quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quem quer fresquinhas?

Saltei de uma pedra para outra e estava lá um sapo. O sapo olhou para mim e perguntou se eu estava calçado e eu respondi com ar de melro que sim, pois bastava olhar para os meus pés e verificar. Ele ficou ofendido. Retorquiu duas ou três palavras, saltando de novo para outra pedra, onde eu ia por o próximo pé.
Moral: Quando não se tem a certeza, evita-se.

Andava eu perdido na floresta tropical, num qualquer país da América Latina, ou era Central? Sul? Do Norte não era de certeza, pois se assim fosse não podia dar dois passos sem ser detectado. Bem, estava perdido e os meus pés, calçados, metiam água por todo o lado. Pensei no que a minha tia-avó me tinha dito, relativo a esta tema dos pés que metem água, mas como não tinha disponibilidade na altura para a escutar, não a ouvi com atenção. Agora pago caro o facto de os ter molhados, ensopados, húmidos por demais. Tenho quase a certeza que teria alguma coisa a ver com mudar o calçado para estas coisas do andar perdido na floresta.
Moral: Em terra de pessoas, quem tem olho é rei.

Um dia de tarde, depois do almoço, estava eu a pensar o que podia fazer para compensar um amigo meu que me tinha ajudado numa tarefa complicada, quando me deparei com uma situação ridícula. Se o tiver de ajudar terei de ser melhor que ele. A vida é de facto matreira, pois quantas vezes é que podemos pensar em algo que nos leva a compensar, se não podemos? Mais vale não receber a ajuda, que ter estes pesos na consciência, se bem que eu não pedi, foi algo que surgiu. E agora, como vou fazer? Já sei, vou tentar.
Moral: Mais vale um arrumador, que um amigo.


O canto do pito

Misto e cor
No meu assador
Cor e amor
Passa uma por favor
O cheiro bonito
O assador pequenito
Carvão vermelhito
Assa o pito
Oh que fome malvada
Que a minha barriga mandava
Era o que eu achava
Mas não era nada
Ouvia gritos
Vinham dos pitos
Estavam aflitos
Precisam de salpicos
Quando feitos estavam
Os convivas olhavam
Nem pelo pastor esperavam
De barriga cheia ficaram
A refeição chegou ao seu final
Estávamos todos juntos no Seixal
Dia de Verão excepcional
Até cheirava mal.



Poema de Primavera (a salada)

Chora Maria, por não puderes sentir o vento na face, por não puderes comer mais alface. Mas uma cenoura comerás, triste e chorona salada, que nela a cebola trás.
Oh tenra couve roxa, que dos planaltos do Oeste vieste, todos choramos por ser pouca.
Doce e suave tempero, este azeite virgem, nunca antes usado, que mal se sabe a sua origem.
Fel vinagre de vinho, pois que não é do Minho, é sim ácido e mais forte que um limão, não não.
Todos juntos numa tigela, em cores muito bonitas, fazendo dela a mais bela.
Comei, comei, que amanhã não há, comei, comei, que eu vou à casa de banho.

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