque o que há hoje em dia para comer não presta. Quando? Nunca, para muitos de vós, infelizmente. Como ia a dizer, ficamos perplexos quando proíbem e controlam duma forma ditatorial a utilização de sal no pão e deixam que sejam livremente feitos outros tipos de pão onde não é utilizado quase qualquer tipo de produto natural. Que direito têm vós de fazer esta distinção? Claro está que o pão é um alimento de primeira necessidade e todos os outros alimentos não são. Não? Estão ao dispor de todos os consumidores, esses mesmos consumidores que têm o direito de optar, de escolher, entre um pão com sal, sem sal, com açúcar, totalmente sintético, totalmente natural, entre outras tantas modalidades que podem e estão ao nosso alcance, sendo supostamente controladas por vós. Tal como podem comer em restaurantes de “fast food”, ou num restaurante típico. Tal como podem escolher entre comer um queijo totalmente sintético, ou um totalmente natural. Tal como podem optar por comprar tudo o que é tradicional e tudo o que é industrial. Mas cada vez mais essa opção não existe, pois tendencialmente tudo é feito de forma industrial e feito segundo as leis que vós aplicais e que são supostamente pensadas para o nosso bem-estar. Será? As mesmas leis que proíbem o sal no pão autorizam o sal nas batatas num pacote duma marca qualquer industrial? Ou até mesmo o sal que os funcionários colocam nas batatas no restaurante de “fast food”? Falo do sal, mas o açúcar é bem mais grave. Quem controla o açúcar que consumimos? Vós? De facto sim, pois as leis são feitas por vós, que pensam na nossa saúde. Pensem antes que NÓS, os vossos eleitores, temos o direito constitucional de podermos optar. Sabem o que aconteceu ao famoso Queijo da Serra? Desapareceu? Quase. O que sobra deixou de ser feito para fins comerciais, agora é feito para os amigos. Qual dos Srs. Ministros, ou Srs. Deputados Europeus é que já comeu Queijo da Serra? Qual dos Srs. Ministros ou Srs. Deputados Europeus já comeu pão alentejano? Se calhar até mesmo alguns dos nossos Srs. Ministros ou Srs. Deputados nunca o fizeram… Mas no entanto já todos, ou pelo menos uma grande parte já comeu “fast food”. São estas as pessoas que depois fazem as leis para NÓS? Digam-me muito sinceramente, mas mesmo muito sinceramente: o que é melhor? Uma boa refeição “fast food”? Ou uma refeição com ingredientes tradicionais e naturais, feito como era feita antigamente?

Outro dia estive com um Letão, que por acaso é trabalhador da União Europeia, o qual me confessou que mal sai do gabinete e come sempre muito pouco. Mal chegou ao Alentejo, comprovei que de facto ele come pouco, pelo menos da comida que ele consome todos os dias, lá onde ele trabalha, porque no Alentejo, constatei precisamente o contrário e acho que nunca tinha visto uma pessoa comer com tanta vontade e tão feliz. O que pode ser mais saudável?

Já falei algumas vezes no “fast food”, mas julgo que será mais grave o que se passa nos supermercados em geral, pois estão ao nosso dispor todo o tipo de produtos que foram previamente regulamentados e pensados para que a nossa saúde não seja posta em risco. Vejamos: batatas fritas em pacote, em que a única coisa natural seria a batata, mesmo essas nalguns casos nem sequer são batatas, e vêm carregadas de SAL. Pão embalado que dura meses e que é feito com tantos produtos químicos que não vou aqui enumerá-los, pois seria por demais longa a lista. Um bolo embalado, em que o único ingrediente natural é o açúcar, e mesmo esse pode levar um processo químico para saber melhor ao nosso paladar. Bebidas refrigerantes em que a única coisa que têm é água e açúcar. MESMO MUITO açúcar, para além disso, as “teínas”, que são tremendamente prejudiciais à saúde, em especial das crianças. Chocolates feitos com produtos que está provado que fazem mal à saúde. Iogurtes feitos com tudo menos leite. Entre outros milhares de produtos. E por fim, o pão. E é a única coisa que tem de levar menos sal, ou nenhum, é o PÃO??? PORQUÊ? O pão é feito com sal desde sempre, e mesmo esse sal tem de ser utilizado duma forma controlada, pois pode alterar a confecção do pão. PORQUÊ? Digam-me!
Vós que fazeis as leis, que sabem tanto do nosso bem-estar. PORQUÊ? RESPONDAM-ME!!!! PORQUÊ??? Eu tenho a resposta: Controlo puro!

E já agora…
Para quando as câmaras de CCTV nas nossas casas? Para quando microfones em todos os lados para ouvirem o que dizemos? Para quando o controlo efectivo da natalidade? Para quando o controlo do pensamento? Para quando o “chip” no nosso cérebro para saberem onde andamos? Para quando deixarem que nós possamos deter efectivamente, realmente e no seu sentido mais prático o direito de optar?

O George Orwell não era um visionário, era sim um viajante no tempo. “The big brother is watching you!”


Com os melhores cumprimentos;


João Rui Gomes.


PS: Podem agora ver quem eu sou e verificar. Seria mais fácil se já tivesse o “chip”, não é verdade? Têm de tratar disso. É melhor… Já agora, levantem-se um pouco, senão qualquer dia não conseguem andar… e depois nós também não, pois vós ides proibir que possamos andar!"

Obrigado.