quarta-feira, 2 de junho de 2010

É tão bom viver na floresta...

Manso o pinheiro que se agita com o sopro matinal de vento de norte, vem calmo e sopra forte. Trás a surpresa duma felicidade carregada de paixão e animo. Vejo a caruma que se amontoa no chão e tomo-lhe o cheiro duma só lufada. Encosto-me, cansado ao seu sopé, resguardo-me do calor abafado que me faz dilatar as veias. Murmuro um e outro cantar que me vem na memória. O vento fresco, seca-me as gotas de suor, mantendo-me acordado. Penso que já deve faltar pouco, pois tudo à minha volta mudou. Espreito por entre a copa alta das árvores e nada consigo ver, só mesmo o verde que abunda de forma entediante. O vislumbre de água ao fundo, faz-me pensar que tudo terá um fim súbito. Como que se por detrás dum grosso tronco de árvore, irá surgir o que tanto almejo. Sem perder o folgo, mas com muita ansiedade de chegar, corto caminho por entre a folhagem mais rasteira. As silvas vão altas, o Inverno tinha sido generoso, a Primavera altiva e num gesto de agradecimento, limpei a última gota de suor, que teimava pendente no meu queixo. Dobrei a última árvore, o ultimo pinheiro, a última fronteira, a derradeira vontade de ser e crer e lá estava ele, de arma apontada, a mim, ao meu corpo, que suplicava. E depois do som da morte, vi, senti, que algo me penetrava. Não sabia o que era, mas era quente, muito quente, com o calor de mil milhões de sóis. Senti, penetrou-me no peito e com jeito de fim trágico, a dor lancinante percorreu-me a coluna, desde a ponta dos cabelos, aos calcanhares, um choque aterrador, perdi a força nas pernas, cai e olhei a copa do pinheiro. Um último pensamento esvaneceu-se: Onde é que deixei a chaves do carro?

6 comentários:

  1. Não sei porque te preocupas, encontra-las sempre!

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  2. A bem da verdade assim tem sido. Mas até quando, até quando, pergunto eu a todos vós que estais aí desse lado, onde tudo se passa... Ai que vontade de subir tenho eu!

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  3. Caríssimo,


    Sempre tive imensa curiosidade em perceber o que passará pela cabeça das pessoas quando estão mesmo mesmo na hora de ir...

    Quanto às chaves do carro, sugiro que se procure no bolso das calças, ou dentro de um Tupperware (sim, é daqueles de marca...) daqueles próprios para a arca frigorífica, com data de inicio do congelamento e respirador para o micro ondas.
    É que se não for de marca não tem essas coisas todas e quando vão a estas viagens de amplitude térmica muito grande deformam-se; isto já para não falar da máquina de lavar, claro. Entram com a forma rectangular e saem de lá meio ovalados...
    Por isso, sugiro-lhe que procure no Tupperware. Devem de lá estar certamente!

    Já agora e para conseguir finar tranquilamente, sugira ao atirador que aguarde uns minutos enquanto vai a casa ver das chaves; ao menos que morra descansado!!

    O teleporte existe para alguma coisa...

    Beijinho!

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  4. Um tremenda caganeira, é o que lhes passa pela cabeça! Garanto!

    Quantos às chaves, já as encontrei, estavam dentro do carro com o carro fechado à chave. É o que dá ter carros descapotáveis... para a próxima deixo a capota para fechada! Que cabeça a minha...

    Por falar nisso... onde é que eu a pus...??? Oh não!!! ISSO NÃO!!! URGHHHHH!!!

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  5. Se estás a ir ,é presente.Se ias,era passado interrompido...mas ontem também ias e acabaste por ir....portanto no meio de tudo isto...JÁ FOSTE!!boa noite e um rebuçado de alcachofra.

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  6. Gosto, mas fica-se-me agarrado ao céu da boca... que chatice! Mas...

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CU menta!