sexta-feira, 30 de dezembro de 2005
Últimos cartuchos
1-
Se queres mesmo saber
Nada irá acontecer
Eu sei
Eu sinto
Eu nunca errei
Eu nunca minto
Mas se queres mesmo saber
Tudo irei fazer para não saber
A questões, são como as gotas de água
Quando caiem molham, mas depois secam.
Queres mesmo saber?
2-
Na tristeza
E na alegria
Há uma certeza
Tudo acontece por magia
Se queres mesmo saber
Nada irá acontecer
Eu sei
Eu sinto
Eu nunca errei
Eu nunca minto
Mas se queres mesmo saber
Tudo irei fazer para não saber
A questões, são como as gotas de água
Quando caiem molham, mas depois secam.
Queres mesmo saber?
2-
Na tristeza
E na alegria
Há uma certeza
Tudo acontece por magia
quarta-feira, 28 de dezembro de 2005
Boas festas...
Neste noite de lua cheia, não me pareces nada feia
Já o que trazes ao pescoço, não me parece bem um osso
Deve ser mais um penduricalho, ou será o meu caralho?
Anda sempre cheia, sempre com ela na veia
Trazia o papo vazio, mais ah puta que a pariu
Disse-lhe para trazer água e traz-me mágoa!
Conheci o teu amigo armeiro, esse grande paneleiro
Tinha um buraco na popa e não comia sopa
Fazia umas valentes mamadas, mas nunca as deixa acabadas.
Em meia dúzia de palavras, descrevo o Marco Chagas
Andava de bicicleta e tinha sempre a perna aberta
Não tinha um colhão, ou esse era o outro irmão?
És prima do Valente? A que tem sempre a sopa quente.
Ou és prima do Serafim? A que diz sempre que sim.
Já sei! És a cunhada de sicrano, enteada de beltrano.
Já o que trazes ao pescoço, não me parece bem um osso
Deve ser mais um penduricalho, ou será o meu caralho?
Anda sempre cheia, sempre com ela na veia
Trazia o papo vazio, mais ah puta que a pariu
Disse-lhe para trazer água e traz-me mágoa!
Conheci o teu amigo armeiro, esse grande paneleiro
Tinha um buraco na popa e não comia sopa
Fazia umas valentes mamadas, mas nunca as deixa acabadas.
Em meia dúzia de palavras, descrevo o Marco Chagas
Andava de bicicleta e tinha sempre a perna aberta
Não tinha um colhão, ou esse era o outro irmão?
És prima do Valente? A que tem sempre a sopa quente.
Ou és prima do Serafim? A que diz sempre que sim.
Já sei! És a cunhada de sicrano, enteada de beltrano.
domingo, 25 de dezembro de 2005
E porque hoje é dia de Natal...
...e estou com uma neura daquelas, aqui vai o meu momento de Narcisismo.
Boa noite...
Boa noite...
quarta-feira, 21 de dezembro de 2005
domingo, 18 de dezembro de 2005
Gu gu gá gá...
Au áre iu doing? Aime faine danques! Sou came one lets gou. If iu are de une iu are de moste biutiful persone in de uorld, ou iess!
Isto foi o que a minha amiga Marilia Ferreira disse ao beto que estava encostado ao poste da discoteca. Resultado: uma corrida para apanhar o táxi e o meu amigo Silva a pedir duas emperiais às 5 da manhã num sítio qualquer.
Irguevesto! Não é?
Isto foi o que a minha amiga Marilia Ferreira disse ao beto que estava encostado ao poste da discoteca. Resultado: uma corrida para apanhar o táxi e o meu amigo Silva a pedir duas emperiais às 5 da manhã num sítio qualquer.
Irguevesto! Não é?
sexta-feira, 16 de dezembro de 2005
Vamos apoiar o candidato Vieira, vamos todos para a Tabaqueira
Vamos força, queremos Cavaco na forca!
Vamos por as rosas murchas, vamos matar o Chuchas!
Vamos ver quem se segue, desde que não seja o Alegre!
Por isso digo de peito inchado, Vieira, Vieira, Vieira tens que cantar o Fado!
Vieira 2006
Actualizado!
Vamos por as rosas murchas, vamos matar o Chuchas!
Vamos ver quem se segue, desde que não seja o Alegre!
Por isso digo de peito inchado, Vieira, Vieira, Vieira tens que cantar o Fado!
Vieira 2006
Actualizado!
quinta-feira, 15 de dezembro de 2005
Ora vamos lá arrepiar mais um bocado. :)
A fábrica de camisolas
Jo prazer JR, na fábrica de camisolas
Os 3 da vida
Olha que dois!
Que pose, que estilo!
Quem é? :)
Esta praia é linda!!!
E por agora basta para borrar alguns... AHAHA!
Jo prazer JR, na fábrica de camisolas
Os 3 da vida
Olha que dois!
Que pose, que estilo!
Quem é? :)
Esta praia é linda!!!
E por agora basta para borrar alguns... AHAHA!
quarta-feira, 14 de dezembro de 2005
Bocage
Poema num só canto.
Argumento
Quando o preto Ribeiro entregue ao sono
Jazia, lhe aparece o deus Priapo;
E com uma das mãos por ser fanchono,
Lhe agarra na cabeça do marsapo;
Oferece-lhe depois um belo cono,
Cono sem cavalete, gordo e guapo;
Casa o preto, e a mulher, por fim de contas,
Lhe põe na testa retrocidas pontas.
Canto único
I
Acções famosas do fodaz Ribeiro,
Preto na cara, enorme no mangalho,
Eu pretendo cantar em tom grosseiro,
Se a musa me ajudar neste trabalho:
Pasme absorto escutando o mundo inteiro
A porca descrição do horrendo malho,
Que entre as pernas alberga o negro bruto
No lascivo apetite dissoluto.
II
Oh! Musa galicada e fedorenta!
Tu, que às fodas de Apolo estás sujeita,
Anima a minha voz, pois hoje a tudo intenta
Cantar esse mangaz, que a tudo arreita:
Desse vaso carnal que o membro aguenta,
Onde tanta langonha se aproveita,
Um chorrilho me dá, oh musa obscena,
Que eu com rijo tesão pega na pena.
III
Em Tróia de Setúbal, bairro inculto,
Mora o preto castiço, de quem falo;
Cujo nervo é de sorte, e tem tal vulto,
Que excede o longo espeto de um cavalo:
Sem querer nos calões está oculto,
Quando se entesa o túmido badalo
Ora arranca os botões com fúria rija,
Ora arromba as paredes quando mija.
IV
Adorno hirsuto ríspido pentelho
Os ardentes colhões do bom Ribeiro,
Que são duas maçãs de escaravelho,
Não digo na grandeza, mas no cheiro:
Ali piolhos ladros tão vermelho
Fazem com dente agudo o pau do leiteiro,
Que o cata muito vez; mas ao tocar-lhe
Logo o membro nas mãos entra a pular-lhe.
V
Os maiores marsapos do universo
À vista deste para traz ficaram:
E de novo Martinho em prosa e verso
Mil poetas a porra decantaram:
Quando ainda o cachorro era de berço
Umas moças por graça lhe pegaram
Na pica já taluda, e de repente
Pelas mãos lhe correu a grossa enchente.
VI
De Plifemo o nervo dilatado,
Que intentou escachar a Galateia,
Pelo mundo não deu tão grande brado
Como a porra do preto negra e feia:
Da Cotovia o bando galicado
Com respeito mil vezes o nomeia,
E ao soberbo estardalho do selvagem
As putas todas rendem vassalagem.
VII
O longo e denso véu da noite escura
Das estrelas bordado já se via;
E em rota cama a horrenda criatura
Os tenebrosos membros estendia:
Do caralho a grandíssima estatura
Com os lençóis encobrir-se não podia,
E a cabeça fodaz de fora pondo
Fazia sobre o chão medonho estrondo.
VIII
Os ladrões, que fiéis o acompanhavam,
A triste colhoada a cada instante
Com agudos ferrões lhe trepassavam,
Atormentados a besta fornicante:
Na duríssima pele se estranhavam,
Suposto que com a garra penetrante
O negro dos colhões a muitos saca,
E o castigo lhes dá na fera unhaca.
IX
Tendo o cono patente no sentido
Na barriga o tesão lhe dava murros;
E de activa luxúria enfurecido
Espalhava o cachorro aflitos urros:
Com a lembrança do vaso apetecido
O nariz encrespava com os burros;
Até que em vão berrando pelo cono,
De todo se entregou nas mãos de sono.
X
Já roncando os vizinhos acordava
O lascivo animal, que representa
Com o motim pavoroso que formava,
Trovão fero no ar, no mar tormenta:
Com alternados couces espancava
Da pobre cama a roupa fedorenta,
Que pulgas esfaimadas habitavam,
E de mil cagadelas matizavam.
XI
Eis de improviso em sonhos lhe aparece
Terrifica visão, que um braço estende,
E pela grossa carne que lhe cresce
Debaixo da barriga ao negro lhe prende:
Acorda, põe-lhe os olhos, e estremece
Como quem ao terror se curva e rende:
Com o medo que tinha, a porra ingente
Se meteu nas encolhas de repente.
(Continua...)
Argumento
Quando o preto Ribeiro entregue ao sono
Jazia, lhe aparece o deus Priapo;
E com uma das mãos por ser fanchono,
Lhe agarra na cabeça do marsapo;
Oferece-lhe depois um belo cono,
Cono sem cavalete, gordo e guapo;
Casa o preto, e a mulher, por fim de contas,
Lhe põe na testa retrocidas pontas.
Canto único
I
Acções famosas do fodaz Ribeiro,
Preto na cara, enorme no mangalho,
Eu pretendo cantar em tom grosseiro,
Se a musa me ajudar neste trabalho:
Pasme absorto escutando o mundo inteiro
A porca descrição do horrendo malho,
Que entre as pernas alberga o negro bruto
No lascivo apetite dissoluto.
II
Oh! Musa galicada e fedorenta!
Tu, que às fodas de Apolo estás sujeita,
Anima a minha voz, pois hoje a tudo intenta
Cantar esse mangaz, que a tudo arreita:
Desse vaso carnal que o membro aguenta,
Onde tanta langonha se aproveita,
Um chorrilho me dá, oh musa obscena,
Que eu com rijo tesão pega na pena.
III
Em Tróia de Setúbal, bairro inculto,
Mora o preto castiço, de quem falo;
Cujo nervo é de sorte, e tem tal vulto,
Que excede o longo espeto de um cavalo:
Sem querer nos calões está oculto,
Quando se entesa o túmido badalo
Ora arranca os botões com fúria rija,
Ora arromba as paredes quando mija.
IV
Adorno hirsuto ríspido pentelho
Os ardentes colhões do bom Ribeiro,
Que são duas maçãs de escaravelho,
Não digo na grandeza, mas no cheiro:
Ali piolhos ladros tão vermelho
Fazem com dente agudo o pau do leiteiro,
Que o cata muito vez; mas ao tocar-lhe
Logo o membro nas mãos entra a pular-lhe.
V
Os maiores marsapos do universo
À vista deste para traz ficaram:
E de novo Martinho em prosa e verso
Mil poetas a porra decantaram:
Quando ainda o cachorro era de berço
Umas moças por graça lhe pegaram
Na pica já taluda, e de repente
Pelas mãos lhe correu a grossa enchente.
VI
De Plifemo o nervo dilatado,
Que intentou escachar a Galateia,
Pelo mundo não deu tão grande brado
Como a porra do preto negra e feia:
Da Cotovia o bando galicado
Com respeito mil vezes o nomeia,
E ao soberbo estardalho do selvagem
As putas todas rendem vassalagem.
VII
O longo e denso véu da noite escura
Das estrelas bordado já se via;
E em rota cama a horrenda criatura
Os tenebrosos membros estendia:
Do caralho a grandíssima estatura
Com os lençóis encobrir-se não podia,
E a cabeça fodaz de fora pondo
Fazia sobre o chão medonho estrondo.
VIII
Os ladrões, que fiéis o acompanhavam,
A triste colhoada a cada instante
Com agudos ferrões lhe trepassavam,
Atormentados a besta fornicante:
Na duríssima pele se estranhavam,
Suposto que com a garra penetrante
O negro dos colhões a muitos saca,
E o castigo lhes dá na fera unhaca.
IX
Tendo o cono patente no sentido
Na barriga o tesão lhe dava murros;
E de activa luxúria enfurecido
Espalhava o cachorro aflitos urros:
Com a lembrança do vaso apetecido
O nariz encrespava com os burros;
Até que em vão berrando pelo cono,
De todo se entregou nas mãos de sono.
X
Já roncando os vizinhos acordava
O lascivo animal, que representa
Com o motim pavoroso que formava,
Trovão fero no ar, no mar tormenta:
Com alternados couces espancava
Da pobre cama a roupa fedorenta,
Que pulgas esfaimadas habitavam,
E de mil cagadelas matizavam.
XI
Eis de improviso em sonhos lhe aparece
Terrifica visão, que um braço estende,
E pela grossa carne que lhe cresce
Debaixo da barriga ao negro lhe prende:
Acorda, põe-lhe os olhos, e estremece
Como quem ao terror se curva e rende:
Com o medo que tinha, a porra ingente
Se meteu nas encolhas de repente.
(Continua...)
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
Alta velocidade
Em alta velocidade vou continuar. O tempo passa a alta velocidade, já estamos em Dezembro e não dei por nada, para quê estar preocupados com o que se passou, em alta velocidade vou continuar, até acabar. Travões? Que travões, queremos é acelerar, andar em alta velocidade, sem parar, sem nos preocuparmos com a “bófia”, em frente e em alta velocidade, assim o tempo passa mais rápido. Quando for para parar e andar devagar, logo se pensa nisso tudo.
Há quem me tenha dito para parar, mas esses não sabem andar depressa.
terça-feira, 6 de dezembro de 2005
Espero...
Como se pode observar pela fotografia, os portugueses abandonaram as banheiras. Das duas uma, ou compraram polibans, ou estão a seguir as modas de França.
Espero que a moda seja só a falta de banhos...
segunda-feira, 5 de dezembro de 2005
terça-feira, 29 de novembro de 2005
Identifiquem
Por intermédio do Alcabrozes , que por sua vez vinha já do Asul , que também já vinha da Traquina (mas que grande promiscuidade que vai aqui...) resolvi fazer este pequeno exercício.
Imaginem que eu pratiquei um crime muito grave, tipo matei o Chuchas, mas um de vós viu-me e agora estão 6 indivíduos na sala para identificação, qual deles sou eu?
Lembre-se, quem acertar terá que ir jantar comigo na 3ª Feira, ok?
Boa sorte!
Imaginem que eu pratiquei um crime muito grave, tipo matei o Chuchas, mas um de vós viu-me e agora estão 6 indivíduos na sala para identificação, qual deles sou eu?
Lembre-se, quem acertar terá que ir jantar comigo na 3ª Feira, ok?
Boa sorte!
Há dias assim.
Como um prato de sopa
Como uma boa refeição
Encho-me de ti
Como um bom charuto
Como uma boa sobremesas
Provo-te
Como uma bela paisagem
Como um monumento
Deslumbro-me de ti
Como uma flor
Como um perfume raro
Entranho-te
Como um carro veloz
Como um trovão
Enervo-me
Como uma loucura
Como uma doçura
Amo-te!
Como uma boa refeição
Encho-me de ti
Como um bom charuto
Como uma boa sobremesas
Provo-te
Como uma bela paisagem
Como um monumento
Deslumbro-me de ti
Como uma flor
Como um perfume raro
Entranho-te
Como um carro veloz
Como um trovão
Enervo-me
Como uma loucura
Como uma doçura
Amo-te!
segunda-feira, 28 de novembro de 2005
O meu testemunho dos fogos deste ano
A coluna de fumo era monstruosa!
Esta foto foi tirada de Verão, em Agosto, às 18:00horas, mais ou menos. É incrível o fumo... e sim isto é o Sol.
Sem comentários...
Esta foto foi tirada de Verão, em Agosto, às 18:00horas, mais ou menos. É incrível o fumo... e sim isto é o Sol.
Sem comentários...
sexta-feira, 25 de novembro de 2005
Há mar e mar, há ir e cagar.
Vaga alta que lá vem
É farta e alta
Como o meu avô também
Não se sabe de onde vem
Mas vai animar a malta
Trás mares enraivecidas
Agarradas às suas entranhas
Não vêm adormecidas
Muito menos amortecidas
Mas vêm
Vêm em grande turbilhão
Numa grande pressa
Vêm-se assim como o meu caralhão!
É farta e alta
Como o meu avô também
Não se sabe de onde vem
Mas vai animar a malta
Trás mares enraivecidas
Agarradas às suas entranhas
Não vêm adormecidas
Muito menos amortecidas
Mas vêm
Vêm em grande turbilhão
Numa grande pressa
Vêm-se assim como o meu caralhão!
terça-feira, 22 de novembro de 2005
Algumas fotos.
Onde estou?
Luzes! Acção!
O que será?
Velhos são os trapos
O cabrão do pombo, hãn?
Que verde lindo!
Este é o castanho que tanto se fala.
Olá!
Luzes! Acção!
O que será?
Velhos são os trapos
O cabrão do pombo, hãn?
Que verde lindo!
Este é o castanho que tanto se fala.
Olá!
Meu grande palhaço!
Mendes?! Vou-te partir a boca toda!!! A puta da tua mãe, pá! Pensas que por seres amigo do Vítor que te safas? Nada disso meu! Nada disso... quando menos esperares terás o que mereces e não vai ficar nada para contar, NADA! E se a tua nina não se calar enfio-a pelo poste abaixo! Não pense que por ser nina bonita que não lha rebento aquela boquinha linda. Já me estou a babar, só de pensar!
Chavalo? Pensavas que por seres meu amigo do peito que podias fazer o que fizeste? Hãn? Nada disso! Nada disso... a tua vai ser a mais dolorosa de todas e tu já viste umas quantas, não já? A “ferramenta” está a ser limpa, para não ganhares nenhuma “infecção”, you fuck!
Há coisas que não se fazem mano! Há coisas que nem se quer se pensam. Mas tu pisaste o risco! Mas não te safas mano, não de safas! Nada disso! Nada disso... vou-te foder todo, da cabeça ao pés! Vais ficar um monte de carne a apodrecer!
(Mensagem encriptada capturada, enviada pelas milícias suburbanas do Botsuana na tomada da casa de Nobudo Etaniel)
Chavalo? Pensavas que por seres meu amigo do peito que podias fazer o que fizeste? Hãn? Nada disso! Nada disso... a tua vai ser a mais dolorosa de todas e tu já viste umas quantas, não já? A “ferramenta” está a ser limpa, para não ganhares nenhuma “infecção”, you fuck!
Há coisas que não se fazem mano! Há coisas que nem se quer se pensam. Mas tu pisaste o risco! Mas não te safas mano, não de safas! Nada disso! Nada disso... vou-te foder todo, da cabeça ao pés! Vais ficar um monte de carne a apodrecer!
(Mensagem encriptada capturada, enviada pelas milícias suburbanas do Botsuana na tomada da casa de Nobudo Etaniel)
quinta-feira, 17 de novembro de 2005
Desgarrada
Foi no mês de Maio, que te cacei papagaio
Desde esse dia, que não dormia
Agora que te comi, é que vi
Eras mais bonito, frito.
Mesmo assim tenho a esperança, de ter uma lança
Para caçar o meu amor, cheio de ardor
Tem que ser bonita, com um a fita
Mesmo meio da testa, para fazer uma festa.
Entro no bar, sempre a arfar
Tento sair, tentam-me impedir
Parto tudo à paulada, não sobra nada
Mas quando te vejo, arroto a poejo.
A Maria é prima da tia
O António é filho anónimo
A Catarina tem medo da sina
Já o meu filho, comi-o.
Mentes com todos os dentes, nem sentes
Crias expectativas, nas tuas grandes vias
Tens todo o ar, de saber bem mamar
Pena é, que cheires a chulé.
Desde esse dia, que não dormia
Agora que te comi, é que vi
Eras mais bonito, frito.
Mesmo assim tenho a esperança, de ter uma lança
Para caçar o meu amor, cheio de ardor
Tem que ser bonita, com um a fita
Mesmo meio da testa, para fazer uma festa.
Entro no bar, sempre a arfar
Tento sair, tentam-me impedir
Parto tudo à paulada, não sobra nada
Mas quando te vejo, arroto a poejo.
A Maria é prima da tia
O António é filho anónimo
A Catarina tem medo da sina
Já o meu filho, comi-o.
Mentes com todos os dentes, nem sentes
Crias expectativas, nas tuas grandes vias
Tens todo o ar, de saber bem mamar
Pena é, que cheires a chulé.
quarta-feira, 16 de novembro de 2005
terça-feira, 15 de novembro de 2005
“Li” isto outro dia (depois de escrever)
A loucura do teu olhar, e que olhar
Transforma o meu grande tição, sem ser necessário a mão
Tanto de manhã como quando como uma romã.
Vens de rompante, é chocante
Queres me comer, eu quero-te fazer sofrer, de prazer
Eu cheio de sede, de encontra esta parede.
Não tenho rumo, só bebo o sumo
Sumo do amor, cheio de calor
Entra e saí, mas não cai!
Ataco-te por trás, pás, pás!
Nem respiras, nem em Algeciras
Encho-te, e reencho-te!
Carrego no peito, um coração desfeito
Tenho na mão, o meu caralhão
Tu? Tem-lo no cu!
No final do grande bacanal
Faço uma pausa, ponho tudo em causa
Quem sou eu, quem és tu?
Eu sou o Romeu e tu és quem leva no cu!
Transforma o meu grande tição, sem ser necessário a mão
Tanto de manhã como quando como uma romã.
Vens de rompante, é chocante
Queres me comer, eu quero-te fazer sofrer, de prazer
Eu cheio de sede, de encontra esta parede.
Não tenho rumo, só bebo o sumo
Sumo do amor, cheio de calor
Entra e saí, mas não cai!
Ataco-te por trás, pás, pás!
Nem respiras, nem em Algeciras
Encho-te, e reencho-te!
Carrego no peito, um coração desfeito
Tenho na mão, o meu caralhão
Tu? Tem-lo no cu!
No final do grande bacanal
Faço uma pausa, ponho tudo em causa
Quem sou eu, quem és tu?
Eu sou o Romeu e tu és quem leva no cu!
Portugal no seu carro.
É expressamente proibido cagar neste local.
(Ao entrar no tribunal de Alter no Chão)
É favor apagar seja o que for.
(À saída do comboio em Setúbal)
Modo de usar a mangueira.
(Num consultório de obstetrícia)
Vende-se este local, com ou sem vidros.
(Num parque infantil em Loures)
É proibido o passo, mesmo o doble.
(Num museu em ruínas em Severo do Vouga)
Sentido correcto.
(Sinal de trânsito na marginal de Cascais)
É mentira! O pai não vem.
(Na cabina telefónica do metro de Picoas)
Amo-te! Mas a batatas estavam frias.
(No muro da VCI)
Se Deus existe o problema é dele.
(Numa parede do Bairro Alto)
Por favor deixe aqui o seu guarda.
(À entrada de uma discoteca em Santiago do Cacém)
Siga esta seta. Não essa! Esta...
(No estacionamento do Shoping da Maia)
Invente.
(Num painel luminoso na A1)
Só há carcaças.
(Num cabeleireiro em Chainça)
Não é permitido despir as pessoas.
(Na secção de comidas do Fórum Montijo)
E muitas outras que não tenho aqui presente, mas um dia hei-de ter, ou não...
(Ao entrar no tribunal de Alter no Chão)
É favor apagar seja o que for.
(À saída do comboio em Setúbal)
Modo de usar a mangueira.
(Num consultório de obstetrícia)
Vende-se este local, com ou sem vidros.
(Num parque infantil em Loures)
É proibido o passo, mesmo o doble.
(Num museu em ruínas em Severo do Vouga)
Sentido correcto.
(Sinal de trânsito na marginal de Cascais)
É mentira! O pai não vem.
(Na cabina telefónica do metro de Picoas)
Amo-te! Mas a batatas estavam frias.
(No muro da VCI)
Se Deus existe o problema é dele.
(Numa parede do Bairro Alto)
Por favor deixe aqui o seu guarda.
(À entrada de uma discoteca em Santiago do Cacém)
Siga esta seta. Não essa! Esta...
(No estacionamento do Shoping da Maia)
Invente.
(Num painel luminoso na A1)
Só há carcaças.
(Num cabeleireiro em Chainça)
Não é permitido despir as pessoas.
(Na secção de comidas do Fórum Montijo)
E muitas outras que não tenho aqui presente, mas um dia hei-de ter, ou não...
sexta-feira, 11 de novembro de 2005
Entre a espada e a espada.
A noite, má conselheira, cheia,
da clara escuridão, que tem o coração e,
medo
de ser em vão,
noite em que os actos se sobrepõe às palavras,
chatas,
que matas a paixão, no chão.
Mesmo com o morto latim, por mais sequiosa língua de um beijo, na boca louca,
será sempre venenosa, graciosa, mesmo embaraçosa.
Sabe bem,
é a cem
é mil,
é como um funil, ou com um barril,
um copo de água, sem mágoa,
roto, por se beber tão depressa,
essa, a água limpa,
tão limpa,
mais limpa que a nossa alma, conspurcada, pela fada,
sem almofada, com almofada,
será a errada?
Certa é aquela que aperta o coração,
de um desejo de gritar,
de falar, de amar,
ser amado, odiado, escorraçado,
apaixonado
pelo facto de ser complicado,
ou por um simples abraço...
Ó gloria a nossa que nos partiste,
e fugiste, para outras paragens,
sem margens, sem mares, mas com azares,
ou sem dor,
mas
com muito amor!
Qual dor??
da clara escuridão, que tem o coração e,
medo
de ser em vão,
noite em que os actos se sobrepõe às palavras,
chatas,
que matas a paixão, no chão.
Mesmo com o morto latim, por mais sequiosa língua de um beijo, na boca louca,
será sempre venenosa, graciosa, mesmo embaraçosa.
Sabe bem,
é a cem
é mil,
é como um funil, ou com um barril,
um copo de água, sem mágoa,
roto, por se beber tão depressa,
essa, a água limpa,
tão limpa,
mais limpa que a nossa alma, conspurcada, pela fada,
sem almofada, com almofada,
será a errada?
Certa é aquela que aperta o coração,
de um desejo de gritar,
de falar, de amar,
ser amado, odiado, escorraçado,
apaixonado
pelo facto de ser complicado,
ou por um simples abraço...
Ó gloria a nossa que nos partiste,
e fugiste, para outras paragens,
sem margens, sem mares, mas com azares,
ou sem dor,
mas
com muito amor!
Qual dor??
quinta-feira, 10 de novembro de 2005
Algumas destas têm alguns anos...
Mal a vez um pitada e já se sabe o que pode acontecer, fica-se o dia inteiro a beber água benta.
A íris fica no olho
O beijo fica na boca
O aperto fica no coração
A aflição fica no peito
Por mais que pense não serei
Por mais que fale não serei
O Papa.
Maravilha das maravilhas é o cão, faz-nos feliz sem que nos diga nada.
Estupidez da estupidez é uma pedra, não diz, nem reaja a nada, nem a um mau trato.
O que eu mais adoro,
O que eu mais amo,
Nunca tenho.
Paz e sossego...
Diz o dinheiro para a carteira.
D’uma só vez vi um cão com um gato, uma galinha com um lobo, um leão com uma hiena e um chulo com um polícia. Parei e pensei, se assim é podemos compensar.
Um magro vitelo, é melhor que um vitelo magro. Não me perguntem porquê...
Quando era pequeno tinha a impressão que ninguém gostava de merda, agora tenho a certeza que toda a gente gosta de pizza.
O molho Inglês não fala?
O queijo Suíço não refila?
O molho à espanhola não ladra?
É obvio de não!
Se não tinha que explicar tudo outra vez.
O som não existe. Já dizia o maior dos mudos.
A noite é antes ou depois do dia?
A queda é um aproximar gradual do chão, ou um afastar progressivo do ponto de partida?
Tudo isto são interrogações plausíveis de as não ser. Bem como a alma é a parte mais a norte do corpo, ou não?
Será que a alma sabe disso? E se sabe, quer que se saiba? Ou será tudo uma invenção parva do Homem para ter alguma coisa com que se preocupar/fazer/ser/etc?
Vou cagar!
A íris fica no olho
O beijo fica na boca
O aperto fica no coração
A aflição fica no peito
Por mais que pense não serei
Por mais que fale não serei
O Papa.
Maravilha das maravilhas é o cão, faz-nos feliz sem que nos diga nada.
Estupidez da estupidez é uma pedra, não diz, nem reaja a nada, nem a um mau trato.
O que eu mais adoro,
O que eu mais amo,
Nunca tenho.
Paz e sossego...
Diz o dinheiro para a carteira.
D’uma só vez vi um cão com um gato, uma galinha com um lobo, um leão com uma hiena e um chulo com um polícia. Parei e pensei, se assim é podemos compensar.
Um magro vitelo, é melhor que um vitelo magro. Não me perguntem porquê...
Quando era pequeno tinha a impressão que ninguém gostava de merda, agora tenho a certeza que toda a gente gosta de pizza.
O molho Inglês não fala?
O queijo Suíço não refila?
O molho à espanhola não ladra?
É obvio de não!
Se não tinha que explicar tudo outra vez.
O som não existe. Já dizia o maior dos mudos.
A noite é antes ou depois do dia?
A queda é um aproximar gradual do chão, ou um afastar progressivo do ponto de partida?
Tudo isto são interrogações plausíveis de as não ser. Bem como a alma é a parte mais a norte do corpo, ou não?
Será que a alma sabe disso? E se sabe, quer que se saiba? Ou será tudo uma invenção parva do Homem para ter alguma coisa com que se preocupar/fazer/ser/etc?
Vou cagar!
segunda-feira, 7 de novembro de 2005
enVratrocrotreprido
Vidro transparente,
vidente,
que trás água no bico, do Francisco, que é roto,
moco, anda sempre de mão dada com a fada, amada.
Grita que se
farta,
a Marta.
Prata? Negra, preta, chupeta,
envenenado sentido entreaberto de par em par,
com uma densidade tremenda,
de uma fenda,
que vinha na agenda da casa assombrada,
armada em cão com pulgas, julgas?
Sapato coberto
de água das malvas, ou com algas,
vem com as fraldas de fora, chora de alegria,
traz a sopa fria, aquece com a mão ou no colchão,
entra e sai como quem sabe para onde vai, cala-te! Beija!
Graceja, seja!
Vira para lá a boca, oca, cheia de palavras brandas que enche de chamas
a floresta que há no teu lar,
mar de convulsões, sem soluções, à vista,
parece ser uma pista, mas é uma auto-estrada sem fim,
sim, ou não, eis que será amar, para o ar, limpo de tristeza,
de mentira, que ouvira, na escada,
ou na enseada, amada? Outra vez? É de vez? Tanta vez...
Sente o pente, rente ao coração,
dentro e fora, a toda a hora, namora,
e cora,
mas sem nunca
sentir
que pode ser o mesmo ver. Pode acontecer, deixa ver, pode ser... não? É? Sim. Pois pode, morde!
vidente,
que trás água no bico, do Francisco, que é roto,
moco, anda sempre de mão dada com a fada, amada.
Grita que se
farta,
a Marta.
Prata? Negra, preta, chupeta,
envenenado sentido entreaberto de par em par,
com uma densidade tremenda,
de uma fenda,
que vinha na agenda da casa assombrada,
armada em cão com pulgas, julgas?
Sapato coberto
de água das malvas, ou com algas,
vem com as fraldas de fora, chora de alegria,
traz a sopa fria, aquece com a mão ou no colchão,
entra e sai como quem sabe para onde vai, cala-te! Beija!
Graceja, seja!
Vira para lá a boca, oca, cheia de palavras brandas que enche de chamas
a floresta que há no teu lar,
mar de convulsões, sem soluções, à vista,
parece ser uma pista, mas é uma auto-estrada sem fim,
sim, ou não, eis que será amar, para o ar, limpo de tristeza,
de mentira, que ouvira, na escada,
ou na enseada, amada? Outra vez? É de vez? Tanta vez...
Sente o pente, rente ao coração,
dentro e fora, a toda a hora, namora,
e cora,
mas sem nunca
sentir
que pode ser o mesmo ver. Pode acontecer, deixa ver, pode ser... não? É? Sim. Pois pode, morde!
domingo, 6 de novembro de 2005
Gato que rima com facto.
Na nave do meu amigo está um cheiro muito mau, diz-me ele que o gato não aparece há duas semanas. Parece-me que seria de bom tom procurar a origem do cheiro, mas por outro lado há qualquer coisa que me impele a deixá-lo estar. Digo-lhe que já volto, ele pergunta-me se estou bem, mas para que ele não desconfiasse digo-lhe que estou com cólicas, ele nem quis saber mais nada.
Saio da torre e volto à esquerda para a casa de banho, deixo a porta fechar e volto para o sentido oposto. O cheiro ali era mais intenso. Procurei algo que iluminasse o caminho, encontrei uma velha lanterna americana, ainda tinha baterias, daquelas que causam cancro na retina. Liguei-a e afastei-a o máximo da cara. O meu amigo para poupar no combustível tinha sempre menos de metade das luzes ligadas. Devia cerca de 4 biliões de trintos a um comerciante de fruta gigante e não tinha lá muito dinheiro para o combustível. Já tinha mudado para o meta-carbono-inflamo-gasóleo que era bem mais barato que o soro-de-bafo-de-ganso, muito energético por sinal. Assim sendo caminhei por entre a semi bruma e procurei rasto do animal. O som muito ténue vinha da casa do gerador de impulsos maus, parecia o mesmo som de um arroto prolongado, em fluxos repetidos de duas horas. Dirigi-me para lá. A sala onde está o GIM é toda forrada a papel de parede com alusões ao Natal da rica Checoslováquia, mas mal colado. Algumas das tiras de papel estão coladas ao contrário, de cabeça para baixo, o que faz com que tenhamos a sensação de já lá termos estado. O som era cada vez mais forte, vinha agora detrás de um painel de intrumentos fictício. Coloquei o ouvido no painel e esperei. Passados quinze minutos, o som ecoou na minha alma. Aí precebi o que se passava. O meu bizavô tinha voltado dos mortos na forma do gato. O assustador pensamento percorreu a minha nuca. Se o cheiro está assim intenso, o que fará quando o bisavô começar a espirrar! Corri o máximo que pude, caí cerca de sessenta e sete vezes, por fim cheguei perto do meu amigo e expliquei-lhe a minha versão dos factos, ao que ele com uma leve indiferença, retorquiu: Sim, eu sei. Pensei que nada podia fazer para o salvar e saí.
Durante cerca de 27 anos que não o vi. Outro dia passava eu de muletas, último modelo e vejo-o. Imponente, exuberante, todo inchado com o cabrão do gato à tira-colo. Chamei-o, reconheceu-me logo apesar das muletas, que fez peremptória questão das invejar como era seu apanágio. Dialogámos um pouco, não foi necessário muito, tinha que lhe perguntar. E perguntei: Mas o gato não espirrou? Ele olhou-me nos olhos, fez uma má cara e respondeu: Que espirro?
No dia seguinte, o número de mortos foi incalculável, não havia memória de tal acontecimento, de tal desgraça em toda a galáxia, tal cheiro não era deste mundo, como um leve e quase insignificante espirro poderia ser tão avassalador!
Só passados 3201 anos é que foi descoberta real razão para o acontecimento. Os Lords da Lingusténia tinham capturado a fórmula química do espirro do meu bisavô e adicionaram-lhe raspas de pele de zebra. Deram de comer ao gato do meu amigo. O preparo tinha uma idade de germinação de 27 e qualquer coisa anos. O efeito do preparo nas fossas nasais dos indivíduos de estatura mediana quadrática é quase mortal, se contarmos com o enquadramento da palavra, enfastiado, é morte súbita!
Após esta descoberta os Lords da Lingusténia foram todos condenados a governar durante alguns dias (os que lhes deixassem), um país pequeno lá para os lados do Atlântico.
Bom qualquer coisa para todos vós!
Saio da torre e volto à esquerda para a casa de banho, deixo a porta fechar e volto para o sentido oposto. O cheiro ali era mais intenso. Procurei algo que iluminasse o caminho, encontrei uma velha lanterna americana, ainda tinha baterias, daquelas que causam cancro na retina. Liguei-a e afastei-a o máximo da cara. O meu amigo para poupar no combustível tinha sempre menos de metade das luzes ligadas. Devia cerca de 4 biliões de trintos a um comerciante de fruta gigante e não tinha lá muito dinheiro para o combustível. Já tinha mudado para o meta-carbono-inflamo-gasóleo que era bem mais barato que o soro-de-bafo-de-ganso, muito energético por sinal. Assim sendo caminhei por entre a semi bruma e procurei rasto do animal. O som muito ténue vinha da casa do gerador de impulsos maus, parecia o mesmo som de um arroto prolongado, em fluxos repetidos de duas horas. Dirigi-me para lá. A sala onde está o GIM é toda forrada a papel de parede com alusões ao Natal da rica Checoslováquia, mas mal colado. Algumas das tiras de papel estão coladas ao contrário, de cabeça para baixo, o que faz com que tenhamos a sensação de já lá termos estado. O som era cada vez mais forte, vinha agora detrás de um painel de intrumentos fictício. Coloquei o ouvido no painel e esperei. Passados quinze minutos, o som ecoou na minha alma. Aí precebi o que se passava. O meu bizavô tinha voltado dos mortos na forma do gato. O assustador pensamento percorreu a minha nuca. Se o cheiro está assim intenso, o que fará quando o bisavô começar a espirrar! Corri o máximo que pude, caí cerca de sessenta e sete vezes, por fim cheguei perto do meu amigo e expliquei-lhe a minha versão dos factos, ao que ele com uma leve indiferença, retorquiu: Sim, eu sei. Pensei que nada podia fazer para o salvar e saí.
Durante cerca de 27 anos que não o vi. Outro dia passava eu de muletas, último modelo e vejo-o. Imponente, exuberante, todo inchado com o cabrão do gato à tira-colo. Chamei-o, reconheceu-me logo apesar das muletas, que fez peremptória questão das invejar como era seu apanágio. Dialogámos um pouco, não foi necessário muito, tinha que lhe perguntar. E perguntei: Mas o gato não espirrou? Ele olhou-me nos olhos, fez uma má cara e respondeu: Que espirro?
No dia seguinte, o número de mortos foi incalculável, não havia memória de tal acontecimento, de tal desgraça em toda a galáxia, tal cheiro não era deste mundo, como um leve e quase insignificante espirro poderia ser tão avassalador!
Só passados 3201 anos é que foi descoberta real razão para o acontecimento. Os Lords da Lingusténia tinham capturado a fórmula química do espirro do meu bisavô e adicionaram-lhe raspas de pele de zebra. Deram de comer ao gato do meu amigo. O preparo tinha uma idade de germinação de 27 e qualquer coisa anos. O efeito do preparo nas fossas nasais dos indivíduos de estatura mediana quadrática é quase mortal, se contarmos com o enquadramento da palavra, enfastiado, é morte súbita!
Após esta descoberta os Lords da Lingusténia foram todos condenados a governar durante alguns dias (os que lhes deixassem), um país pequeno lá para os lados do Atlântico.
Bom qualquer coisa para todos vós!
sexta-feira, 4 de novembro de 2005
Até arrepia! Sem comentários...
Missy! Where are you?
Com as amigas...
Os três da vida airada
Os amigos
Vai lá vai...
Olha o Zé!
Com as amigas...
Os três da vida airada
Os amigos
Vai lá vai...
Olha o Zé!
quinta-feira, 3 de novembro de 2005
Já tenho a carta
Fui busca-la ontem! Yes!!!
A todos os que me ajudaram, o meu mais profundo muito obrigado!
Aos outros, obrigado.
A todos os que me ajudaram, o meu mais profundo muito obrigado!
Aos outros, obrigado.
sexta-feira, 28 de outubro de 2005
Haunted Home
You want to drink my soul
'Till your heart is full
What happens when it's full and it splashes?
You've built all these rooftops
And painted them all in blue
If all this set just burns up will you paint the ashes?
Do you really want to see?
Because I'll let you in
With me
You shiver when the wind blows
Through doors that lost their keys
There's too little to rescue, too little to hang on to
I thought that maybe we could try to
Clear and rebuild this haunted home
I'll be glad to help you just tell me what to do
Why don't you tell me what to do?
Maybe you're scared too
I've been here before
Next thing you'll see
You'll feel
So small
I will disappoint you
And I don't care if I do
I belong to those who got shattered, battered
Bruises and scars that I've hidden and you could never heal
This grey house where I come from
Some great love will tear it down
If you no longer love me why should it matter?
Tell me why should it matter?
I can't ask you to stay
I can't find the words to say
Why don't you just leave?
Just leave
in: Sing me something new
By: David Fonseca
Vê lá tu que só ontem percebi a letra...
Houted home, amor!
'Till your heart is full
What happens when it's full and it splashes?
You've built all these rooftops
And painted them all in blue
If all this set just burns up will you paint the ashes?
Do you really want to see?
Because I'll let you in
With me
You shiver when the wind blows
Through doors that lost their keys
There's too little to rescue, too little to hang on to
I thought that maybe we could try to
Clear and rebuild this haunted home
I'll be glad to help you just tell me what to do
Why don't you tell me what to do?
Maybe you're scared too
I've been here before
Next thing you'll see
You'll feel
So small
I will disappoint you
And I don't care if I do
I belong to those who got shattered, battered
Bruises and scars that I've hidden and you could never heal
This grey house where I come from
Some great love will tear it down
If you no longer love me why should it matter?
Tell me why should it matter?
I can't ask you to stay
I can't find the words to say
Why don't you just leave?
Just leave
in: Sing me something new
By: David Fonseca
Vê lá tu que só ontem percebi a letra...
Houted home, amor!
quarta-feira, 26 de outubro de 2005
São Mamede do Rio
Na parede do meu quarto está uma inscrição
Foi escrita à mão
Diz em letras muito pequenas
Não te metas de coração
Isso já não o faço
Mas ando sempre descalço
O que vale é edredão de penas
Já na casa de jantar
Eu posso-me assuar
Com os dedos todos cagados
Os sacudo ao ar
Que grande porcaria
Vou tirar uma fotografia
Para dar aos atrofiados
Entre dias e dias
Como sempre carnes frias
De tanto comer
Vou ficar todo atrofias
Vou antes mandar vir uma pizza
Igual à que comi na prisa
Para não sofrer
Dentro do lixo cheira mal
É do meu animal
Tenho que o matar
Ou vou para o bacanal?
Antes fosse embora
Dentro de uma hora
Que ter que vomitar
Foi escrita à mão
Diz em letras muito pequenas
Não te metas de coração
Isso já não o faço
Mas ando sempre descalço
O que vale é edredão de penas
Já na casa de jantar
Eu posso-me assuar
Com os dedos todos cagados
Os sacudo ao ar
Que grande porcaria
Vou tirar uma fotografia
Para dar aos atrofiados
Entre dias e dias
Como sempre carnes frias
De tanto comer
Vou ficar todo atrofias
Vou antes mandar vir uma pizza
Igual à que comi na prisa
Para não sofrer
Dentro do lixo cheira mal
É do meu animal
Tenho que o matar
Ou vou para o bacanal?
Antes fosse embora
Dentro de uma hora
Que ter que vomitar
terça-feira, 25 de outubro de 2005
Sopa de merda
Gripou, gritou, fugiu pelo rio, chegou à masmorra de quatro braços, todas vendidas a peso na feira da ladra. O Vento de Norte, gelado cheio de polvos amarelos, belos, tanto de noite como de dia, todos os dias, com o seu amigo comia carnes frias, com a minhas tias e as minhas primas. Entra lá para dentro e vem conhecer o meu grito de morte. – Dizia eu com um dente na mão. Nada o supera! É tão profundo que só um cão de 20 quilos o consegue sentir. Já no outro dia disse que não ia ver o castelo assombrado do Pavão Grande, mas depois de 34 anos, lá me conseguiram convencer. É mesmo bonito!
Entre raios e coriscos, a chilreada de pássaros exóticos confundia-se com a do Manuel Ventura, que em nada fazia pensar que fosse embora depois do almoço. Tanto tão e bom pão, nem levou dois dias a ficar com bolor. Dizia eu – Manel, Manel, se não vais cagar, vais mijar! – e foi-se.
A música dizia: A tua face brilha ao luar / O teu cabelo sedoso / Eu cheio de vontade da cagar / Sou mesmo seboso. Era com esta letra que todos os dias durante dois anos e meio e mais quatro dias, que Francisco Valha Prata, iniciava o seu espectáculo. Logo a seguir do primeiro refrão já não se via o chão do palco. A cheiro a tomate podre superava qualquer tipo de expectativa, mesmo que se tratasse de uma vaca cheia de pregos na barriga. Fran, como era conhecido no meio, nada podia fazer, pois o excesso de cultivo teria de ser aplicado em qualquer lugar. Mas nada importava, leu numa revista da especialidade que o tomate fazia bem à tez, assim, Cisco, como era conhecido nas pontas, com vanglória e cheio de altivez, dizia de papo cheio: Vocês são o meu público favorito...
A mestria de mentir fica-lhe bem, mas não é por ser alto, mas sim por estar sempre a ouvir música presa a um varapau. Mexeu duas vezes com a colher, infecta, o café gostoso, sorveu duas vezes e arrotou. Com a unha do dedo mindinho esquerdo, retirou com todos os cuidados uma porção de cera do ouvido direito, tarefa complicada, pois não tinha mão direita e colocou na beira do prato. Depois, de um só gesto, fez um cigarro e inseriu a dita porção na ponta do cigarro. A luz era linda, a cera a arder iluminava toda a casa de jantar, a cor era magnifica, intensa, brilhante, forte. Em dois segundos todo o cabelo de capachinho do pobre coitado queimou até não haver mais.
Comia agora um marquise de chocolate...
Entre raios e coriscos, a chilreada de pássaros exóticos confundia-se com a do Manuel Ventura, que em nada fazia pensar que fosse embora depois do almoço. Tanto tão e bom pão, nem levou dois dias a ficar com bolor. Dizia eu – Manel, Manel, se não vais cagar, vais mijar! – e foi-se.
A música dizia: A tua face brilha ao luar / O teu cabelo sedoso / Eu cheio de vontade da cagar / Sou mesmo seboso. Era com esta letra que todos os dias durante dois anos e meio e mais quatro dias, que Francisco Valha Prata, iniciava o seu espectáculo. Logo a seguir do primeiro refrão já não se via o chão do palco. A cheiro a tomate podre superava qualquer tipo de expectativa, mesmo que se tratasse de uma vaca cheia de pregos na barriga. Fran, como era conhecido no meio, nada podia fazer, pois o excesso de cultivo teria de ser aplicado em qualquer lugar. Mas nada importava, leu numa revista da especialidade que o tomate fazia bem à tez, assim, Cisco, como era conhecido nas pontas, com vanglória e cheio de altivez, dizia de papo cheio: Vocês são o meu público favorito...
A mestria de mentir fica-lhe bem, mas não é por ser alto, mas sim por estar sempre a ouvir música presa a um varapau. Mexeu duas vezes com a colher, infecta, o café gostoso, sorveu duas vezes e arrotou. Com a unha do dedo mindinho esquerdo, retirou com todos os cuidados uma porção de cera do ouvido direito, tarefa complicada, pois não tinha mão direita e colocou na beira do prato. Depois, de um só gesto, fez um cigarro e inseriu a dita porção na ponta do cigarro. A luz era linda, a cera a arder iluminava toda a casa de jantar, a cor era magnifica, intensa, brilhante, forte. Em dois segundos todo o cabelo de capachinho do pobre coitado queimou até não haver mais.
Comia agora um marquise de chocolate...
domingo, 23 de outubro de 2005
Serve o presente para esclarecer algumas almas mais curiosas.
O sentido não interessa, pois o que fazemos “aqui” é por mais evidente que será a manutenção da nossa espécie. No que diz respeito à forma como se transpõem as barreiras para que tal aconteça, haverá tantas formas como pessoas no mundo.
Todos têm formas diferentes de pensar, no entanto, certos indivíduos identificam-se mais com um linha de pensamento, ao até mesmo gostos, ideias, conhecimentos partilhados, vivências semelhantes, etc... Nestes casos há sempre um ponto de contacto. É claro que a felicidade imediata ou a médio e longo prazo é também posta em consideração.
E nos outros? Aqueles que diferem nas ideias, têm também formas diferentes de estar na vida, nem sequer partilham gostos ou ideias semelhantes, as vivências são em tudo diferentes, o que as move estarem juntas? O amor? O gostar de estar? A paixão? A empatia? A simpatia? A beleza? Ou será o simples facto que nada pode ser controlado quando isso acontece? Julgo que será esta a resposta. Nada pode ser controlado quando queremos estar com outra pessoa, por mais irracional que seja. Essa irracionalidade terá ao longo dos tempos duas faces da mesma moeda, ou se torna em amargura por não se conseguir fazer ou estar, em tudo o que se desejaria, devido às falhas existentes entre os dois indivíduos, ou uma ligação cada vez mais forte, a conjugação, posso mesmo dizer uma fusão de gostos, formas de estar, formas de ser, até que o tempo os separe, de uma forma ou de outra.
Há um conjunto de coisas que queria partilhar convosco:
- O egoísmo vai acabar com a nossa raça! E a forma para o combater passa, como será obvio dizer, pela nossa capacidade de partilhar, pois somos suficientemente inteligentes para o saber ou fazer.
- A entrega é cada vez mais rara, pois pode sempre acontecer algo que não conseguimos controlar.
- O controlo é aparente, já o querer não. Tudo tem a ver com o medo.
- O amor está sempre presente, mas dá-se cada vez mais pouca importância ao significado da palavra.
- O ódio é palavra e sentimento forte, muito forte (eu próprio não a sei utilizar), haverá problema em dizê-la, ou senti-la? Julgo que não. Quando sentimos devemos dize-la. Basta depois a coragem para voltar a olhar a outra pessoa e pedir-lhe que nos perdoe.
- Cada vez mais se sente com os sentidos e cada vez menos com o sentimento.
- Eu sei que a paz é algo que existe e tenho-a tentado transmitir de uma só forma, sentido-a.
- Cada vez mais o tempo é um factor que nos torna relutantes para procedermos de uma certa forma. Por exemplo, vou pensar o que deva fazer para gerir melhor o meu tempo. Isso é tempo mal gasto. Giram-no conforme acharem que deva ser gerido na hora. Ou outro exemplo, as coisas logo se resolvem com o tempo. Se é tempo que querem, já o têm. Só que o segundo anterior já passou e o que vão fazer com o seguinte? Vão esperar que chegue? O tempo não é controlável. E que tal deixar que o tempo faça parte da nossa vida? Não tentem controlá-lo. A primeira vez que me dei conta que o tempo que passa já não volta atrás, fiquei aterrorizado. Era miúdo, olhava o relógio e queria que os segundos andassem para trás, ou que parassem, nem que fosse por dois dias. Desde então é um tema que me fascina. A única coisa que o pobre coitado faz é seguir em frente como se não houvesse amanhã. Se algum dia o controlarmos, acho que vamos começar a achar mais piada à Rosa dos Mota. É de todos os temas o tema que a certeza nunca existirá, pois o que se pensou há dois minutos foi passado e sabemos muito bem que o passado às vezes não está certo. Por outro lado as horas são sempre certas.
- O que é certo ou é errado? É certo que estou com fome, é errado comer uma pessoa para saciar essa fome. De facto o certo e o errado andam de mãos dadas com o senso comum, com a cultura e com as diferentes formas de pensar. O que para mim está certo, para ti pode estar errado, isso é certo! Ou errado? Pode estar errado para ambos, certo? A velha máxima serve-nos e abusamos dela com promiscuidade: Penso logo errado.
- O que são as ideias? Pequena expulsões eléctricas nos nossos cérebros? Algo que faço quando estou na casa de banho? Para que servem? Para nos guiar. Se há coisa mais incoerente é uma ideia. Por isso mesmo é que me farto de as dizer, dá-me um gozo picante. No entanto todas a que temos, e por mais ridículo que seja pensar assim, já alguém as pensou, só que não sabemos disso e gostamos de pensar que somos mesmo cultos, inteligentes, sabichões, etc. Uma boa ideia vale por mil palavras (que ideia idiota!).
Em forma de desabafo...
Todos têm formas diferentes de pensar, no entanto, certos indivíduos identificam-se mais com um linha de pensamento, ao até mesmo gostos, ideias, conhecimentos partilhados, vivências semelhantes, etc... Nestes casos há sempre um ponto de contacto. É claro que a felicidade imediata ou a médio e longo prazo é também posta em consideração.
E nos outros? Aqueles que diferem nas ideias, têm também formas diferentes de estar na vida, nem sequer partilham gostos ou ideias semelhantes, as vivências são em tudo diferentes, o que as move estarem juntas? O amor? O gostar de estar? A paixão? A empatia? A simpatia? A beleza? Ou será o simples facto que nada pode ser controlado quando isso acontece? Julgo que será esta a resposta. Nada pode ser controlado quando queremos estar com outra pessoa, por mais irracional que seja. Essa irracionalidade terá ao longo dos tempos duas faces da mesma moeda, ou se torna em amargura por não se conseguir fazer ou estar, em tudo o que se desejaria, devido às falhas existentes entre os dois indivíduos, ou uma ligação cada vez mais forte, a conjugação, posso mesmo dizer uma fusão de gostos, formas de estar, formas de ser, até que o tempo os separe, de uma forma ou de outra.
Há um conjunto de coisas que queria partilhar convosco:
- O egoísmo vai acabar com a nossa raça! E a forma para o combater passa, como será obvio dizer, pela nossa capacidade de partilhar, pois somos suficientemente inteligentes para o saber ou fazer.
- A entrega é cada vez mais rara, pois pode sempre acontecer algo que não conseguimos controlar.
- O controlo é aparente, já o querer não. Tudo tem a ver com o medo.
- O amor está sempre presente, mas dá-se cada vez mais pouca importância ao significado da palavra.
- O ódio é palavra e sentimento forte, muito forte (eu próprio não a sei utilizar), haverá problema em dizê-la, ou senti-la? Julgo que não. Quando sentimos devemos dize-la. Basta depois a coragem para voltar a olhar a outra pessoa e pedir-lhe que nos perdoe.
- Cada vez mais se sente com os sentidos e cada vez menos com o sentimento.
- Eu sei que a paz é algo que existe e tenho-a tentado transmitir de uma só forma, sentido-a.
- Cada vez mais o tempo é um factor que nos torna relutantes para procedermos de uma certa forma. Por exemplo, vou pensar o que deva fazer para gerir melhor o meu tempo. Isso é tempo mal gasto. Giram-no conforme acharem que deva ser gerido na hora. Ou outro exemplo, as coisas logo se resolvem com o tempo. Se é tempo que querem, já o têm. Só que o segundo anterior já passou e o que vão fazer com o seguinte? Vão esperar que chegue? O tempo não é controlável. E que tal deixar que o tempo faça parte da nossa vida? Não tentem controlá-lo. A primeira vez que me dei conta que o tempo que passa já não volta atrás, fiquei aterrorizado. Era miúdo, olhava o relógio e queria que os segundos andassem para trás, ou que parassem, nem que fosse por dois dias. Desde então é um tema que me fascina. A única coisa que o pobre coitado faz é seguir em frente como se não houvesse amanhã. Se algum dia o controlarmos, acho que vamos começar a achar mais piada à Rosa dos Mota. É de todos os temas o tema que a certeza nunca existirá, pois o que se pensou há dois minutos foi passado e sabemos muito bem que o passado às vezes não está certo. Por outro lado as horas são sempre certas.
- O que é certo ou é errado? É certo que estou com fome, é errado comer uma pessoa para saciar essa fome. De facto o certo e o errado andam de mãos dadas com o senso comum, com a cultura e com as diferentes formas de pensar. O que para mim está certo, para ti pode estar errado, isso é certo! Ou errado? Pode estar errado para ambos, certo? A velha máxima serve-nos e abusamos dela com promiscuidade: Penso logo errado.
- O que são as ideias? Pequena expulsões eléctricas nos nossos cérebros? Algo que faço quando estou na casa de banho? Para que servem? Para nos guiar. Se há coisa mais incoerente é uma ideia. Por isso mesmo é que me farto de as dizer, dá-me um gozo picante. No entanto todas a que temos, e por mais ridículo que seja pensar assim, já alguém as pensou, só que não sabemos disso e gostamos de pensar que somos mesmo cultos, inteligentes, sabichões, etc. Uma boa ideia vale por mil palavras (que ideia idiota!).
Em forma de desabafo...
quinta-feira, 20 de outubro de 2005
A estranha sensação de que podia ter morrido
Ontem saía de casa à hora do costume, fui até ao meu carro, abri o carro, abri a porta de trás , tirei o casaco, pendurei-o e fechei a porta. Entrei no carro, antes de o ter ligado lembrei-me que me tinha esquecido de algo em casa. Sai do carro, fechei a porta à chave e atravessei a rua. Quando vou abrir a porta do prédio, um enorme camião TIR engoliu o meu carro, não ficando nada! Pensei: E se ainda estivesse no carro a aquecê-lo como sempre faço?
Moral da história: Ainda bem que não tenho a carta de condução.
Moral da história: Ainda bem que não tenho a carta de condução.
terça-feira, 18 de outubro de 2005
segunda-feira, 17 de outubro de 2005
Moda
Comprei um casaco, gosto muito dele. Fica-me mesmo bem, foi a primeira vez que consegui encontrar um assim tão giro.
Tem um pequeno problema, tem uma manga maior que a outra, BOLAS! Bem, se calhar vou mandar arranjar, ou se calhar tiro as mangas. É isso vou tirar as mangas! Assim está melhor. Vai dar um jeitão, como o Verão está aí a rebentar! Depois quando chegar o Inverno, mando pôr outra vez as mangas, vamos ver se desta vez vêm como deve ser...
Tem um pequeno problema, tem uma manga maior que a outra, BOLAS! Bem, se calhar vou mandar arranjar, ou se calhar tiro as mangas. É isso vou tirar as mangas! Assim está melhor. Vai dar um jeitão, como o Verão está aí a rebentar! Depois quando chegar o Inverno, mando pôr outra vez as mangas, vamos ver se desta vez vêm como deve ser...
sexta-feira, 14 de outubro de 2005
Formiga, formiguinha!
Myrmecia pyriformis, uma das mais mortíferas formigas, se não a mais mortífera de todas, sabem que tamanho tem? É tão pequena que com um simples descuido é esmigalhada por um ser humano e não é necessário ser muito grande...
E esta hein????
E esta hein????
Branqueamento de capitais.
Seta de borracha, acerta torta no alvo de betão, tão, tão, que até dá vómitos.
Eu cá para mim a Terra anda à volta de Vénus, o carteiro é amigo do alheio, a minha amiga é professora de liceu, o meu cão é igual ao do crocodilo, já o canário estava no armário, a tenda estava para venda e o grito foi dado pelo pipo.
Um dia destes vamos ter uma grande festa na tua careca, mas o teu irmão que não é um cão, tem todo o dia para ser um rufia.
Tenho que arranjar uma forma de conseguir ver o que se passa com a tua querida marmita de aço inox, outro dia andava na rua, via-a passar, mas não te quis dizer nada para não acordar o vendedor de gelados que mora por cima, não fosse ele estar ali à coca e apanhava uma susto de morte.
Isso era preciso que todo nós nos encontrássemos atentos a movimentações supra citadas pela pessoa mais ignóbil que há memória, o teu padeiro.
Na capa da revista vinha um cão tão grande só se conseguia ver as patas, já lá dentro trazia um póster de uma cadela muito pequena, de nome Mercedes Gualadupe.
Ambos os três tinham um casaco de pelo de urso morto, sabe-se lá como! Não podia ser mais bonito, era vê-los a descarregar litros e litros de vinho, rose e comer gambas de Porto Fino, (treta) daquelas fritas em óleo de cavalo cansado. Mas que maravilha para os meus olhos, era um regalo, para quem passava. Todos diziam - Mas que belo par ali vai! – e depois de um só trago, vertiam o copo sem que nada fosse com eles. Ali ficavam horas e horas, sem fio, dentro do rio, cheios de frio. Quando o calor rebentava, é que era uma porcaria. Era um cheiro que não se podia estar fora dali. Vinham todos, todos juntos cheios de genica e corriam na direcção oposta, para que nunca encontrassem o nascer do dia, LINDO!!!
Perto do rio estava uma flor, grande, enorme, linda de morrer. Quem passava pensava em colhê-la, mas não o fazia, tinha medo de se picar nos espinhos. Um dia um burro, novo, um mamão, passou por aquelas bandas, e lá estava ela, linda flor grande amarela e branca, mais cheirosa e airosa do que sempre. O burro que de parvo não tinha nada, nem pensou duas vezes, deu-lhe uma dentada e comeu-a.
Conclusão: Se queres ter um burro, dá-lhe palha!
Ia funda a gruta, muda, sem que ninguém conseguisse, rir-se, ou até vir-se. Estupefacta criatura, delgada por natureza, transpira esperteza e, como do nada, anda sempre com ela tesa! No meio daquilo tudo ouviu-se um grito, profundo, do fim do mundo, era o Anacléto! Finalmente! Encontrá-mo-lo!
És a seta que trespassa a minha Vénus, que me chegou pelo correio (mail). Num grito de festa, que me tornou rufia e gosta de comer gelados a toda a hora! Torno-me num grande cão, que com cara de urso, vislumbra nascer do dia. E depois? O burro, típico...
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
(O riso maléfico de quem quer e tudo pode!)
Eu cá para mim a Terra anda à volta de Vénus, o carteiro é amigo do alheio, a minha amiga é professora de liceu, o meu cão é igual ao do crocodilo, já o canário estava no armário, a tenda estava para venda e o grito foi dado pelo pipo.
Um dia destes vamos ter uma grande festa na tua careca, mas o teu irmão que não é um cão, tem todo o dia para ser um rufia.
Tenho que arranjar uma forma de conseguir ver o que se passa com a tua querida marmita de aço inox, outro dia andava na rua, via-a passar, mas não te quis dizer nada para não acordar o vendedor de gelados que mora por cima, não fosse ele estar ali à coca e apanhava uma susto de morte.
Isso era preciso que todo nós nos encontrássemos atentos a movimentações supra citadas pela pessoa mais ignóbil que há memória, o teu padeiro.
Na capa da revista vinha um cão tão grande só se conseguia ver as patas, já lá dentro trazia um póster de uma cadela muito pequena, de nome Mercedes Gualadupe.
Ambos os três tinham um casaco de pelo de urso morto, sabe-se lá como! Não podia ser mais bonito, era vê-los a descarregar litros e litros de vinho, rose e comer gambas de Porto Fino, (treta) daquelas fritas em óleo de cavalo cansado. Mas que maravilha para os meus olhos, era um regalo, para quem passava. Todos diziam - Mas que belo par ali vai! – e depois de um só trago, vertiam o copo sem que nada fosse com eles. Ali ficavam horas e horas, sem fio, dentro do rio, cheios de frio. Quando o calor rebentava, é que era uma porcaria. Era um cheiro que não se podia estar fora dali. Vinham todos, todos juntos cheios de genica e corriam na direcção oposta, para que nunca encontrassem o nascer do dia, LINDO!!!
Perto do rio estava uma flor, grande, enorme, linda de morrer. Quem passava pensava em colhê-la, mas não o fazia, tinha medo de se picar nos espinhos. Um dia um burro, novo, um mamão, passou por aquelas bandas, e lá estava ela, linda flor grande amarela e branca, mais cheirosa e airosa do que sempre. O burro que de parvo não tinha nada, nem pensou duas vezes, deu-lhe uma dentada e comeu-a.
Conclusão: Se queres ter um burro, dá-lhe palha!
Ia funda a gruta, muda, sem que ninguém conseguisse, rir-se, ou até vir-se. Estupefacta criatura, delgada por natureza, transpira esperteza e, como do nada, anda sempre com ela tesa! No meio daquilo tudo ouviu-se um grito, profundo, do fim do mundo, era o Anacléto! Finalmente! Encontrá-mo-lo!
És a seta que trespassa a minha Vénus, que me chegou pelo correio (mail). Num grito de festa, que me tornou rufia e gosta de comer gelados a toda a hora! Torno-me num grande cão, que com cara de urso, vislumbra nascer do dia. E depois? O burro, típico...
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
(O riso maléfico de quem quer e tudo pode!)
quinta-feira, 13 de outubro de 2005
quarta-feira, 12 de outubro de 2005
Que mais me irá acontecer?
A hipocrisia, a indiferença, o: não é meu não quero saber, a mentira, o ódio, a leveza com que se trata um problema grave, o não comunicar, o encontrar formas irracionais de resolver disputas parvas, o que não foi dito e devia ter sido dito, o que foi dito mas não devia ter sido, o olhar por olhar, o não estender a mão quando se precisa, o egoísmo, o bater, o flagelar, o subverter as palavras inocentes, sim porque as há! O ser dono de tudo, para depois não ser dono de nada, o poder, qual poder? Quando se morre perde-se tudo, para quê ganhar a todo o custo? A falta de senso comum, a inveja, o desdém sem sentido, a falta imensurável de respeito, a falta tremenda de compreensão, a falta de amor, de paixão e tudo em troca de quê? Por uma caganita de terra? De: o meu é maior que o teu? De: sou muito melhor que tu? Do: não vales nada e eu é que sou bom?
Meus queridos amigos, tenho algo para vos transmitir: Estou apaixonado!
E por isso:
Não sei como, mas estou. Eu disse que tão cedo não podia acontecer, mas por entre esta confusão, aconteceu. É fantástico! Já não me lembrava do cheiro, do sabor, do nó na barriga, da ansiedade de estar por estar, de sentir a falta, a saudade, de dizer: Nada interessa! Só a paixão, o amor! O mais interessante, é que não recusei, entrou-me pelas ventas e não mais saiu. Sei que estou tão bem que não quero pensar em mais nada. Todos os problemas que possam existir, deixaram de ter sentido, só uma coisa é importante, a que horas vou estar com ela...? Impressionante!!!
Não quero com isto dizer que estejam todos assim, não só porque dói que se farta, bem como era uma tremenda chatice. Mas pelo menos tentem estar um pouco mais concentrados noutras coisas que não nos assuntos em epígrafe.
Façam-me um grande favor sejam felizes! 'tá?!?
Meus queridos amigos, tenho algo para vos transmitir: Estou apaixonado!
E por isso:
Não sei como, mas estou. Eu disse que tão cedo não podia acontecer, mas por entre esta confusão, aconteceu. É fantástico! Já não me lembrava do cheiro, do sabor, do nó na barriga, da ansiedade de estar por estar, de sentir a falta, a saudade, de dizer: Nada interessa! Só a paixão, o amor! O mais interessante, é que não recusei, entrou-me pelas ventas e não mais saiu. Sei que estou tão bem que não quero pensar em mais nada. Todos os problemas que possam existir, deixaram de ter sentido, só uma coisa é importante, a que horas vou estar com ela...? Impressionante!!!
Não quero com isto dizer que estejam todos assim, não só porque dói que se farta, bem como era uma tremenda chatice. Mas pelo menos tentem estar um pouco mais concentrados noutras coisas que não nos assuntos em epígrafe.
Façam-me um grande favor sejam felizes! 'tá?!?
terça-feira, 11 de outubro de 2005
Porra, que sabe mesmo bem!
Por entre a folhagem a luz de um olhar
de fogo,
fogo lento de brasa aquecida
pelo beijo húmido,
lento, gentil toque de lábios, profundamente fundidos,
pelo calor,
pela sede
de outro e mais outro, cada um mais forte, mais intenso,
sem qualquer tipo de pudor despedaçam-se com fúria um no outro e,
depois,
tocado pela leve brisa, descansam,
tocando-se ao de leve, mais leve que a própria brisa,
mais suave que o toque de uma pena que cai na mão,
toque esse tão forte, tão avassalador, maior que o de uma vaga de mar alto, revolta, gigantesca,
que precipita ambos os corpos para um abismo de emoções sentidas e ressentidas como nunca antes,
sendo mesmo temidas e, no entanto, tudo o resto não importa, só o olhar,
olhos nos olhos e o toque outra vez, nariz no nariz,
o arrepio, o suspiro, mão na mão, corpo com corpo,
o cheiro, ai o cheiro!
Amor...
Para ti,
MEL!
de fogo,
fogo lento de brasa aquecida
pelo beijo húmido,
lento, gentil toque de lábios, profundamente fundidos,
pelo calor,
pela sede
de outro e mais outro, cada um mais forte, mais intenso,
sem qualquer tipo de pudor despedaçam-se com fúria um no outro e,
depois,
tocado pela leve brisa, descansam,
tocando-se ao de leve, mais leve que a própria brisa,
mais suave que o toque de uma pena que cai na mão,
toque esse tão forte, tão avassalador, maior que o de uma vaga de mar alto, revolta, gigantesca,
que precipita ambos os corpos para um abismo de emoções sentidas e ressentidas como nunca antes,
sendo mesmo temidas e, no entanto, tudo o resto não importa, só o olhar,
olhos nos olhos e o toque outra vez, nariz no nariz,
o arrepio, o suspiro, mão na mão, corpo com corpo,
o cheiro, ai o cheiro!
Amor...
Para ti,
MEL!
segunda-feira, 3 de outubro de 2005
Autodromo do Estoril
Ora ai está como se deve fazer, só é pena que tenha sido com uma marca de não me diz muito...
Casa cheia!
Dia em cheio e cheio no Autodromo! Parabéns à organização.
Era bom é que pudesse dizer o mesmo nas provas do Nacional de Velocidade.
Já agora fica aqui um conselho para o próximo fim do semana: 7 a 9 de Outubro Estoril Historic Festival no Autodromo do Estoril. Apareçam!
Estoril Historic Festival com novidades!
quinta-feira, 22 de setembro de 2005
À pois é!
À por aí um montão de indivíduos que se mostram preocupados com a possibilidade de um meteorito embater na terra, mas não os vejo preocupados com a possibilidade desse mesmo meteorito embater na lua. Tipo: - À e tal, isso não é meu, quero lá saber!
Estamos muito preocupados com a possibilidade da China se tornar um pais livre e com isso a invasão dos mercados ocidentais com materiais a preços mais baixos, mas já reparam que se isso acontecer os preços dos materiais chineses ficaram ao mesmo preço dos ocidentais? Ou julgam que os chineses não gostam de dinheiro? Tipo: É pá, eles têm um cultura mais avançada que a nossa e não gostam dessas coisas!
É impressão minha ou toda a gente continua a acreditar no que os políticos dizem? Tipo: Este gajo parece-me honesto!
Estamos muito preocupados com a possibilidade da China se tornar um pais livre e com isso a invasão dos mercados ocidentais com materiais a preços mais baixos, mas já reparam que se isso acontecer os preços dos materiais chineses ficaram ao mesmo preço dos ocidentais? Ou julgam que os chineses não gostam de dinheiro? Tipo: É pá, eles têm um cultura mais avançada que a nossa e não gostam dessas coisas!
É impressão minha ou toda a gente continua a acreditar no que os políticos dizem? Tipo: Este gajo parece-me honesto!
segunda-feira, 12 de setembro de 2005
Boa tarde!
Outro dia pensei – coisa rara -, será que alguém já reparou na real importância que temos no universo? O que nos rodeia é que faz o que nós somos e não o inverso! Aconselho a cada humano que se dêem ao trabalho de parar umas horas e olhar para o céu, mesmo se já o tenham feito, que o façam com mais frequência, de dia ou de noite. Ou então, evocando a experiência de um amigo meu, se tiverem oportunidade, mergulhem no mar alto, mas sem nada e olhem para o fundo. Dar-vos-á uma pequena noção que não somos assim tão importantes como isso, somos mais um ser, algo que faz parte de um grande conjunto que nos envolve, que não conhecemos e que não conseguimos controlar, muito menos prever. O mundo onde vivemos tem ainda muito para dar e não havemos que estar cá para ver, serão outros seres. Este medo atros de que isto tudo vai acabar, esse medo não deveria existir, pois para nós humanidade, o fim será mais que certo. Agora o resto... continua o seu caminho.
Não quero com isto dizer e sabendo que isso é certo, não devemos abandonar todas as nossas iniciativas, devemos sim é canalizai-las para outros interesses, pois o fim é certo, já a criação não o é.
Não quero com isto dizer e sabendo que isso é certo, não devemos abandonar todas as nossas iniciativas, devemos sim é canalizai-las para outros interesses, pois o fim é certo, já a criação não o é.
quinta-feira, 8 de setembro de 2005
Vá lá...
Já fui, já vim, queria ir outra vez, mas não me deixam, será que posso?
Vou fugir! Mas isso já deixam. Agora se pedir dizem logo que não posso, isto não é justo.
Nas mangas da camisa tenho um buraco. Vou dizer que necessito ir para casa, não posso andar assim vestido, não é?
Vou fugir! Mas isso já deixam. Agora se pedir dizem logo que não posso, isto não é justo.
Nas mangas da camisa tenho um buraco. Vou dizer que necessito ir para casa, não posso andar assim vestido, não é?
sexta-feira, 26 de agosto de 2005
quinta-feira, 11 de agosto de 2005
Vais de mota, ou vais de carro?
Vistas bem as coisas, nada daquilo fazia muito sentido. Eu estava todo molhado e não estava a chover.
(Quem sofre de estupidez devia pagar imposto)
Graça? Anda ver o que o nosso filho fez.
(Qual filho?)
A manta está na cave. Se não sabes onde botas as coisas a culpa não é minha.
(Botas? Mas é a manta ou é as botas?)
Anda, anda lá! Não perguntes, anda só.
(Seria muito imprudente ir sem perguntar primeiro, em especial com aquele tipo)
Vou ver o que posso fazer por si, Sr. Mamede. Uma coisa é certa, à noite não dá
(E de dia?).
Transpiro que nem um cavalo, mas não cheiro mal. Já o mesmo não se pode dizer dos meus peidos.
(A sociedade protector dos animais devia processar este tipo).
Mete uma cena na cabeça, o chapéu!
(Agora mesmo chego a uma conclusão. A cabeça só serve para uma coisa).
Ainda vinha eu no início da rua e já te ouvia a cacarejar. Bolas!
(Não é normal ter-se uma galinha como companheira)
Vendo assim de chofre, nada podemos fazer. Terei que chamar os bombeiros. Mas desde já lhe digo, vai ser muito moroso.
(Imaginem se fosse uma pedra entravaquadrilhada, lá se tinha que a desentravaquadrilhar)
Amo-te! Amor... os teu olhos, a tua boca, o teu cabelo, a tua mama.
(É amor mesmo!)
Venha comigo, eu ensino-lhe o caminho, vai ver que é perto.
(Passado duas horas)
Uma treta! És uma treta!! Não te posso fazer nada é?
(Em especial apertar as bordas da cona)
Mentes com todos os dentes que tens, com é possível.
(Era uma mentira pequena, a ver pela quantidade de dentes).
Vista grossa? Estás a fazer–me vista grossa? Estás mesmo a fazer-me vista grossa? Não acredito... Logo tu!
(Como será uma vista fina?)
A arma está carregada, um passo e é a tua morte, não abuses da sorte!
(Ora ai está um tema que gostaria de abordar no meu próximo programa, a infidelidade)
Mamã mamã? Que horas são?
(Adivinha?)
Filipe, não venhas tarde.
(Claro que não).
Canto a canção porque gosto. Já a outra não posso dizer o mesmo.
(Mais valia não teres cantado nada! Que merda da voz!)
E vistas bem as coisas, nada disto é para ser levado muito a sério, faz mal aos joelhos.
(e à vista grossa, de quem não tem voz, para que possas vir mais cedo, adivinhando as horas em que a arma será descarregada, ficando assim o tipo só com um dente, sim esse que não aguenta nada e que ensinou mal o caminho a velhinha. Já as pessoas amadas, que conduzem desentravaquadrilhadores, que têm mulher tipo galinha, teimosas, de cabeça de andorinha, com problemas de gases, que deixam pessoas como o Sr. Mamede pendurados, que nos enganam a torto-e-a-direito, que têm frio, não sabem a quantas andam e que por fim são estúpidas que nem uma porta, essas pessoas são-nos muito queridas, mas não as compreendemos).
Não faço qualquer tipo de comentário.... NADA!!!
(Quem sofre de estupidez devia pagar imposto)
Graça? Anda ver o que o nosso filho fez.
(Qual filho?)
A manta está na cave. Se não sabes onde botas as coisas a culpa não é minha.
(Botas? Mas é a manta ou é as botas?)
Anda, anda lá! Não perguntes, anda só.
(Seria muito imprudente ir sem perguntar primeiro, em especial com aquele tipo)
Vou ver o que posso fazer por si, Sr. Mamede. Uma coisa é certa, à noite não dá
(E de dia?).
Transpiro que nem um cavalo, mas não cheiro mal. Já o mesmo não se pode dizer dos meus peidos.
(A sociedade protector dos animais devia processar este tipo).
Mete uma cena na cabeça, o chapéu!
(Agora mesmo chego a uma conclusão. A cabeça só serve para uma coisa).
Ainda vinha eu no início da rua e já te ouvia a cacarejar. Bolas!
(Não é normal ter-se uma galinha como companheira)
Vendo assim de chofre, nada podemos fazer. Terei que chamar os bombeiros. Mas desde já lhe digo, vai ser muito moroso.
(Imaginem se fosse uma pedra entravaquadrilhada, lá se tinha que a desentravaquadrilhar)
Amo-te! Amor... os teu olhos, a tua boca, o teu cabelo, a tua mama.
(É amor mesmo!)
Venha comigo, eu ensino-lhe o caminho, vai ver que é perto.
(Passado duas horas)
Uma treta! És uma treta!! Não te posso fazer nada é?
(Em especial apertar as bordas da cona)
Mentes com todos os dentes que tens, com é possível.
(Era uma mentira pequena, a ver pela quantidade de dentes).
Vista grossa? Estás a fazer–me vista grossa? Estás mesmo a fazer-me vista grossa? Não acredito... Logo tu!
(Como será uma vista fina?)
A arma está carregada, um passo e é a tua morte, não abuses da sorte!
(Ora ai está um tema que gostaria de abordar no meu próximo programa, a infidelidade)
Mamã mamã? Que horas são?
(Adivinha?)
Filipe, não venhas tarde.
(Claro que não).
Canto a canção porque gosto. Já a outra não posso dizer o mesmo.
(Mais valia não teres cantado nada! Que merda da voz!)
E vistas bem as coisas, nada disto é para ser levado muito a sério, faz mal aos joelhos.
(e à vista grossa, de quem não tem voz, para que possas vir mais cedo, adivinhando as horas em que a arma será descarregada, ficando assim o tipo só com um dente, sim esse que não aguenta nada e que ensinou mal o caminho a velhinha. Já as pessoas amadas, que conduzem desentravaquadrilhadores, que têm mulher tipo galinha, teimosas, de cabeça de andorinha, com problemas de gases, que deixam pessoas como o Sr. Mamede pendurados, que nos enganam a torto-e-a-direito, que têm frio, não sabem a quantas andam e que por fim são estúpidas que nem uma porta, essas pessoas são-nos muito queridas, mas não as compreendemos).
Não faço qualquer tipo de comentário.... NADA!!!
terça-feira, 9 de agosto de 2005
2 segundos
Muita coisa pode acontecer em 2 segundos, mas por outro lado não é assim tanto tempo...
Ia passear pela cidade, quando um peixe me pergunta – Sabe nadar? – Mas que raio??
2 segundos antes da passagem do maremoto.
A rua é estreita, acanhada, esguia e não consegui ver o sinal.
2 segundos antes de ser assaltado numa rua sem saída.
Sentei-me, fiquei deslumbrado, como podia ser! Porque razão ninguém se senta aqui?!
2 segundos antes de lhe cair um piano em cima.
Estou cheio de sede. Uma fonte? Óptimo! Isto é demais, olha para este jovem aqui no chão a espumar da boca, é a droga...
2 segundos antes de beber água contaminada.
Pensei eu: Vou de carro, ou a pé? Não sei... Será que vai chover? Que se lixe, vou a pé!
2 segundo antes de ter perdido o último comboio de volta no meio do deserto Australiano.
Que calor! Vou à água.
2 segundos antes de lhe dar uma paragem de estômago.
Táxi! Táxi!
2 segundos antes de não ver o autocarro.
Mas porque raio é que a manga do casaco está tão comprida?
2 segundos antes de ter reparado que não tinha a mão direita, tinha sido roubado!
Adoro comer sopa de espinafres, é mesmo bom. Que sorte, hoje há! Se faz favor! – e estico o braço.
2 segundos antes de ter morrer com um tiro revolver, pois fiquei com o braço no meio das mamas de uma Senhora extremamente boa que vinha a passar como o marido, o qual era um pouco ciumento e não gostou (eu sei é rebuscado, mas valeu a intenção).
Há muitos outros exemplos como gerir os seus 2 segundos, pensem nisto e durmam descansados.
Ia passear pela cidade, quando um peixe me pergunta – Sabe nadar? – Mas que raio??
2 segundos antes da passagem do maremoto.
A rua é estreita, acanhada, esguia e não consegui ver o sinal.
2 segundos antes de ser assaltado numa rua sem saída.
Sentei-me, fiquei deslumbrado, como podia ser! Porque razão ninguém se senta aqui?!
2 segundos antes de lhe cair um piano em cima.
Estou cheio de sede. Uma fonte? Óptimo! Isto é demais, olha para este jovem aqui no chão a espumar da boca, é a droga...
2 segundos antes de beber água contaminada.
Pensei eu: Vou de carro, ou a pé? Não sei... Será que vai chover? Que se lixe, vou a pé!
2 segundo antes de ter perdido o último comboio de volta no meio do deserto Australiano.
Que calor! Vou à água.
2 segundos antes de lhe dar uma paragem de estômago.
Táxi! Táxi!
2 segundos antes de não ver o autocarro.
Mas porque raio é que a manga do casaco está tão comprida?
2 segundos antes de ter reparado que não tinha a mão direita, tinha sido roubado!
Adoro comer sopa de espinafres, é mesmo bom. Que sorte, hoje há! Se faz favor! – e estico o braço.
2 segundos antes de ter morrer com um tiro revolver, pois fiquei com o braço no meio das mamas de uma Senhora extremamente boa que vinha a passar como o marido, o qual era um pouco ciumento e não gostou (eu sei é rebuscado, mas valeu a intenção).
Há muitos outros exemplos como gerir os seus 2 segundos, pensem nisto e durmam descansados.
segunda-feira, 8 de agosto de 2005
quinta-feira, 4 de agosto de 2005
Manual de boas práticas II
Na farmácia:
- Primeiríssima coisa a ser feita; encontrar uma farmácia.
- Peça licença à porta para descasar os sapatos, se lhe for negado, diga que tem uma bomba.
- Se houver fila, não tire senha. Espere que as senhas acabem e depois queixe-se.
- A qualquer pergunta que lhe façam, responda sempre: Dois quilos. Ex: - O que vai ser? - responda prontamente - Dois quilos.
- Se estiver alguém a trás de si para ser atendido, diga-lhe que é só uma instante, depois tire a lista das compras do supermercado e faça um ar arrebatador.
- Fale muito baixo quando estiver a pedir os medicamentos, se a pessoa não o conseguir ouvir, disfarce.
- Encontre a balança, suba e fique inerte em cima dela. Se alguém da farmácia lhe disser: “Vamos fechar.” Disfarce e diga que ficou sem pilha no relógio.
- Altere o nome do medicamento na receita de “Ananase” para “Ananase de laranja” e veja a reacção do farmacêutico.
- Peça preservativos para usar nas orelhas, se não tiverem, peço o livro de reclamações e leia as reclamações em voz alta.
- Quando pedir preservativos, enrole, faça como se estivesse envergonhado. Se a pessoa que o está a atender perceber, disfarce, diga que é para o seu cão.
- Minta, diga que está grávida.
- Entre na farmácia a tossir compulsivamente e peça pastilhas de nicotina, mas sem açúcar.
- Faça-se de drogado e peça pastilhas para o mau hálito.
- Diga que o bife estava muito rijo e peça para falar com o gerente. Se o funcionário lhe disser que o aquele estabelecimento não é um restaurante, diga: “Isso é o que todos dizem!”
- Diga que lhe dói a alma e aguarde pacientemente por uma solução.
- Queixe-se da vida, se o funcionário lhe der algo, diga que já experimentou e não resultou.
- Peça para falar com o Médico, confesse-se e dê-lhe uma galinha.
- Se está farto de esperar, atire larachas para ao ar e no final de cada uma peide-se. Se mesmo assim não resultou, peça carinhosamente que saiam todos, exibindo um revolver em punho.
- Quando pagar, finja que está surdo. Se continuarem a insistir, pegue nos medicamentos, volte-se para trás e diga: Este Sr. paga.
- Ao sair fale sozinho e por fim pragueje com os medicamentos. Se ninguém olhar, finja que não viu nada.
- Antes de sair diga que lhe roubaram os sapatos que tinha deixado à porta. Para esta prática, terá que estar descalço, ou então o efeito não é o desejado.
- Na rua, comente em alto e bom som: “Estão a dar rebuçados aqui!” Se ninguém ouviu, passe ao segundo plano; sair de fininho.
quarta-feira, 3 de agosto de 2005
Chuva
A chuva de Janeiro que bate na chão, forte, como a morte, gelada,
como o metal da foice que trago na mão inchada, fechada,
cheia de calos doridos, como o coração, da terra amada, lavrada,
de dias e dias a fio, com muito pão e alguma água, decantada,
essa chuva, que trás a nossa benção, muito molhada, muito abençoada,
que nos trás a vida, que a torna numa canção, chorada, cantada,
a várias vozes, ou com um só vozeirão, a canta animada, nada desafinada,
cheia de vida, que enche o coração, da rapaziada, de uma só lufada,
que nos converte em crianças, de biberão, ó terra amada, ó desgraçada!
como o metal da foice que trago na mão inchada, fechada,
cheia de calos doridos, como o coração, da terra amada, lavrada,
de dias e dias a fio, com muito pão e alguma água, decantada,
essa chuva, que trás a nossa benção, muito molhada, muito abençoada,
que nos trás a vida, que a torna numa canção, chorada, cantada,
a várias vozes, ou com um só vozeirão, a canta animada, nada desafinada,
cheia de vida, que enche o coração, da rapaziada, de uma só lufada,
que nos converte em crianças, de biberão, ó terra amada, ó desgraçada!
segunda-feira, 1 de agosto de 2005
sexta-feira, 29 de julho de 2005
A Prima
A família
Os ossos doem-me, o frio, a humidade, essa maldita, mas bem vivida velhice, que me atormenta há anos. Mas graças a Deus tenho alguém com quem posso compartilhar estes dias de hoje, porque houve dias em que nada tinha, ninguém, só o vazio das paredes, o som do vento, que fustigava as janelas do piso de cima. E de todas, a do quarto do André e da pequena, que há muito estava partida, era a que mais me fazia arrepiar.
- Tenho que ir buscar mais lenha. - comentei.
O fogo brando, quase sumido, que quase não aquece, na lareira monstruosa e as sombras na parede, a fazerem lembrar mantos negros, como abutres, que esvoaçam pela sala, na noite.
Levantei-me, ao lado da lareira um cesto de verga, envelhecido pelo fumo e pelo calor, estava meio de lanha. Retirei dois troncos grossos e coloquei-os na lareira. Peguei no livro que lia, já há duas semanas. Aquela passagem em particular fez-me lembrar a minha infância. Os dias em que corria pela casa fora com a minha prima, na altura má como as cobras, matreira, dela nada se podia prever, mas o amor que sentia por ela, superava qualquer coisa. Um dia de Inverno, como este, andávamos a correr pela sala numa gritaria pegada. A minha prima tinha-me tirado do meu quarto um pequeno cavalinho de pau, que o meu tio tinha feito com a sua navalha, sempre impecavelmente afiada e com todo o carinho. E lá andava ela com o cavalinho na mão a troçar de mim e quando passava por esta lareira, fingia que atirava o cavalinho. Eu, em pânico, gritava e chorava. A maldade era tanta que nem um leve, suave, materno, doce, tão doce, “parem com isso!”, da minha querida mãe, a fazia parar. Eu nunca consegui compreender porquê. O que a levou a atirar o cavalinho para a lareira. Tenho cá as minhas suspeitas, mas é muito difícil de compreender. Com tamanha gritaria e choradeira, foi inevitável que o meu bem dito papá ia ouvir. Austero, severo, com voz de trovão, as mãos do tamanho de panelas de sopa, os olhos azuis, mais azuis que o céu e o bigode grisalho de pontas reviradas para baixo. Era muito alto, tão alto que não se lhe conseguia ver a alma, mas doce, tão amigo e afável e tão cruelmente justo, mesmo muito justo! Ao chegar à sala, soltou um, “gostava de saber o que me perturbou o sono!”. Eu não consegui soltar uma palavra que fosse, tudo se gelou dentro de mim. O cavalinho deixou imediatamente de existir, a única coisa que me ocorreu foi o destino da minha pobre prima, mas nem uma palavra, nada. Não conseguia salva-la. Quando me lembrava do que ela tinha feito, o ódio percorria o meu coração.
- O que se passou, Júlia? - Perguntou à minha mãe.
- Nada Senhor, nada se passou. – Respondeu a minha querida mãe, com a calma duma Santa.
Não achei justo. Mas era melhor assim, que aplicar a justiça do meu papá sobre a minha pobre prima. Ela, que era sempre muito irrequieta, quando o meu papá estava por perto, tornava-se na moça mais sossegada, mais angélica e doce que alguma vez havia existido. Eu, que padecia da mesma justiça do meu pai, suportei mal todo aquele clima obscuro de traição. Ele, que estava ainda de maus modos, sentou-se no seu grande cadeirão e pôs-se a olhar.
- Júlia, o seu filho está com um olhar muito rancoroso, algo se passou! Seria melhor contar-me o que se passou...- Disse o meu pai com ar severo.
- Senhor nada se passou! – Insistia a minha mãe.
Eu, eu nada podia fazer. O meu papá era contra a covardia que assolava a maioria das crianças e sabendo disso, insurgi-me.
- Prima, gostava que visses brincar comigo para o meu quarto... - Não me apercebi do que tinha dito. O meu pai quando estava na sala não queria que ninguém a abandonasse enquanto ele lá estivesse. Fiquei muito nervoso. A enorme e volumosa cabeça, voltou-se na minha direcção e de um só sopro, trovejou.
- O menino sabe que não pode fazer isso, não sabe? – O meu pai em tom de desafio.
Mais uma vez o meu corpo gelava, era como que todo o meu sangue quente nas minhas veias me abandonasse e no seu lugar corriam torrentes de gelo.
- Sim senhor... - Respondi com o coração na mão à espera da facada fatal.
A minha adorada prima, que de feia sempre teve muito pouco, olhou para mim e da sua boca linda, saiu a língua vermelha como uma cereja. O ódio foi superior à presença do meu pai. Nada me podia travar naquele instante. Saltei de um só impulso para cima dela e bati-lhe tanto com as mãos fechadas que nem as mãos vigorosas do meu papá conseguiram arrancar-me. Estava louco de raiva! A muito custo conseguiu separar-nos. A mãe, que sempre a vira com a calma de uma leve brisa, salta do enorme sofá deixando cair a sua primorosa renda e tenta também separar-nos. Eu fiquei nas mãos do meu pai. Ainda esperneava de raiva. Pela cara da minha prima escorria um fino fio de sangue que lhe vinha cabeça. A minha querida mãe, em pânico, olhou-me nos olhos e perfurou-me! O meu pai afastou-me dali de imediato, levou-me para o quarto e trancou-me a sete chaves. Fiquei quatro semanas a pão e água, de janela fechada, tapadas por fora. O caseiro, o Sr. Antunes, enquanto pregava as tábuas na janela, escorriam-lhe lágrimas grossas pela face seca pelo pó do campo, enquanto eu ficava ali encarcerado. Tinha uma vela que tinha de racionar, pois era a única para me fazer companhia. Todos os meus pensamentos estavam voltados num só sentido, a vingança! As quatro semanas transformaram-se em anos num colégio interno. Cresci rancoroso, fechado, triste, com pensamentos pecaminosos, sem vida interior. Nunca mais vi a minha amada mãe nem ela, a prima linda não me saía da cabeça... Quando soube da morte da minha mãezinha, abateu-se sobre mim uma tristeza e uma dor tão grandes que a única esperança tornou-se óbvia, tinha que me vingar.
A cidade
Com 19 anos, acabei todos os estudos, era agora médico. Não tinha um único amigo. A igreja ia-me dando algum apoio, mas até aquele dia nada nem ninguém sabia o que me trouxera àquele colégio. A única coisa que sabiam no colégio, era da existência de uma família que nada dizia, nem uma visita, nem uma carta, só um mensageiro com a morte da minha mãe e as mensalidades. Saí para a cidade com os meus 20 anos. O Padre Zacarias aconselhou-me um cirurgião muito famoso. Fiz-me ao caminho. Tinha crédito para um dia, não mais. Ao chegar à grande cidade pressenti algo nefasto, nada iria ser como até aí, iria ser bem pior. A agitação, o barulho, os olhares, os risos, as falas, os trajes, o cheiro, tudo era novo e distinto, nada igual ao que alguma vez tinha sentido. Mas, para além disso, senti um frio de medo a percorrer-me as costas. Bem que o Padre me havia avisado. Tal como o Padre me ensinara, perguntei a uma velhota que vendia fruta como fazer para chegar à morada do famoso cirurgião. Não sei quanto tempo andei a pé, mas perguntei indicações a sete velhotas que vendiam alimentos na rua. No final, bati à porta exausto. Ninguém... Esperei quatro dias. Ao final dos mesmos quatro dias, apareceu uma senhora de meia idade que, com muita ternura, me perguntou se eu estava perdido. Expliquei-lhe a razão pela qual estava ali e prontamente se ocupou de mim. Convidou-me a entrar, esperar pelo médico que tinha saído para fora por uns dias. Estava a morrer de fome. Só trazia uma mala e a roupa que tinha comigo e umas coroas para dormir, que guardei para comer algo. Em quatro dias tinha comido quatro maçãs. Estava mesmo com fome. O médico chegou passados alguns minutos. De olhos pequenos, muito elegante, muito aprumado, de chapéu alto e bengala, de cara muito lavada, sem uma única ruga, como se a pele fosse de cetim. Prontamente a senhora justificou a minha presença. O médico ficou muito impressionado, tão novo e já médico?! Expliquei em poucas palavras o meu passado e o médico compreendeu. Esticou a sua mão, muito macia e fria.
- Dr. Ernesto de Vasques, às suas ordens.
Eu nem sabia o que dizer, estendi a minha mão e apresentei-me,
- Afonso Biscaia, um seu criado.
Foi a primeira vez em 15 anos que disse o meu nome a um estranho. De certa forma não me soou bem, nem a mim, nem ao Dr.
- Afonso Biscaia? De onde? - Perguntou de sobrolho levantado.
- De Vandins de Cima, Sr. Dr. - disse eu a medo.
- Não acredito! - E dizendo isto o Dr. dá um passo a trás, com o olhar raiado de espanto.
- Tens a certeza? - Perguntou ainda incrédulo.
- Sim Sr. Dr., tenho.
Eu não compreendia o que se passava. Ele, pega no meu braço com toda a força e atira comigo para fora de casa, com a mala que trazia e aconselha-me a sair da cidade o mais rápido possível. Algo se tinha passado e tinha a ver com a minha família, algo de muito grave. Não podia ser mero acaso, o Dr. Ernesto não podia conhecer a minha família, seria um verdadeiro acaso. Peguei na mala. Estava desesperado. Não sabia para onde ir. Já era noite. Pernoitei num vão de escada ali perto. Pela manhã, resolvi procurar algo para fazer. Se ia ficar na cidade, teria de arranjar sustento. Durante dois dias procurei trabalho, ninguém me queria. Era demasiado franzino para fazer trabalhos pesados e eram os únicos que encontrava. Por fim, consegui um emprego numa fábrica de peles. Trabalhava-se do nascer ao pôr do sol, sete dias por semana e dormia-se dentro da fábrica, juntamente com mais centenas de operários. Durante anos a fio trabalhei naquela fábrica. Via muito poucas vezes a luz do dia. Mais uma vez, o isolamento era profundo, os pensamentos cada vez mais densos. Nada nem ninguém sabia quem eu era. De três em três meses tinha folga. Um dia, numa dessas folgas, saí e nunca mais voltei. Dentro da fábrica tinha-me informado como teria que fazer para chegar à estação de comboios. Assim fiz, com o pouco dinheiro que me pagavam, juntei o suficiente para sair daquele inferno e meti-me no comboio, rumo a casa.
A casa
Na viagem, pensava em várias coisas. A primeira, e a mais antiga, a vingança, a segunda, era saber o que se tinha passado para aquele Médico. Porquê aquela reacção? E, a terceira, era se o meu papá ainda estaria vivo. A viagem demorou cerca de seis dias. Estava realmente muito longe. Depois de um dia no comboio, dois dias de diligência, mais dois a pé e um pelo meio para descansar. Quanto mais me aproximava da região, maior era o aperto no coração, não sabia se estava a fazer bem. Por um lado, só pensava numa coisa, o reencontro com o passado e a saudade, por outro, o rancor, o ódio.
Estava agora com 29 anos, deformado, muito envelhecido, pálido. No entanto, quanto mais me aproximava, mais me sentia a rejuvenescer. Lembrava-me dos momentos que passei com todos, a mãezinha, o papá e até mesmo a prima, a pobre prima. Órfã. Era filha do irmão do meu pai, que morreu juntamente com a minha tia, num incêndio. As circunstâncias do incêndio sempre foram muito dúbias, mas não seria muito difícil adivinhar o que se tinha passado. Comecei a lembrar-me dos tempos da escola primária. A minha prima Helena (há quanto tempo não digo este nome...?), que andava na mesma classe que eu e que gostava muito de andar de baloiço ela e eu. Ali ficávamos horas. O intervalo, que era de apenas meia hora, transformava-se, para nós, em apenas dois minutos. Andávamos sempre juntos, até havia quem dizia que éramos namorados, mas isso não podia ser! Mas era de facto e por isso, por vezes, só para nos chatearem atiravam-nos um pedra ou outra, mas nunca nos acertavam. Helena ficava muito irritada com isso, corria atrás deles e batia-lhes com tudo o que tinha à mão. Por vezes era eu que tinha de acatar com a culpas, pois uma menina não tem comportamentos daqueles. O comportamento na escola, levou a chamar a mãezinha, que perguntou nesse dia à noite, longe dos ouvidos do papá, o que estava eu a fazer com a Helena. Eu, com um brilho nos olhos, respondia:
- A andar de baloiço com a Helena.
A mãezinha abraçava-me e pedia para ter mais cuidado, se o papá soubesse seria muito grave.
No meio destes pensamentos lamechas, vinham as ondas de ódio. Um simples episódio tinha transformado toda a minha vida, repleta de possível prosperidade, como podia ter sido tão bom. Pensava eu lavado em lágrimas. E o que teria acontecido a Helena? Matreira e cínica como era, pensei que devia ter feito as coisas de forma a ser perfilhada pelos meus pais. Ai que dor! Continuei o meu caminho, estava quase a chegar, já sentia o cheiro. Ao longe, por entre os cedros altos, avisto as chaminés do casarão, imponentes como sempre. Parei, achei aquilo absurdo. O que estava eu a fazer ali? Não tinha sentido. Passaram muitos anos, eu para esta gente estaria morto, mesmo se não estivesse, deveria estar. E também eu devia enterrar este meu passado horrendo e sair daqui. Com este pensamento voltei para trás. Mal iniciei a minha caminhada para trás, parei de novo. Olhei para o casarão, voltei-me na sua direcção. O ódio apoderou-se dos meus punhos, cerrei-os e fiz-me de novo ao caminho, tinha de me vingar! Estava tudo com muito bom aspecto, todo pintado de branco, de um branco angelical. O jardim estava impecável, cheio com as cores do arco íris, lindo. Apetecia morrer naquele lugar, seria uma bênção. Limpei as vestes sujas de pó, arranjei o cabelo, o pouco que tinha, limpei um pouco os sapatos cheios de lama e peguei na grande maçaneta da porta principal. Como tudo aquilo me parecia bem mais pequeno, quase normal. Enquanto esperava que alguém abrisse a porta, olhei mais uma vez o jardim e reapreciei a sua beleza. Acho que nunca tinha reparado, ou será que me tinha esquecido? Envolto nestes pensamentos, sinto a porta a abrir-se. Voltei-me e lá estava, como imaginei, o Sr. Antunes, o fiel caseiro, não me reconheceu.
- Não estamos a dar nada, nem sequer temos trabalho para si, vá-se embora! – Disse com ar altivo.
Fiquei calado. Olhei nos olhos dele. O Sr. Antunes teve um estremecimento e tombou um passo atrás.
- Menino Afonso...? - Ficou sem qualquer tipo de expressão, nada, ali ficou estarrecido, petrificado. - Não é possível! – eram as únicas palavras que dizia.
- Posso entrar Antunes? - Perguntei com um leve sorriso nos lábios, o primeiro dos últimos 22 anos.
- Não sei... - respondeu.
O que se teria passado? Primeiro o Médico, depois isto? O que se tinha passado? Fiquei transtornado.
- O menino não sabe? - Perguntou-me o Sr. Antunes.
- Não sei de nada Antunes, nada! Desde que cheguei à cidade que tudo se tornou muito estranho, sem explicação. Eu não mereço isto! Diga-me Antunes, o que foi? O que se passou? - Estava cada vez mais desesperado, confuso, sem rumo, tinha chegado ali com tanto esforço, com tanta dor acumulada, com todo o rancor do mundo, com o ódio que consumia o coração e alguém ali especado na porta da minha casa, a fazer-me perguntas, o que me transtorna ainda mais, o que me faz preocupar com esta gente? Gente que me abandonou, que me deixou, como a um reles cão de rua. Era demais!
- Antunes, de uma vez por todas diga-me o que se passou !
- O seu pai assassinou uma pessoa, por causa da menina Helena e neste momento está preso.
Não me espantei, tudo seria possível, vindo da prima. Já nada tinha importância.
A prima
- E porque razão não me deixa entrar Antunes? Isso não é razão. Empurrei-o e precipitei-me para dentro da casa.
O já velho Antunes nada pode fazer, estava já sem forças para me travar. A casa estava linda! Nova, como eu nunca a tinha visto. Mas como? Se o meu papá estava preso, quem tinha posses para sustentar a casa e tudo aquilo? O Sr. Antunes ordenou que saísse, mas eu não o ouvia, não queria saber, estava muito intrigado. Ouvi vozes que vinham da sala. Pareciam vozes de criança. Fui entrando. No sofá grande uma mulher, de costas, falava com duas crianças que a escutavam com muita atenção. Não deram pela minha entrada. Um arrepio percorreu-me as costas. Uma das crianças era a prima, a Helena. Não podia ser! Gritei de espanto: HELENA!!
Ao mesmo tempo entra o Sr. Antunes. As crianças assustam-se com o grito e gritaram ainda mais alto, a mulher também assustada levanta-se e volta-se.
- Helena?! És tu?! A mulher era a prima.
O Sr. Antunes agarra-me e tenta tirar-me dali. Sacudi-o com tamanha força que foi embater com a cabeça na mesa. Ficou inconsciente.
- Afonso? És tu? Estás vivo? O que estás aqui a fazer? Não sabes que não podes estar aqui? Crianças, corram lá para cima - Disse Helena.
Mas eu não as deixei passar e agarrei-as. A miúda era igual, igual à prima, impressionante.
- Então quem são estes, Helena? Os teus filhos, é? Que lindos! Vai ser uma pena... Helena viu os meus olhos e começou a implorar.
- Não, por favor, mais tristeza não! Não consigo suportar mais! - Dizia Helena, já com uma lágrimas nos olhos.
- Achas que iria fazer isso minha rica prima? - Dizia eu num tom irónico e malévolo. Enquanto isso, as crianças não paravam de gritar, mandei-as calar, depois, levei-as para a cave e deixei-as lá, fechadas à chave. Helena implorava e puxava-me, mas eu estava cego de raiva. Não conseguia ver mais nada, a vingança, o ódio, tudo, tudo! Os anos que tinha perdido, a felicidade, o afecto, tinha perdido tudo e tudo por culpa da prima, a maravilhosa prima. Estava mais bonita que nunca. Fui pacientemente para a sala. Ela tentava desesperadamente abrir a porta da cave. Ali fiquei na sala, até que ela com um machado na mão corre na minha direcção, para me tentar matar. Consegui evitá-la a muito custo, a loucura estava espelhada na cara dela, a todo o custo tinha de me matar. Corremos pela casa fora, parecia que tínhamos voltado à infância. Que giro! Por fim consegui tirar-lhe o machado da mão e pedi que se acalmasse. Necessitava de falar com ela. A princípio nada que eu dissesse fazia diferença, ela só queria soltar as crianças. Mas com o passar das horas, acalmou-se e sentou-se comigo na sala.
- Minha prima, minha linda e amada prima, como estás? Vejo que estás mais bonita que nunca.. Os dias correm-te bem? Estás com muito bom aspecto. Casaste? Filhos, muito bem! Gosto do que vejo... - Dizia-o com um misto de rancor, saudade e ironia.
Não havia qualquer tipo de dúvida, eu amava-a. Mas não conseguia dize-lo.
- Ouve Afonso, eu não sei o que se passou contigo, não sei mesmo, mas eu não sou culpada dos teus horrores.
Como seria possível ela ter a coragem de dizer aquilo. Eu não estava a acreditar.
- Desde o dia em que te bati, aqui neste sofá, que tudo para mim mudou. Não compreendes. - E não compreendia mesmo.
- Afonso, julgas que foste o único? E eu? Sabes o quanto sofri? Sabes o que me aconteceu depois desse dia? O teu querido papá mandou-me para um colégio de freiras, perdido no tempo e no espaço, só saí de lá aos 20 anos e foi porque fugi. Como se isso não bastasse, perseguiu-me até aos confins da terra, fez-me passar pelas piores situações da minha vida, só para lhe escapar. Ainda me vens com o discurso de coitadinho? Não te conhecia assim Afonso. Mas olha que pensava que ele também te tinha matado. Fiquei muito triste, mesmo muito. Tu eras a minha única esperança de alguma vez ser feliz na vida. Nada nem ninguém sabia de ti. Sabes quem foi o teu pai? Sabes do que ele é capaz? Ele mata com as próprias mãos, é um assassino! É um louco! Matou o meu marido! O meu marido era um cirurgião que conheci na cidade e numa discussão, acerca de doenças que podem ser combatidas com cirurgia, em que o teu querido papá acreditava que as doenças só podiam ser combatidas com mezinhas parvas e muita reza, matou de um só golpe no pescoço...
Aquelas palavras perfuravam o meu coração. Pareciam tão absurdas, era um cenário tão irreal. Tudo o que eu acreditava estava ali a ser ultrajado, transformado em barbaridades e dito pela única pessoa que alguma vez podia pensar em matar, torturar, fazer mal, e o que ouvia eu? Que o mau da fita era o meu pai. Achei aquilo muito descabido. Como pode ser isso verdade? Quem pagava a minha mensalidade no colégio? Quem me enviou a mensagem da morte da minha mãe? Para todas estas perguntas, a Helena respondeu:
- O Sr. Antunes...
Não podia ser, era demasiado incrível, não podia ser.
- E julgas que a tua mãe morreu de morte natural? Foi assassinada pelo teu papá que, aliás, não o era.
Era demais! Aquela havia sido a gota de água.
- Cala-te! - E dei-lhe um estalo, com toda a força.
- Isso é demais, estás a tentar que eu te poupe a vida e a dos teus filhos! Acorda! Já não tens 7 anos, eu também não, eu já não acredito em ti! Helena, tu és a pessoa mais má que eu conheço, mais reles, mais cínica, pior que conheço. Deixa a minha casa e já! Esta é a minha casa, põe-te na rua! Já!! Peguei-lhe no braço, mas ela não se moveu. Ela só olhava para mim e dizia que eu estava errado e pedia que lhe deixasse contar tudo. Eu, louco de desejo, de lhe dar um beijo, ali, junto a ela, mas ao mesmo tempo só lhe queria espetar uma faca, grande, muito grande no coração, para acabar com tudo aquilo. Nem pensei duas vezes, dei-lhe o beijo mais louco, apaixonado, cheio de amor e, no final, cravei-lhe o machado no peito.
Epílogo
Este dia de Inverno frio, em que no quarto do pequeno André e da pequena Helena a janela bate com o vento, enquanto eles descansam na cave. O Sr. Antunes, há muito que está ali inconsciente, junto à mesa. O meu querido paizinho, que jaz no cemitério de uma qualquer prisão e tu, minha querida, que estiveste a ouvir a história que se repete todos os dias, com a tua inconsolada paciência, que estás aqui ao meu lado a fazer-me companhia, há anos, no teu precioso silêncio. Linda, linda, prima!
(Fala para o cadáver sentado no cadeirão ao lado).
Os ossos doem-me, o frio, a humidade, essa maldita, mas bem vivida velhice, que me atormenta há anos. Mas graças a Deus tenho alguém com quem posso compartilhar estes dias de hoje, porque houve dias em que nada tinha, ninguém, só o vazio das paredes, o som do vento, que fustigava as janelas do piso de cima. E de todas, a do quarto do André e da pequena, que há muito estava partida, era a que mais me fazia arrepiar.
- Tenho que ir buscar mais lenha. - comentei.
O fogo brando, quase sumido, que quase não aquece, na lareira monstruosa e as sombras na parede, a fazerem lembrar mantos negros, como abutres, que esvoaçam pela sala, na noite.
Levantei-me, ao lado da lareira um cesto de verga, envelhecido pelo fumo e pelo calor, estava meio de lanha. Retirei dois troncos grossos e coloquei-os na lareira. Peguei no livro que lia, já há duas semanas. Aquela passagem em particular fez-me lembrar a minha infância. Os dias em que corria pela casa fora com a minha prima, na altura má como as cobras, matreira, dela nada se podia prever, mas o amor que sentia por ela, superava qualquer coisa. Um dia de Inverno, como este, andávamos a correr pela sala numa gritaria pegada. A minha prima tinha-me tirado do meu quarto um pequeno cavalinho de pau, que o meu tio tinha feito com a sua navalha, sempre impecavelmente afiada e com todo o carinho. E lá andava ela com o cavalinho na mão a troçar de mim e quando passava por esta lareira, fingia que atirava o cavalinho. Eu, em pânico, gritava e chorava. A maldade era tanta que nem um leve, suave, materno, doce, tão doce, “parem com isso!”, da minha querida mãe, a fazia parar. Eu nunca consegui compreender porquê. O que a levou a atirar o cavalinho para a lareira. Tenho cá as minhas suspeitas, mas é muito difícil de compreender. Com tamanha gritaria e choradeira, foi inevitável que o meu bem dito papá ia ouvir. Austero, severo, com voz de trovão, as mãos do tamanho de panelas de sopa, os olhos azuis, mais azuis que o céu e o bigode grisalho de pontas reviradas para baixo. Era muito alto, tão alto que não se lhe conseguia ver a alma, mas doce, tão amigo e afável e tão cruelmente justo, mesmo muito justo! Ao chegar à sala, soltou um, “gostava de saber o que me perturbou o sono!”. Eu não consegui soltar uma palavra que fosse, tudo se gelou dentro de mim. O cavalinho deixou imediatamente de existir, a única coisa que me ocorreu foi o destino da minha pobre prima, mas nem uma palavra, nada. Não conseguia salva-la. Quando me lembrava do que ela tinha feito, o ódio percorria o meu coração.
- O que se passou, Júlia? - Perguntou à minha mãe.
- Nada Senhor, nada se passou. – Respondeu a minha querida mãe, com a calma duma Santa.
Não achei justo. Mas era melhor assim, que aplicar a justiça do meu papá sobre a minha pobre prima. Ela, que era sempre muito irrequieta, quando o meu papá estava por perto, tornava-se na moça mais sossegada, mais angélica e doce que alguma vez havia existido. Eu, que padecia da mesma justiça do meu pai, suportei mal todo aquele clima obscuro de traição. Ele, que estava ainda de maus modos, sentou-se no seu grande cadeirão e pôs-se a olhar.
- Júlia, o seu filho está com um olhar muito rancoroso, algo se passou! Seria melhor contar-me o que se passou...- Disse o meu pai com ar severo.
- Senhor nada se passou! – Insistia a minha mãe.
Eu, eu nada podia fazer. O meu papá era contra a covardia que assolava a maioria das crianças e sabendo disso, insurgi-me.
- Prima, gostava que visses brincar comigo para o meu quarto... - Não me apercebi do que tinha dito. O meu pai quando estava na sala não queria que ninguém a abandonasse enquanto ele lá estivesse. Fiquei muito nervoso. A enorme e volumosa cabeça, voltou-se na minha direcção e de um só sopro, trovejou.
- O menino sabe que não pode fazer isso, não sabe? – O meu pai em tom de desafio.
Mais uma vez o meu corpo gelava, era como que todo o meu sangue quente nas minhas veias me abandonasse e no seu lugar corriam torrentes de gelo.
- Sim senhor... - Respondi com o coração na mão à espera da facada fatal.
A minha adorada prima, que de feia sempre teve muito pouco, olhou para mim e da sua boca linda, saiu a língua vermelha como uma cereja. O ódio foi superior à presença do meu pai. Nada me podia travar naquele instante. Saltei de um só impulso para cima dela e bati-lhe tanto com as mãos fechadas que nem as mãos vigorosas do meu papá conseguiram arrancar-me. Estava louco de raiva! A muito custo conseguiu separar-nos. A mãe, que sempre a vira com a calma de uma leve brisa, salta do enorme sofá deixando cair a sua primorosa renda e tenta também separar-nos. Eu fiquei nas mãos do meu pai. Ainda esperneava de raiva. Pela cara da minha prima escorria um fino fio de sangue que lhe vinha cabeça. A minha querida mãe, em pânico, olhou-me nos olhos e perfurou-me! O meu pai afastou-me dali de imediato, levou-me para o quarto e trancou-me a sete chaves. Fiquei quatro semanas a pão e água, de janela fechada, tapadas por fora. O caseiro, o Sr. Antunes, enquanto pregava as tábuas na janela, escorriam-lhe lágrimas grossas pela face seca pelo pó do campo, enquanto eu ficava ali encarcerado. Tinha uma vela que tinha de racionar, pois era a única para me fazer companhia. Todos os meus pensamentos estavam voltados num só sentido, a vingança! As quatro semanas transformaram-se em anos num colégio interno. Cresci rancoroso, fechado, triste, com pensamentos pecaminosos, sem vida interior. Nunca mais vi a minha amada mãe nem ela, a prima linda não me saía da cabeça... Quando soube da morte da minha mãezinha, abateu-se sobre mim uma tristeza e uma dor tão grandes que a única esperança tornou-se óbvia, tinha que me vingar.
A cidade
Com 19 anos, acabei todos os estudos, era agora médico. Não tinha um único amigo. A igreja ia-me dando algum apoio, mas até aquele dia nada nem ninguém sabia o que me trouxera àquele colégio. A única coisa que sabiam no colégio, era da existência de uma família que nada dizia, nem uma visita, nem uma carta, só um mensageiro com a morte da minha mãe e as mensalidades. Saí para a cidade com os meus 20 anos. O Padre Zacarias aconselhou-me um cirurgião muito famoso. Fiz-me ao caminho. Tinha crédito para um dia, não mais. Ao chegar à grande cidade pressenti algo nefasto, nada iria ser como até aí, iria ser bem pior. A agitação, o barulho, os olhares, os risos, as falas, os trajes, o cheiro, tudo era novo e distinto, nada igual ao que alguma vez tinha sentido. Mas, para além disso, senti um frio de medo a percorrer-me as costas. Bem que o Padre me havia avisado. Tal como o Padre me ensinara, perguntei a uma velhota que vendia fruta como fazer para chegar à morada do famoso cirurgião. Não sei quanto tempo andei a pé, mas perguntei indicações a sete velhotas que vendiam alimentos na rua. No final, bati à porta exausto. Ninguém... Esperei quatro dias. Ao final dos mesmos quatro dias, apareceu uma senhora de meia idade que, com muita ternura, me perguntou se eu estava perdido. Expliquei-lhe a razão pela qual estava ali e prontamente se ocupou de mim. Convidou-me a entrar, esperar pelo médico que tinha saído para fora por uns dias. Estava a morrer de fome. Só trazia uma mala e a roupa que tinha comigo e umas coroas para dormir, que guardei para comer algo. Em quatro dias tinha comido quatro maçãs. Estava mesmo com fome. O médico chegou passados alguns minutos. De olhos pequenos, muito elegante, muito aprumado, de chapéu alto e bengala, de cara muito lavada, sem uma única ruga, como se a pele fosse de cetim. Prontamente a senhora justificou a minha presença. O médico ficou muito impressionado, tão novo e já médico?! Expliquei em poucas palavras o meu passado e o médico compreendeu. Esticou a sua mão, muito macia e fria.
- Dr. Ernesto de Vasques, às suas ordens.
Eu nem sabia o que dizer, estendi a minha mão e apresentei-me,
- Afonso Biscaia, um seu criado.
Foi a primeira vez em 15 anos que disse o meu nome a um estranho. De certa forma não me soou bem, nem a mim, nem ao Dr.
- Afonso Biscaia? De onde? - Perguntou de sobrolho levantado.
- De Vandins de Cima, Sr. Dr. - disse eu a medo.
- Não acredito! - E dizendo isto o Dr. dá um passo a trás, com o olhar raiado de espanto.
- Tens a certeza? - Perguntou ainda incrédulo.
- Sim Sr. Dr., tenho.
Eu não compreendia o que se passava. Ele, pega no meu braço com toda a força e atira comigo para fora de casa, com a mala que trazia e aconselha-me a sair da cidade o mais rápido possível. Algo se tinha passado e tinha a ver com a minha família, algo de muito grave. Não podia ser mero acaso, o Dr. Ernesto não podia conhecer a minha família, seria um verdadeiro acaso. Peguei na mala. Estava desesperado. Não sabia para onde ir. Já era noite. Pernoitei num vão de escada ali perto. Pela manhã, resolvi procurar algo para fazer. Se ia ficar na cidade, teria de arranjar sustento. Durante dois dias procurei trabalho, ninguém me queria. Era demasiado franzino para fazer trabalhos pesados e eram os únicos que encontrava. Por fim, consegui um emprego numa fábrica de peles. Trabalhava-se do nascer ao pôr do sol, sete dias por semana e dormia-se dentro da fábrica, juntamente com mais centenas de operários. Durante anos a fio trabalhei naquela fábrica. Via muito poucas vezes a luz do dia. Mais uma vez, o isolamento era profundo, os pensamentos cada vez mais densos. Nada nem ninguém sabia quem eu era. De três em três meses tinha folga. Um dia, numa dessas folgas, saí e nunca mais voltei. Dentro da fábrica tinha-me informado como teria que fazer para chegar à estação de comboios. Assim fiz, com o pouco dinheiro que me pagavam, juntei o suficiente para sair daquele inferno e meti-me no comboio, rumo a casa.
A casa
Na viagem, pensava em várias coisas. A primeira, e a mais antiga, a vingança, a segunda, era saber o que se tinha passado para aquele Médico. Porquê aquela reacção? E, a terceira, era se o meu papá ainda estaria vivo. A viagem demorou cerca de seis dias. Estava realmente muito longe. Depois de um dia no comboio, dois dias de diligência, mais dois a pé e um pelo meio para descansar. Quanto mais me aproximava da região, maior era o aperto no coração, não sabia se estava a fazer bem. Por um lado, só pensava numa coisa, o reencontro com o passado e a saudade, por outro, o rancor, o ódio.
Estava agora com 29 anos, deformado, muito envelhecido, pálido. No entanto, quanto mais me aproximava, mais me sentia a rejuvenescer. Lembrava-me dos momentos que passei com todos, a mãezinha, o papá e até mesmo a prima, a pobre prima. Órfã. Era filha do irmão do meu pai, que morreu juntamente com a minha tia, num incêndio. As circunstâncias do incêndio sempre foram muito dúbias, mas não seria muito difícil adivinhar o que se tinha passado. Comecei a lembrar-me dos tempos da escola primária. A minha prima Helena (há quanto tempo não digo este nome...?), que andava na mesma classe que eu e que gostava muito de andar de baloiço ela e eu. Ali ficávamos horas. O intervalo, que era de apenas meia hora, transformava-se, para nós, em apenas dois minutos. Andávamos sempre juntos, até havia quem dizia que éramos namorados, mas isso não podia ser! Mas era de facto e por isso, por vezes, só para nos chatearem atiravam-nos um pedra ou outra, mas nunca nos acertavam. Helena ficava muito irritada com isso, corria atrás deles e batia-lhes com tudo o que tinha à mão. Por vezes era eu que tinha de acatar com a culpas, pois uma menina não tem comportamentos daqueles. O comportamento na escola, levou a chamar a mãezinha, que perguntou nesse dia à noite, longe dos ouvidos do papá, o que estava eu a fazer com a Helena. Eu, com um brilho nos olhos, respondia:
- A andar de baloiço com a Helena.
A mãezinha abraçava-me e pedia para ter mais cuidado, se o papá soubesse seria muito grave.
No meio destes pensamentos lamechas, vinham as ondas de ódio. Um simples episódio tinha transformado toda a minha vida, repleta de possível prosperidade, como podia ter sido tão bom. Pensava eu lavado em lágrimas. E o que teria acontecido a Helena? Matreira e cínica como era, pensei que devia ter feito as coisas de forma a ser perfilhada pelos meus pais. Ai que dor! Continuei o meu caminho, estava quase a chegar, já sentia o cheiro. Ao longe, por entre os cedros altos, avisto as chaminés do casarão, imponentes como sempre. Parei, achei aquilo absurdo. O que estava eu a fazer ali? Não tinha sentido. Passaram muitos anos, eu para esta gente estaria morto, mesmo se não estivesse, deveria estar. E também eu devia enterrar este meu passado horrendo e sair daqui. Com este pensamento voltei para trás. Mal iniciei a minha caminhada para trás, parei de novo. Olhei para o casarão, voltei-me na sua direcção. O ódio apoderou-se dos meus punhos, cerrei-os e fiz-me de novo ao caminho, tinha de me vingar! Estava tudo com muito bom aspecto, todo pintado de branco, de um branco angelical. O jardim estava impecável, cheio com as cores do arco íris, lindo. Apetecia morrer naquele lugar, seria uma bênção. Limpei as vestes sujas de pó, arranjei o cabelo, o pouco que tinha, limpei um pouco os sapatos cheios de lama e peguei na grande maçaneta da porta principal. Como tudo aquilo me parecia bem mais pequeno, quase normal. Enquanto esperava que alguém abrisse a porta, olhei mais uma vez o jardim e reapreciei a sua beleza. Acho que nunca tinha reparado, ou será que me tinha esquecido? Envolto nestes pensamentos, sinto a porta a abrir-se. Voltei-me e lá estava, como imaginei, o Sr. Antunes, o fiel caseiro, não me reconheceu.
- Não estamos a dar nada, nem sequer temos trabalho para si, vá-se embora! – Disse com ar altivo.
Fiquei calado. Olhei nos olhos dele. O Sr. Antunes teve um estremecimento e tombou um passo atrás.
- Menino Afonso...? - Ficou sem qualquer tipo de expressão, nada, ali ficou estarrecido, petrificado. - Não é possível! – eram as únicas palavras que dizia.
- Posso entrar Antunes? - Perguntei com um leve sorriso nos lábios, o primeiro dos últimos 22 anos.
- Não sei... - respondeu.
O que se teria passado? Primeiro o Médico, depois isto? O que se tinha passado? Fiquei transtornado.
- O menino não sabe? - Perguntou-me o Sr. Antunes.
- Não sei de nada Antunes, nada! Desde que cheguei à cidade que tudo se tornou muito estranho, sem explicação. Eu não mereço isto! Diga-me Antunes, o que foi? O que se passou? - Estava cada vez mais desesperado, confuso, sem rumo, tinha chegado ali com tanto esforço, com tanta dor acumulada, com todo o rancor do mundo, com o ódio que consumia o coração e alguém ali especado na porta da minha casa, a fazer-me perguntas, o que me transtorna ainda mais, o que me faz preocupar com esta gente? Gente que me abandonou, que me deixou, como a um reles cão de rua. Era demais!
- Antunes, de uma vez por todas diga-me o que se passou !
- O seu pai assassinou uma pessoa, por causa da menina Helena e neste momento está preso.
Não me espantei, tudo seria possível, vindo da prima. Já nada tinha importância.
A prima
- E porque razão não me deixa entrar Antunes? Isso não é razão. Empurrei-o e precipitei-me para dentro da casa.
O já velho Antunes nada pode fazer, estava já sem forças para me travar. A casa estava linda! Nova, como eu nunca a tinha visto. Mas como? Se o meu papá estava preso, quem tinha posses para sustentar a casa e tudo aquilo? O Sr. Antunes ordenou que saísse, mas eu não o ouvia, não queria saber, estava muito intrigado. Ouvi vozes que vinham da sala. Pareciam vozes de criança. Fui entrando. No sofá grande uma mulher, de costas, falava com duas crianças que a escutavam com muita atenção. Não deram pela minha entrada. Um arrepio percorreu-me as costas. Uma das crianças era a prima, a Helena. Não podia ser! Gritei de espanto: HELENA!!
Ao mesmo tempo entra o Sr. Antunes. As crianças assustam-se com o grito e gritaram ainda mais alto, a mulher também assustada levanta-se e volta-se.
- Helena?! És tu?! A mulher era a prima.
O Sr. Antunes agarra-me e tenta tirar-me dali. Sacudi-o com tamanha força que foi embater com a cabeça na mesa. Ficou inconsciente.
- Afonso? És tu? Estás vivo? O que estás aqui a fazer? Não sabes que não podes estar aqui? Crianças, corram lá para cima - Disse Helena.
Mas eu não as deixei passar e agarrei-as. A miúda era igual, igual à prima, impressionante.
- Então quem são estes, Helena? Os teus filhos, é? Que lindos! Vai ser uma pena... Helena viu os meus olhos e começou a implorar.
- Não, por favor, mais tristeza não! Não consigo suportar mais! - Dizia Helena, já com uma lágrimas nos olhos.
- Achas que iria fazer isso minha rica prima? - Dizia eu num tom irónico e malévolo. Enquanto isso, as crianças não paravam de gritar, mandei-as calar, depois, levei-as para a cave e deixei-as lá, fechadas à chave. Helena implorava e puxava-me, mas eu estava cego de raiva. Não conseguia ver mais nada, a vingança, o ódio, tudo, tudo! Os anos que tinha perdido, a felicidade, o afecto, tinha perdido tudo e tudo por culpa da prima, a maravilhosa prima. Estava mais bonita que nunca. Fui pacientemente para a sala. Ela tentava desesperadamente abrir a porta da cave. Ali fiquei na sala, até que ela com um machado na mão corre na minha direcção, para me tentar matar. Consegui evitá-la a muito custo, a loucura estava espelhada na cara dela, a todo o custo tinha de me matar. Corremos pela casa fora, parecia que tínhamos voltado à infância. Que giro! Por fim consegui tirar-lhe o machado da mão e pedi que se acalmasse. Necessitava de falar com ela. A princípio nada que eu dissesse fazia diferença, ela só queria soltar as crianças. Mas com o passar das horas, acalmou-se e sentou-se comigo na sala.
- Minha prima, minha linda e amada prima, como estás? Vejo que estás mais bonita que nunca.. Os dias correm-te bem? Estás com muito bom aspecto. Casaste? Filhos, muito bem! Gosto do que vejo... - Dizia-o com um misto de rancor, saudade e ironia.
Não havia qualquer tipo de dúvida, eu amava-a. Mas não conseguia dize-lo.
- Ouve Afonso, eu não sei o que se passou contigo, não sei mesmo, mas eu não sou culpada dos teus horrores.
Como seria possível ela ter a coragem de dizer aquilo. Eu não estava a acreditar.
- Desde o dia em que te bati, aqui neste sofá, que tudo para mim mudou. Não compreendes. - E não compreendia mesmo.
- Afonso, julgas que foste o único? E eu? Sabes o quanto sofri? Sabes o que me aconteceu depois desse dia? O teu querido papá mandou-me para um colégio de freiras, perdido no tempo e no espaço, só saí de lá aos 20 anos e foi porque fugi. Como se isso não bastasse, perseguiu-me até aos confins da terra, fez-me passar pelas piores situações da minha vida, só para lhe escapar. Ainda me vens com o discurso de coitadinho? Não te conhecia assim Afonso. Mas olha que pensava que ele também te tinha matado. Fiquei muito triste, mesmo muito. Tu eras a minha única esperança de alguma vez ser feliz na vida. Nada nem ninguém sabia de ti. Sabes quem foi o teu pai? Sabes do que ele é capaz? Ele mata com as próprias mãos, é um assassino! É um louco! Matou o meu marido! O meu marido era um cirurgião que conheci na cidade e numa discussão, acerca de doenças que podem ser combatidas com cirurgia, em que o teu querido papá acreditava que as doenças só podiam ser combatidas com mezinhas parvas e muita reza, matou de um só golpe no pescoço...
Aquelas palavras perfuravam o meu coração. Pareciam tão absurdas, era um cenário tão irreal. Tudo o que eu acreditava estava ali a ser ultrajado, transformado em barbaridades e dito pela única pessoa que alguma vez podia pensar em matar, torturar, fazer mal, e o que ouvia eu? Que o mau da fita era o meu pai. Achei aquilo muito descabido. Como pode ser isso verdade? Quem pagava a minha mensalidade no colégio? Quem me enviou a mensagem da morte da minha mãe? Para todas estas perguntas, a Helena respondeu:
- O Sr. Antunes...
Não podia ser, era demasiado incrível, não podia ser.
- E julgas que a tua mãe morreu de morte natural? Foi assassinada pelo teu papá que, aliás, não o era.
Era demais! Aquela havia sido a gota de água.
- Cala-te! - E dei-lhe um estalo, com toda a força.
- Isso é demais, estás a tentar que eu te poupe a vida e a dos teus filhos! Acorda! Já não tens 7 anos, eu também não, eu já não acredito em ti! Helena, tu és a pessoa mais má que eu conheço, mais reles, mais cínica, pior que conheço. Deixa a minha casa e já! Esta é a minha casa, põe-te na rua! Já!! Peguei-lhe no braço, mas ela não se moveu. Ela só olhava para mim e dizia que eu estava errado e pedia que lhe deixasse contar tudo. Eu, louco de desejo, de lhe dar um beijo, ali, junto a ela, mas ao mesmo tempo só lhe queria espetar uma faca, grande, muito grande no coração, para acabar com tudo aquilo. Nem pensei duas vezes, dei-lhe o beijo mais louco, apaixonado, cheio de amor e, no final, cravei-lhe o machado no peito.
Epílogo
Este dia de Inverno frio, em que no quarto do pequeno André e da pequena Helena a janela bate com o vento, enquanto eles descansam na cave. O Sr. Antunes, há muito que está ali inconsciente, junto à mesa. O meu querido paizinho, que jaz no cemitério de uma qualquer prisão e tu, minha querida, que estiveste a ouvir a história que se repete todos os dias, com a tua inconsolada paciência, que estás aqui ao meu lado a fazer-me companhia, há anos, no teu precioso silêncio. Linda, linda, prima!
(Fala para o cadáver sentado no cadeirão ao lado).
quarta-feira, 27 de julho de 2005
Ida ao médico
A consulta estava marcada vai para mais de um mês. Sempre que ia ao ginecologista ficava em stress horas antes, chegava mesmo a sentir pequenas contracções involuntárias que quase a levavam ao orgasmo. Apesar de recorrer aos lavabos antes do exame, parecia-lhe sempre que quando abria as pernas o odor era intenso e a lubrificação exagerada. De resto, dobrava as cuequinhas meticulosamente por forma a que o médico não se apercebesse de que estavam molhadas. Quando o gajo lhe dizia para se chegar mais para baixo, quase que se vinha. Há que dizer que o homem não era feio. Mas podia ser. O que a excitava, o que a deixava em brasa, era o gajo ser ginecologista, não o conhecer de lado nenhum e estar ali de perna escancarada e grelo à mostra. O tipo não dizia nada mas percebia o que se passava. Por alguma razão ele já não punha o gel lubrificante no espectro. Ele calçava a luva de latex e abria-lhe a dita. Se a gaja falasse estava a gritar: anda chupa-me toda! Vá meu cabrão, põe a mão por mim a cima!
Está tudo bem. Dizia-lhe o gajo, num tom que lhe pareceu trocista. Ela agarrou-lhe a mão. Não está nada tudo bem! Sabe muito bem que não está tudo bem ou acha que ando sempre por aí a pingar como se fosse uma torneira? Desculpará, minha senhora, mas eu não sou canalizador... respondia o gajo com cara de parvo. Não era canalizador mas já tinha a chave de fendas montada que a bata branca já parecia uma tenda de campismo...
Mau, mau, foi quando a ajudante entrou e foi dar com os gajos a tratarem do sifão...
By Lasciva
Está tudo bem. Dizia-lhe o gajo, num tom que lhe pareceu trocista. Ela agarrou-lhe a mão. Não está nada tudo bem! Sabe muito bem que não está tudo bem ou acha que ando sempre por aí a pingar como se fosse uma torneira? Desculpará, minha senhora, mas eu não sou canalizador... respondia o gajo com cara de parvo. Não era canalizador mas já tinha a chave de fendas montada que a bata branca já parecia uma tenda de campismo...
Mau, mau, foi quando a ajudante entrou e foi dar com os gajos a tratarem do sifão...
By Lasciva
terça-feira, 26 de julho de 2005
Diário de uma noite.
Nada fora do normal, igual a muitas outras, com algumas diferenças, sem carro, sem cool driver, sem Gregório Gregório, só eu e mais eu.
Começo a noite no Irish, uma pint of Guiness e um Jameson pequeno. Cais do Sodré , pois é! Bebo e saio, logo ao lado bebo um café. Subo a Rua do Alecrim. Um, arrumador experiente faz sinal a um autocarro para estacionar num lugar onde só cabe um Smart. Já no Bairro Alto e, depois de estar devidamente acompanhado por uma preta, observo a fauna e a flora. Um tipa tenta entrar no bar, mas é placada pelo porteiro. Trazia na mão uma garrafa de litro e meio 7 Up “alterada” e como todos sabemos isso não é permitido por lei. A lei diz: “Em todo e qualquer caso, nunca um utente de um bar deverá entrar com uma garrafa de 7 Up alterado.” E assim a lei foi cumprida. Não obstante este facto, outro assume ainda menor relevo, pois a tipa não trazia nada vestido da cintura para baixo. O porteiro desse mesmo bar, encabela conversa com um “gajo da noite”. O dialogo é extremamente interessante; falam de um possível indivíduo e pelas descrições, acham que estão a falar do Manel, pelo menos é que consta. Mas quando compram os traços fisionómicos, nada bate certo. Ora nem mais! Após este episódio Freudiano, deparo-me com uma figura que me arrepia e logo tenho o chamado, “flash”; Bin Laden mora no Bairro Alto! Outro bar, mais uma preta, leio umas coisa, outra preta e saio. Na esquina do Frágil a habitual fauna, a flora é que vai mudando, umas vezes mais activa que outras. Deparo-me com verdadeiro paradoxo, na esquina em frente ao Frágil, está uma loja de ferragens. Isto seria normal se as lojas de ferragens não fossem um dos bastiões dos puros machos. Lindo! A tia Alice is on the house! Yees! Cumprimentei-a, como sempre faço, quando está. E sai um pontapé na cona! Venho para a rua. Aprecio os transeuntes, bebo outro pontapé, peço mais um. Venho para o meu canto. Ao meu lado rebenta uma bomba e pelo cheiro é das boas! Já não sentia este cheiro já a algum tempo, era mesmo intenso! Passam dois bófias e a bomba continua a deflagrar. Nada de mais, tanto que se pode fumar, mas o mais interessante foi quando os bófias efectivaram a sua passagem, ai as bocas começaram: Olha ai, refunde a cena! Olha a bófia! - Eu não aguentei, tive que desmanchar... ahaha! Passados 2 segundos, passam um grupo de ex-cons e nem ai nem ui, tudo normal. Não compreendi. Mais uns minutos tornei-me suspeito, resolvi evaporar. Passei pelo Museu Maçónico, WHAT?! O Museu Maçónico é no Bairro Alto!!? Ok... não sabia.
Uma questão primordial: Porque razão os cães da rua andam sempre com os mendigos, bêbados e janados?
Já me estou a passar; Onde está o sangue!!??
Hora Bossa Nova na rua, no Bairro Alto, muito bonito!...
Pernas, as pernas, são curtas, muito curtas! Anão!!
Começou a paranóia, ciao!
Noite Bauhaus.
Começo a noite no Irish, uma pint of Guiness e um Jameson pequeno. Cais do Sodré , pois é! Bebo e saio, logo ao lado bebo um café. Subo a Rua do Alecrim. Um, arrumador experiente faz sinal a um autocarro para estacionar num lugar onde só cabe um Smart. Já no Bairro Alto e, depois de estar devidamente acompanhado por uma preta, observo a fauna e a flora. Um tipa tenta entrar no bar, mas é placada pelo porteiro. Trazia na mão uma garrafa de litro e meio 7 Up “alterada” e como todos sabemos isso não é permitido por lei. A lei diz: “Em todo e qualquer caso, nunca um utente de um bar deverá entrar com uma garrafa de 7 Up alterado.” E assim a lei foi cumprida. Não obstante este facto, outro assume ainda menor relevo, pois a tipa não trazia nada vestido da cintura para baixo. O porteiro desse mesmo bar, encabela conversa com um “gajo da noite”. O dialogo é extremamente interessante; falam de um possível indivíduo e pelas descrições, acham que estão a falar do Manel, pelo menos é que consta. Mas quando compram os traços fisionómicos, nada bate certo. Ora nem mais! Após este episódio Freudiano, deparo-me com uma figura que me arrepia e logo tenho o chamado, “flash”; Bin Laden mora no Bairro Alto! Outro bar, mais uma preta, leio umas coisa, outra preta e saio. Na esquina do Frágil a habitual fauna, a flora é que vai mudando, umas vezes mais activa que outras. Deparo-me com verdadeiro paradoxo, na esquina em frente ao Frágil, está uma loja de ferragens. Isto seria normal se as lojas de ferragens não fossem um dos bastiões dos puros machos. Lindo! A tia Alice is on the house! Yees! Cumprimentei-a, como sempre faço, quando está. E sai um pontapé na cona! Venho para a rua. Aprecio os transeuntes, bebo outro pontapé, peço mais um. Venho para o meu canto. Ao meu lado rebenta uma bomba e pelo cheiro é das boas! Já não sentia este cheiro já a algum tempo, era mesmo intenso! Passam dois bófias e a bomba continua a deflagrar. Nada de mais, tanto que se pode fumar, mas o mais interessante foi quando os bófias efectivaram a sua passagem, ai as bocas começaram: Olha ai, refunde a cena! Olha a bófia! - Eu não aguentei, tive que desmanchar... ahaha! Passados 2 segundos, passam um grupo de ex-cons e nem ai nem ui, tudo normal. Não compreendi. Mais uns minutos tornei-me suspeito, resolvi evaporar. Passei pelo Museu Maçónico, WHAT?! O Museu Maçónico é no Bairro Alto!!? Ok... não sabia.
Uma questão primordial: Porque razão os cães da rua andam sempre com os mendigos, bêbados e janados?
Já me estou a passar; Onde está o sangue!!??
Hora Bossa Nova na rua, no Bairro Alto, muito bonito!...
Pernas, as pernas, são curtas, muito curtas! Anão!!
Começou a paranóia, ciao!
Noite Bauhaus.
sexta-feira, 22 de julho de 2005
Homem vagina e mulher pénis
Vinha hoje no autocarro e pensei: e se as pessoas trocassem de sexo? Ou seja, se os homens tivessem vagina e as mulheres pénis, mas tudo o resto mantinha-se. Estão a imaginar?
Passo seguinte, as questões...
- Quem tem os bebes? A mulher.
- Por onde saem os bebes? Pela pequena ranhura do pénis, que se dilata, tipo cabeça de serpente.
- Os óvulos, como são fecundados, quem tem o esperma e o óvulo? Fácil! A ejaculação do homem é dentro da sua vagina e ai fica. Aquando da penetração da mulher, o seu pénis no momento do orgasmos suga o esperma de dentro da vagina do homem, que em seguida entra para as trompas da mulher, onde se encontra o óvulos, podendo ai ser fecundado.
- E o prazer? Sim, esse tema muito importante! Os homens na sua vagina detém o clitóris, e as mulheres a glande do pénis, simples!
- Urinar? Basta trocar os sinais nas casas de banho!
- E o período da mulheres? Têm-no à mesma. O sangue sai pela ranhura do pénis.
- E o que faz o homem depois de um orgasmo? Lava, ou então sai. Já no caso das mulheres, aquando do acto sexual, a maior parte do esperma é absorvido pelo fluidos corporais da mulher, o resto sai.
- E as frases? Tipo: Toma querida! Será alterado para: Dá-me querida! Já as mulheres dirão: Fazia-te um minete agora mesmo e aqui! Ou então: Estou cheia de tesão, até se nota no vestido... oops!
- Os homossexuais? Os homens “brincam” com os “dildos”, entre outras coisas uns com os outros e as mulheres passam a ter sexo anal, simples não acham?
- E as habituais cenas, o meu pénis é maior que o teu, como é? Será : Olha p’a minha vagina! É mais vermelha que a tua! Olha p’o meu clitóris!!
- E o resto? Tudo normal, o homem mantém os testículos, a mulher os seios, as mulheres continuam femininas e os homens machões, or not...
Passo seguinte, as questões...
- Quem tem os bebes? A mulher.
- Por onde saem os bebes? Pela pequena ranhura do pénis, que se dilata, tipo cabeça de serpente.
- Os óvulos, como são fecundados, quem tem o esperma e o óvulo? Fácil! A ejaculação do homem é dentro da sua vagina e ai fica. Aquando da penetração da mulher, o seu pénis no momento do orgasmos suga o esperma de dentro da vagina do homem, que em seguida entra para as trompas da mulher, onde se encontra o óvulos, podendo ai ser fecundado.
- E o prazer? Sim, esse tema muito importante! Os homens na sua vagina detém o clitóris, e as mulheres a glande do pénis, simples!
- Urinar? Basta trocar os sinais nas casas de banho!
- E o período da mulheres? Têm-no à mesma. O sangue sai pela ranhura do pénis.
- E o que faz o homem depois de um orgasmo? Lava, ou então sai. Já no caso das mulheres, aquando do acto sexual, a maior parte do esperma é absorvido pelo fluidos corporais da mulher, o resto sai.
- E as frases? Tipo: Toma querida! Será alterado para: Dá-me querida! Já as mulheres dirão: Fazia-te um minete agora mesmo e aqui! Ou então: Estou cheia de tesão, até se nota no vestido... oops!
- Os homossexuais? Os homens “brincam” com os “dildos”, entre outras coisas uns com os outros e as mulheres passam a ter sexo anal, simples não acham?
- E as habituais cenas, o meu pénis é maior que o teu, como é? Será : Olha p’a minha vagina! É mais vermelha que a tua! Olha p’o meu clitóris!!
- E o resto? Tudo normal, o homem mantém os testículos, a mulher os seios, as mulheres continuam femininas e os homens machões, or not...
quarta-feira, 20 de julho de 2005
11 de Outubro
António que nunca tinha provado o borrego, pede meia dose. O empregado meio zarolho, olha-o com ar de desdém e do alto do seu metro e quarenta riposta:
- O Sr. quer o quê?!...
- Meia dose de borrego, se faz favor. – Com um ar intimidado.
- Como queira.... – Cuspe no lápis e aponta o pedido no seu bloco infecto de pontas castanhas da gordura.
- Já agora e se não se importar, o meu amigo também queria pedir, pode ser? – Ainda mais subserviente.
- Calma pá!! Só tenho dois braços! – com maus modos - Ora portanto, uma de borrego e para o Sr o que vai ser...? – Acenando com a cabeça para mim.
- Eu queria uma omelete de camarão.
- Hãn? De quê?
- Camarão.
- Vou ver se temos. – com modos de taberneiro mal cheiroso.
- Com certeza. – volto-me para o António e pergunto – Ó António, diz-me lá uma coisa.
- Diz lá...
- Quando disseste que íamos comer, não me lembro de ter mencionado que íamos comer ao bufete do hospital? – com tom irónico.
- Porque dizes isso?
- Estamos num dos lugares mais finos e caros de Santa Margarida do Azorro e começo a achar que este tipo não gosta muito de água, muito menos de nos servir.
- Óh isso, não te preocupes. O Sr. Amaro é assim mas é boa pessoa.
- Acredito António, julgo é que ele não sabe disso.
- Não sejas assim tão incrédulo Martins. Tem mais fé nas pessoas.
- Gostava, mas às vezes julgo que não, em especial quando me deparo com situações como esta e sabendo disso tento a todo custo evita-las.
- Isso é que fazes mal. Se sabes de ante mão que as situações podem ser assim porque razão tentas encara-las e ao mesmo tempo evita-las?
- Mas meu amigo, este situação foi inesperada. Eu julgava estar num restaurante de 5 estralas e o que vejo? Um taberneiro que me ameaça batatada, cospe para lápis como que se do pénis se tratasse, acho que isto é sinónimo de um atendimento personalizado e de alto gabarito?
- Mas julguei...
- Cala-te! Eu estou muito arrependido de estar aqui contigo! Sempre julguei que fosses mais selectivo nas tuas opções e o que vejo eu? Hãn? Um qualquer restaurante vão de escada, perdido no meio de um aldeia Serrana, onde o frio transparece por entre as pedras da calçada branca, como que se quisesse apoderar dos teus malditos joanetes!
- Ilário? Ilário Martins? Allô? Chama Ilário Martins à terra... Allô?!?
- ... e como que por entre a bruma, serrada, o nevoeiro húmido, carregado de morte...
- Martins? Já chega! Estás a começar a assustar-me, basta! Volta!!
- Posso ser útil n’alguma coisa? – Pergunta o empregado imundo.
- Nada Sr. Amaro, muito obrigado. Muito gentil da sua parte.
- ... em nada se transforma quando se tenta alterar, em nada se converte quando se tenta alimentar, o luar carregado....
- MARTINS!!! BASTA!!! – e com estas duras palavras sacode-me, provocando um colapso no meu minúsculo cérebro, que chocalha dentro da minha enorme caixa craniana.
- ... Hãn?! O que foi?! Onde estou!? – de olhos alucinados e raiados de loucura, despertei. – António? És tu? O que se passou?
- Não sei Martins, não sei... mas fiquei apavorado, mesmo muito. – Com a sua mão magra e gelada, António passa-a pelo meu rosto. – Pronto já está tudo bem, pronto... como te sentes?
- Não sei, muito confuso, como que o meu corpo tivesse sido invadido por outro ser, sinto-me conspurcado, sem alma, vazio. Como que sentisse que este não é o meu cheiro, este não é o meu casaco.
- Bem estranho Martins, bem estranho... – comentado isto com comigo e olhando para o Sr. Amaro evidenciando loucura da minha parte.
E com estas palavras, saiu e dirigiu-se para a sala de encontro. Aí passa cerca de dez minutos, tempo suficiente para eu rever o golpe final. Como antecipara um final feliz, de um só gesto revi todos os passos do amigo António. Não me fiz rogado e passei ao ataque. Sabendo de ante mão o que me trazia aquele lugar, resolvi fazer o que tínhamos em mente. Fiz de conta que me sentia mal e fui até ao bar. Esperei pacientemente que o meu amigo António se livrasse do empregado sebento. Mais quinze ou vinte minutos e tudo aquilo iria terminar. António dava conversar ao empregado e ao chefe de mesa pedindo desculpa pelo sucedido. Consegui por entre a conversa perceber que tudo estava esclarecido. Nada tinha alterado o plano. Voltei para junto dele.
- Então, tudo mais calmo, amigo Martins? – Colocando a sua mão sobre o meu ombro, enquanto me sentava de novo junto à mesa.
- Tudo melhor agora... Olha lá, António. Tens a certeza que ele vem?
- Martins? A rosa está vermelha...
- Sim, mas eu estou a começar a ficar com suores frios.
- Martins, o que foi que te disse o meu padrinho? Se isso acontecer, é porque Ele está lá em cima a olhar por nós.
- Sei! Mas tenho receio que não cumpra a minha parte.
- Deixa estar, eu ajudo-te. – e com estas palavras tudo ficou claro na minha cabeça.
Todo o plano estava exactamente a correr à mil maravilhas! Era impressionante, quase um sonho, uma realidade abstracta, lindo, o paraíso estava a dois minutos de distância.
- Martins, o tipo acabou de chegar.
- Óptimo António! Óptimo! Está tudo a compor-se, estou calmo, já vi tudo. – disse-o com um olhar apaixonado.
- Isso, já vi que sim. É muito bonito não é?!
- É lindo António! É lindo!
- Estás pronto Martins?
- Sim estou...
- Sentes o saco de baixo da mesa?
- Estou com ele na mão e estou a sentir o detonador.
- AGORA!!!
E os dois bem alto gritámos: Ala!!
Mais de 40 mortos, entre eles um dirigente político interveniente nas negociações, cerca de 200 feridos, o meu amigo António ao meu lado desfeito e eu no céu observo, no entanto, penso que nada daquilo tem muito sentido... porque razão o sangue é todo da mesma cor...?
- O Sr. quer o quê?!...
- Meia dose de borrego, se faz favor. – Com um ar intimidado.
- Como queira.... – Cuspe no lápis e aponta o pedido no seu bloco infecto de pontas castanhas da gordura.
- Já agora e se não se importar, o meu amigo também queria pedir, pode ser? – Ainda mais subserviente.
- Calma pá!! Só tenho dois braços! – com maus modos - Ora portanto, uma de borrego e para o Sr o que vai ser...? – Acenando com a cabeça para mim.
- Eu queria uma omelete de camarão.
- Hãn? De quê?
- Camarão.
- Vou ver se temos. – com modos de taberneiro mal cheiroso.
- Com certeza. – volto-me para o António e pergunto – Ó António, diz-me lá uma coisa.
- Diz lá...
- Quando disseste que íamos comer, não me lembro de ter mencionado que íamos comer ao bufete do hospital? – com tom irónico.
- Porque dizes isso?
- Estamos num dos lugares mais finos e caros de Santa Margarida do Azorro e começo a achar que este tipo não gosta muito de água, muito menos de nos servir.
- Óh isso, não te preocupes. O Sr. Amaro é assim mas é boa pessoa.
- Acredito António, julgo é que ele não sabe disso.
- Não sejas assim tão incrédulo Martins. Tem mais fé nas pessoas.
- Gostava, mas às vezes julgo que não, em especial quando me deparo com situações como esta e sabendo disso tento a todo custo evita-las.
- Isso é que fazes mal. Se sabes de ante mão que as situações podem ser assim porque razão tentas encara-las e ao mesmo tempo evita-las?
- Mas meu amigo, este situação foi inesperada. Eu julgava estar num restaurante de 5 estralas e o que vejo? Um taberneiro que me ameaça batatada, cospe para lápis como que se do pénis se tratasse, acho que isto é sinónimo de um atendimento personalizado e de alto gabarito?
- Mas julguei...
- Cala-te! Eu estou muito arrependido de estar aqui contigo! Sempre julguei que fosses mais selectivo nas tuas opções e o que vejo eu? Hãn? Um qualquer restaurante vão de escada, perdido no meio de um aldeia Serrana, onde o frio transparece por entre as pedras da calçada branca, como que se quisesse apoderar dos teus malditos joanetes!
- Ilário? Ilário Martins? Allô? Chama Ilário Martins à terra... Allô?!?
- ... e como que por entre a bruma, serrada, o nevoeiro húmido, carregado de morte...
- Martins? Já chega! Estás a começar a assustar-me, basta! Volta!!
- Posso ser útil n’alguma coisa? – Pergunta o empregado imundo.
- Nada Sr. Amaro, muito obrigado. Muito gentil da sua parte.
- ... em nada se transforma quando se tenta alterar, em nada se converte quando se tenta alimentar, o luar carregado....
- MARTINS!!! BASTA!!! – e com estas duras palavras sacode-me, provocando um colapso no meu minúsculo cérebro, que chocalha dentro da minha enorme caixa craniana.
- ... Hãn?! O que foi?! Onde estou!? – de olhos alucinados e raiados de loucura, despertei. – António? És tu? O que se passou?
- Não sei Martins, não sei... mas fiquei apavorado, mesmo muito. – Com a sua mão magra e gelada, António passa-a pelo meu rosto. – Pronto já está tudo bem, pronto... como te sentes?
- Não sei, muito confuso, como que o meu corpo tivesse sido invadido por outro ser, sinto-me conspurcado, sem alma, vazio. Como que sentisse que este não é o meu cheiro, este não é o meu casaco.
- Bem estranho Martins, bem estranho... – comentado isto com comigo e olhando para o Sr. Amaro evidenciando loucura da minha parte.
E com estas palavras, saiu e dirigiu-se para a sala de encontro. Aí passa cerca de dez minutos, tempo suficiente para eu rever o golpe final. Como antecipara um final feliz, de um só gesto revi todos os passos do amigo António. Não me fiz rogado e passei ao ataque. Sabendo de ante mão o que me trazia aquele lugar, resolvi fazer o que tínhamos em mente. Fiz de conta que me sentia mal e fui até ao bar. Esperei pacientemente que o meu amigo António se livrasse do empregado sebento. Mais quinze ou vinte minutos e tudo aquilo iria terminar. António dava conversar ao empregado e ao chefe de mesa pedindo desculpa pelo sucedido. Consegui por entre a conversa perceber que tudo estava esclarecido. Nada tinha alterado o plano. Voltei para junto dele.
- Então, tudo mais calmo, amigo Martins? – Colocando a sua mão sobre o meu ombro, enquanto me sentava de novo junto à mesa.
- Tudo melhor agora... Olha lá, António. Tens a certeza que ele vem?
- Martins? A rosa está vermelha...
- Sim, mas eu estou a começar a ficar com suores frios.
- Martins, o que foi que te disse o meu padrinho? Se isso acontecer, é porque Ele está lá em cima a olhar por nós.
- Sei! Mas tenho receio que não cumpra a minha parte.
- Deixa estar, eu ajudo-te. – e com estas palavras tudo ficou claro na minha cabeça.
Todo o plano estava exactamente a correr à mil maravilhas! Era impressionante, quase um sonho, uma realidade abstracta, lindo, o paraíso estava a dois minutos de distância.
- Martins, o tipo acabou de chegar.
- Óptimo António! Óptimo! Está tudo a compor-se, estou calmo, já vi tudo. – disse-o com um olhar apaixonado.
- Isso, já vi que sim. É muito bonito não é?!
- É lindo António! É lindo!
- Estás pronto Martins?
- Sim estou...
- Sentes o saco de baixo da mesa?
- Estou com ele na mão e estou a sentir o detonador.
- AGORA!!!
E os dois bem alto gritámos: Ala!!
Mais de 40 mortos, entre eles um dirigente político interveniente nas negociações, cerca de 200 feridos, o meu amigo António ao meu lado desfeito e eu no céu observo, no entanto, penso que nada daquilo tem muito sentido... porque razão o sangue é todo da mesma cor...?
terça-feira, 19 de julho de 2005
A razão
A besta imensa que divide a minha razão é comparada só, única e exclusivamente, a um elefante cheio de vontade de copular, com uma cadela sem o cio.
Se acham isto bárbaro ou sem sentido, tentem falar com o meu dermatologista após uma consulta de rotina. É virtualmente impossível tentar compreender ou encontrar qualquer tipo de sentido, seja ele nefasto ou concreto, nas palavras do homem. Tudo quando julgavam conhecer e mesmo o que julgo não conhecer, é vos posto à vossa frente na forma verbal, para além disso há os indícios físicos de que algo vai rebentar dentro dele. Os olhos saem das orbitas, as veias jugulares transformam-se em grandes mangueiras, como as dos bombeiros, os dedos e unhas cravam-se nas almofadas do cadeirão, a saliva em forma de espuma escorre abundantemente nos cantos da boca e por entre esta estado de espirito saem palavras como: eczematosas, psoríase, disidrose, vesiculante, Streptococcus pyogenes grupo A, estreptococos ou até estafilococos, misturadas com palavrões para além do aceitável, a roçar o fantástico. Isto tudo porque fui à praia de Cruz Quebrada.
Por isso estão a ver como está a minha razão, basicamente está eczematosas, psoríase, com disidrose, vesiculante, com streptococcus pyogenes grupo A, cheia de estreptococos ou até estafilococos, mas por outro lado sei muito bem quando estou feliz.
Se acham isto bárbaro ou sem sentido, tentem falar com o meu dermatologista após uma consulta de rotina. É virtualmente impossível tentar compreender ou encontrar qualquer tipo de sentido, seja ele nefasto ou concreto, nas palavras do homem. Tudo quando julgavam conhecer e mesmo o que julgo não conhecer, é vos posto à vossa frente na forma verbal, para além disso há os indícios físicos de que algo vai rebentar dentro dele. Os olhos saem das orbitas, as veias jugulares transformam-se em grandes mangueiras, como as dos bombeiros, os dedos e unhas cravam-se nas almofadas do cadeirão, a saliva em forma de espuma escorre abundantemente nos cantos da boca e por entre esta estado de espirito saem palavras como: eczematosas, psoríase, disidrose, vesiculante, Streptococcus pyogenes grupo A, estreptococos ou até estafilococos, misturadas com palavrões para além do aceitável, a roçar o fantástico. Isto tudo porque fui à praia de Cruz Quebrada.
Por isso estão a ver como está a minha razão, basicamente está eczematosas, psoríase, com disidrose, vesiculante, com streptococcus pyogenes grupo A, cheia de estreptococos ou até estafilococos, mas por outro lado sei muito bem quando estou feliz.
sexta-feira, 15 de julho de 2005
quinta-feira, 14 de julho de 2005
Manual de boas práticas
No cinema:
- Perguntar à pessoa que está a vender os bilhetes se tem trocos. Se responder que sim, pague com Multibanco, se responder que não, faça um sinal para o fundo da sala e vá-se embora.
- Quando estiver a comprar o bilhete pergunte se as cadeiras estão equipadas com algálias.
- Entre na sala dois minutos atrasados e gritem: “Porra! Deixei o telemóvel no frigorifico.”
- Quando lhe estiverem a indicar o lugar, iniciem um choro nervoso e digam que não querem aquele lugar, que preferem o lugar do morto.
- Depois de sentados e passados 30 segundos, finjam que estão a dormir.
- De 10 em 10 minutos levantem-se, no caso dos Srs. ajeitem o cabelo e no das as Sras. ajeitem o cabelo.
- Baixinho vão chamando a pessoa que está no outro lado da sala, com um pssst e aos poucos intensifiquem o psst.
- Caso optaram pela sala de cinema pipoca, encham a boca de muitas pipocas e depois prenunciem a palavra Afonso, mas com muita força.
- Se for um drama, entrem na sala com um rolo de papel higiénico e apontem, para a pessoa que vai a vossa frente.
- Se for um filme de acção, quando estiverem a entra da sala, benzam-se.
- Se for uma comédia, entrem na sala antes de começar o filme a rir às gargalhadas e quando alguém se rir durante o filme, mandem a calar, evocando surdez.
- Se for um outro filme qualquer, não vão ver.
- Se for um outro filme qualquer, mas queiram lhe dar um tema, façam o mesmo.
- Se for a primeira vez que vão ao cinema com aquela pessoa, digam que sofrem de claustrofobia, após o final do filme.
- A meio do filme ponham o braço no ar e esperem que alguém chegue junto de vós. Se isso acontecer, peçam um Vodka Martini, com duas pedras.
- Antes de desligarem o telemóvel, experimentem todas as melodias do vosso telemóvel. Se isso demorar mais que duas horas, peçam desculpa no fim.
- Quando as luzes se apagarem, gritem de pânico. E digam alto e bom som: Não fui eu!
- Caso tenham um chapéu alto, tragam-no e exibam-no com vaidade antes de se sentar. Olhem nos olhos da pessoa que está a trás de vós e digam-lhes com um sorriso nos lábios: Boa noite.
- Mesmo que tenham idade para ver o filme que vão ver, comentem isso com a pessoa que está a obliterar o bilhete, de uma forma tímida.
- Caso seja Verão, antes de entrar na sala vistam um sobretudo e façam um ar austero.
- Se depois disto, ninguém reclama, ou ainda está na sala, saia e diga em alto e bom som, olhando para o proteccionista: “Nem um homem, quanto mais...”
- Se alguém o expulsar, desculpe-se. Diga que tem gases. Quando estiver cá fora, pergunte as horas e compre o bilhete para a próxima sessão.
- Muita atenção: Por nada interrompa o visionamento da película se estiver muito “à rasca” para urinar. Faça nas no local onde está sentado, caso a sala estiver equipada com algálias; se não estiver, não sei o que deve fazer.
Bom filme!
- Perguntar à pessoa que está a vender os bilhetes se tem trocos. Se responder que sim, pague com Multibanco, se responder que não, faça um sinal para o fundo da sala e vá-se embora.
- Quando estiver a comprar o bilhete pergunte se as cadeiras estão equipadas com algálias.
- Entre na sala dois minutos atrasados e gritem: “Porra! Deixei o telemóvel no frigorifico.”
- Quando lhe estiverem a indicar o lugar, iniciem um choro nervoso e digam que não querem aquele lugar, que preferem o lugar do morto.
- Depois de sentados e passados 30 segundos, finjam que estão a dormir.
- De 10 em 10 minutos levantem-se, no caso dos Srs. ajeitem o cabelo e no das as Sras. ajeitem o cabelo.
- Baixinho vão chamando a pessoa que está no outro lado da sala, com um pssst e aos poucos intensifiquem o psst.
- Caso optaram pela sala de cinema pipoca, encham a boca de muitas pipocas e depois prenunciem a palavra Afonso, mas com muita força.
- Se for um drama, entrem na sala com um rolo de papel higiénico e apontem, para a pessoa que vai a vossa frente.
- Se for um filme de acção, quando estiverem a entra da sala, benzam-se.
- Se for uma comédia, entrem na sala antes de começar o filme a rir às gargalhadas e quando alguém se rir durante o filme, mandem a calar, evocando surdez.
- Se for um outro filme qualquer, não vão ver.
- Se for um outro filme qualquer, mas queiram lhe dar um tema, façam o mesmo.
- Se for a primeira vez que vão ao cinema com aquela pessoa, digam que sofrem de claustrofobia, após o final do filme.
- A meio do filme ponham o braço no ar e esperem que alguém chegue junto de vós. Se isso acontecer, peçam um Vodka Martini, com duas pedras.
- Antes de desligarem o telemóvel, experimentem todas as melodias do vosso telemóvel. Se isso demorar mais que duas horas, peçam desculpa no fim.
- Quando as luzes se apagarem, gritem de pânico. E digam alto e bom som: Não fui eu!
- Caso tenham um chapéu alto, tragam-no e exibam-no com vaidade antes de se sentar. Olhem nos olhos da pessoa que está a trás de vós e digam-lhes com um sorriso nos lábios: Boa noite.
- Mesmo que tenham idade para ver o filme que vão ver, comentem isso com a pessoa que está a obliterar o bilhete, de uma forma tímida.
- Caso seja Verão, antes de entrar na sala vistam um sobretudo e façam um ar austero.
- Se depois disto, ninguém reclama, ou ainda está na sala, saia e diga em alto e bom som, olhando para o proteccionista: “Nem um homem, quanto mais...”
- Se alguém o expulsar, desculpe-se. Diga que tem gases. Quando estiver cá fora, pergunte as horas e compre o bilhete para a próxima sessão.
- Muita atenção: Por nada interrompa o visionamento da película se estiver muito “à rasca” para urinar. Faça nas no local onde está sentado, caso a sala estiver equipada com algálias; se não estiver, não sei o que deve fazer.
Bom filme!
quarta-feira, 13 de julho de 2005
Rap’parta!
A seiva que corre do pinheiro,
Dá sempre muito dinheiro
Como uma lagosta por inteiro
No meu carro a pilhas verdadeiro
A gruta era mesmo funda
Do tamanho de uma bunda
Mesmo muito profunda
E Tinha um ar muita chunga
Fui apanhar macacos para o Ruanda
Montado na grande chanca
A tua grande tranca
Vai estripar a minha baganha
Meteste a tua prima
No meio de uma ravina
Tenho o dedo numa tina
E ou outro na tua vagina
Já me disseram que era aldrabão
Mas não quis acreditar
Só tenho uma mão
Para me coçar
Assim de longe
Até pareces um monge
Mas mais de perto
Não passas de um feto
Desde pequeno que tenho a mania
De que a minha tia
Tem a panela fria
Mas era só azia
Vi a tua sogra
A comprar dois quilos de soda
Tinha ainda de sobra
Mas quis comprar mais
Estive na lareira do anormal
Estava lá um marsupial
A fazer tricô
Quanto eu brincava com o iô-iô
Já me disseram que era aldrabão
Mas não quis acreditar
Só tenho uma mão
Para me coçar
Dá sempre muito dinheiro
Como uma lagosta por inteiro
No meu carro a pilhas verdadeiro
A gruta era mesmo funda
Do tamanho de uma bunda
Mesmo muito profunda
E Tinha um ar muita chunga
Fui apanhar macacos para o Ruanda
Montado na grande chanca
A tua grande tranca
Vai estripar a minha baganha
Meteste a tua prima
No meio de uma ravina
Tenho o dedo numa tina
E ou outro na tua vagina
Já me disseram que era aldrabão
Mas não quis acreditar
Só tenho uma mão
Para me coçar
Assim de longe
Até pareces um monge
Mas mais de perto
Não passas de um feto
Desde pequeno que tenho a mania
De que a minha tia
Tem a panela fria
Mas era só azia
Vi a tua sogra
A comprar dois quilos de soda
Tinha ainda de sobra
Mas quis comprar mais
Estive na lareira do anormal
Estava lá um marsupial
A fazer tricô
Quanto eu brincava com o iô-iô
Já me disseram que era aldrabão
Mas não quis acreditar
Só tenho uma mão
Para me coçar
terça-feira, 12 de julho de 2005
À pois é!!
9 da manhã, ligo a televisão, como bom cidadão que sou, vejo as notícias nacionais e do mundo.
Fenómenos estranhos, alterações climatéricas, finanças, política; enquanto me preparo para mais uma dia de árdua labuta, vou ouvindo tudo com muita atenção. Eis que se não quando uma notícia, aparentemente inofensiva, chama-me à sala e se torna num verdadeiro sonho:
Ainda com a barba meia por desfazer, não penso duas vezes; hoje não vou trabalhar!
E por volta das 13:30...:
Amanhã, dia 3, será um novo dia, com ele os passarinhos voltaram e cantaram de alegria, uns por estarem mesmo felizes, outros porque nós achamos que sim.
Fenómenos estranhos, alterações climatéricas, finanças, política; enquanto me preparo para mais uma dia de árdua labuta, vou ouvindo tudo com muita atenção. Eis que se não quando uma notícia, aparentemente inofensiva, chama-me à sala e se torna num verdadeiro sonho:
Ainda com a barba meia por desfazer, não penso duas vezes; hoje não vou trabalhar!
E por volta das 13:30...:
Amanhã, dia 3, será um novo dia, com ele os passarinhos voltaram e cantaram de alegria, uns por estarem mesmo felizes, outros porque nós achamos que sim.
segunda-feira, 11 de julho de 2005
Grito
No dia 25, saí, na noite difusa, corpos esvoaçantes de desejo, misturam-se na bruma do fumo do tabaco, que conspurca a pele, limpa, lavada, perfumada, suave. Algo me impele para o bar; serão as luzes, o olhar, o som, a sede. Tento não pensar muito nisso e dirijo-me autonomamente, sem dar contas a ninguém, nem se quer a mim. Olhos fixos na rapariga do bar e peço, sem tremer as mãos, sem soluçar, sem hesitações.
Um copo de água, por favor.
Contorcia-me ao som da música.
Sai, fui à casa de banho.
Quando voltei as pessoas estavam muito diferentes, só depois me apercebi que a música tinha mudado, bem como as luzes. Já a rapariga que me seguia para todo o lado, inclusive para a casa de banho, essa mantinha-se na mesma, como que se não fosse necessário dizer que eu estou ali, mas ela não teria que estar, mas estava e nada disso iria mudar a minha forma de pensar. De qualquer forma, mantinha a mesma postura desde à três horas. Calada, olhava-me, tocava-me no ombro e pedia algo, mas eu não compreendia, eu não a conseguia ouvir. Fiz um pequeno esforço, contudo ela ao ver que eu estaria interessado em saber o que ela teria para me dizer, ou pedir, correu e de um só salto, mergulhou na noite, caindo no chão, sem um único som. Saltou da varanda, sorte a do idoso que por ali passava.
Saí, fui à casa de banho.
No bar, pedi um copo de água.
A musica era cada vez mais intensa.
Com a alarido provocado pela garota, nada pude fazer, se não tentar encontrar alguém que a substituísse. Tarefa árdua, impossível, mesmo desesperante, até que por um milagre (coisa que não acredito), aparece um anjo. As vestes que trazia identificavam um sabor tórrido, seco e sem sal. Mas os olhos, tenros, e negros como a noite sem luar, transpareciam um súbito ar de desdém, que aos poucos se convertia em sufoco. Mais uma vez, nada pude fazer. Tal como a primeira, esta, ficou a meu lado, de uma forma diferente, mais colada, mais junta, por certo seria da idade. Em tudo diferente, mas em tudo igual, não só por ser um mulher, como eu sou o mesmo.
A música, aí esta música!
E vai mais uma copo de água...
A casa de banho, fica tão longe.
Sem querer deixar arrefecer muito a noite, passei ao ataque. Tentei por várias vezes prenunciar o meu nome, mas não sai nada, só grunhidos, sons sem sentido, ao que ela, respondia, “Prazer...”. Desde logo percebi que a comunicação estava condenada ao olhar. Dancei mais um pouco, já não sentia o chão, digo-vos que não é uma sensação fantástica, é mais na onda do surreal, do ‘se-bem! Tão juntos, tão fundidos, que pensei que tinha mudado de sexo. Julguei-me fora de mim, dentro dela, senti o meu sexo em mim. Assim que os meus lábios penetraram nos dela, tudo mudou, nada ficou, desde essa hora até ao dia seguinte e dentro dos próximos dois mil, trezentos, oitenta e 3 anos, não mais os vou largar, bem... posso fazer uma pausa de dois mil, trezentos, oitenta e 3 anos, menos duas semanas.
Bebi um shot de urina.
Dancei a casa de banho.
E, paguei a música.
Quando me dei conta das horas, soltei um grito lancinante!
Um copo de água, por favor.
Contorcia-me ao som da música.
Sai, fui à casa de banho.
Quando voltei as pessoas estavam muito diferentes, só depois me apercebi que a música tinha mudado, bem como as luzes. Já a rapariga que me seguia para todo o lado, inclusive para a casa de banho, essa mantinha-se na mesma, como que se não fosse necessário dizer que eu estou ali, mas ela não teria que estar, mas estava e nada disso iria mudar a minha forma de pensar. De qualquer forma, mantinha a mesma postura desde à três horas. Calada, olhava-me, tocava-me no ombro e pedia algo, mas eu não compreendia, eu não a conseguia ouvir. Fiz um pequeno esforço, contudo ela ao ver que eu estaria interessado em saber o que ela teria para me dizer, ou pedir, correu e de um só salto, mergulhou na noite, caindo no chão, sem um único som. Saltou da varanda, sorte a do idoso que por ali passava.
Saí, fui à casa de banho.
No bar, pedi um copo de água.
A musica era cada vez mais intensa.
Com a alarido provocado pela garota, nada pude fazer, se não tentar encontrar alguém que a substituísse. Tarefa árdua, impossível, mesmo desesperante, até que por um milagre (coisa que não acredito), aparece um anjo. As vestes que trazia identificavam um sabor tórrido, seco e sem sal. Mas os olhos, tenros, e negros como a noite sem luar, transpareciam um súbito ar de desdém, que aos poucos se convertia em sufoco. Mais uma vez, nada pude fazer. Tal como a primeira, esta, ficou a meu lado, de uma forma diferente, mais colada, mais junta, por certo seria da idade. Em tudo diferente, mas em tudo igual, não só por ser um mulher, como eu sou o mesmo.
A música, aí esta música!
E vai mais uma copo de água...
A casa de banho, fica tão longe.
Sem querer deixar arrefecer muito a noite, passei ao ataque. Tentei por várias vezes prenunciar o meu nome, mas não sai nada, só grunhidos, sons sem sentido, ao que ela, respondia, “Prazer...”. Desde logo percebi que a comunicação estava condenada ao olhar. Dancei mais um pouco, já não sentia o chão, digo-vos que não é uma sensação fantástica, é mais na onda do surreal, do ‘se-bem! Tão juntos, tão fundidos, que pensei que tinha mudado de sexo. Julguei-me fora de mim, dentro dela, senti o meu sexo em mim. Assim que os meus lábios penetraram nos dela, tudo mudou, nada ficou, desde essa hora até ao dia seguinte e dentro dos próximos dois mil, trezentos, oitenta e 3 anos, não mais os vou largar, bem... posso fazer uma pausa de dois mil, trezentos, oitenta e 3 anos, menos duas semanas.
Bebi um shot de urina.
Dancei a casa de banho.
E, paguei a música.
Quando me dei conta das horas, soltei um grito lancinante!
Nax saca dex nhima mãri
Nax saca dex nhima mãri, iv mua nhaara, aer drange, merone, otã drange equ sox hsolo rmae dox nhomata dex rintenasga. Solvire ud-ala oa ijdriam closae sima imóxipra. Ifo mnteportane aitece. Canun sima ax iv, daiand johe nhote daesduas elad...
quinta-feira, 7 de julho de 2005
Volta!
Procuro-te no fundo da escada, mas não te encontro, só um leve toque do teu perfume, que pelo cheiro, já deve ter vários dias. Desapareces-te, não te vejo à dias. Não consigo saber bem o que se passou. Estava tudo tão bem, andávamos tão felizes, tu na cozinha, eu na sofá, tu na casa da minha mãe e eu com os meus amigos, estávamos mesmo felizes, bolas pá! És mesmo mal agradecida! Fiz de tudo para te agradar! Comprei a máquina de lavar roupa nova, um lava-loiças maior, um esquentador de ligar automático, até comprei um caixote do lixo daqueles da reciclagem. Que queres mais?!?! Já não te batia à dois meses e tenho me controlado a beber, já só vinha duas vezes grosso para casa. Até comprei um saco de pugilismo para não te bater! Devias agradecer-me, pá! Até no outro dia fui contigo ao centro comercial e fui dar uma volta enquanto tu foste comprar trapos. É claro que mais que uma hora a fazer essas coisas, chega bem, mais vale isso que nada! Tens que ver as coisas por esse prisma. Já para não falar que uma semana antes de teres ido embora, encontrei a tua mãe na rua e até consegui falar-lhe e tudo! Ela é claro que depois de eu a cumprimentar ficou para lá a falar sozinha: “Você é um crápula! Estúpido! Veja bem o que está a fazer a minha filha, ela anda toda desgraçada...!” - Eu é claro que fiz ouvidos de mercador. E depois da morte do teu pai, nunca mais lhe disse nada, não a quero chatear. Por falar em fazer mal, como está a tua orelha? Melhor espero eu...
Só pode ter sido da lua, ou se calhar da gaja que estava na minha cama quando chegaste a casa. Mas podes voltar, eu já lavei os lençóis, a casa de banho e a cozinha. Eu sou mesmo bonito, não sou? Volta, por favor...
Só pode ter sido da lua, ou se calhar da gaja que estava na minha cama quando chegaste a casa. Mas podes voltar, eu já lavei os lençóis, a casa de banho e a cozinha. Eu sou mesmo bonito, não sou? Volta, por favor...
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