A mesa (sempre quis começar um texto com: a mesa, mas ainda não tinha encontrado coragem, a paz de espírito, ou a frontalidade suficiente) de plástico, tinha em cima uma toalha de renda (esta renda é um recalcamento do noite passada) minúscula e um jarro, igualmente de plástico, reflectia o sol (por hoje estar de chuva) da manhã.
Sem crer entrar em pormenores (algo que gosto), fui ver como estava a praia (com este frio?). Calcei as galochas (Paredes de Coura), vesti algo quente e leve (para baralhar), enfiei as luvas dois números a cima para não marcar (conheci um professor assim, dava aulas em Veterinária), meia dúzia de tostões, um lenço azul e uma borboleta ao peito (sempre gostei de borboletas).
Assim que cheguei duas ou três pessoas reconheceram-me logo (é uma coisa que gosto particularmente). Umas quantas cumprimentei-as com um aceno de cabeça, já as outras não cumprimentei, são demasiado conhecidas (sem sentido). Caminhei com a certeza que encontrar o meu lugar favorito (praia da Falésia) sem ninguém por perto. Lá estava, só, abandonado, sem qualquer tipo de ser vivo por perto, pelo menos do tamanho de um indivíduo de estatura mediana (fica sempre bem esta palavra). Tiro a roupa toda (algo que não gosto de fazer), corro sem sentido, sem objectivo (é comum), no entanto encontro o mar mais rápido do que esperava. Dou dois ou três (é a segunda vez) mergulhos, fico bem cheio de frio, para me dar mais prazer quando aquecer (é verdade). Qual não é o meu espanto quando saio da água, não encontro as roupas (é normal) e as praia não é a mesma (já vi este filme). Em pânico grito pela minha sobrinha mais alta (qual), nada nem ninguém ouvia os meus pedidos de socorro ( ... - - - ... ). Uma gaivota insistentemente rondava-me. Por momentos julguei que falava comigo (é um sonho recorrente animais a falarem comigo), falso alarme, era o meu estômago. Ao aperceber-me o onde estava tive um dos sustos mais agradáveis da minha vida, estava na Riviera Francesa (sempre quis lá ir), em Agosto. Seria muito bom, caso não estivesse todo nu (sonho recorrente)! Pensei, se voltar para dentro de água, irei aparecer de novo na primeira praia? Vou experimentar. Com é óbvio, não. Fui aparecer na casa da Mariquinhas, mas decorada com coisas modernas, tipo casa nova (cena tirada de um filme do Manoel de Oliveira, só que em slow motion). Como já estava de novo em Portugal, foi fácil, liguei para a minha mãe (sempre quis fazer este tipo de acção). Foi imediato, teletransportou-me para a dimensão mais básica. Ai, fui feliz e muitos anos (já chega).
...- .- .. .- -- . .-. -.. -... -... . ... - .- -.. . -- . .-. -.. -...!
Tentas-me, fitas-me o olhar, quase que te oiço o arfar,
os meus dedos vagueiam pelos meus cabelos, o nervosismo bacoco consome-me. Enfeitiças-me com o teu cheiro!
Uma bomba, um toque,
o primeiro, como uma descarga de energia, sinto pela primeira vez o teu calor, a energia que corre no teu corpo,
o querer mais, o estar prestes a abraçar, para sentir o teu coração, a tua emoção.
A tua calma ofusca-me, baralha-me, quase enerva,
Tanto, que me acalma, transmite-la como ninguém, sinto-a como ninguém,
quase roça
a inveja.
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CU menta!