Hoje acordei de manhã com uma ideia fixa, vou comprar um humano doméstico.
Assim fiz. Primeiro fui comprar comida e uma trela, o pobre coitado tem que se alimentar e não pode andar por aí solto. Fui à loja de humanos mais próxima. Sempre tive uma fixação por raça grande, vamos ver se têm. Mal cheguei lá apaixonei-me pelo maior humano que lá estava. Ainda era pequeno, mas pelo tamanho da tíbia, seria por certo um bom espécime e bem grande, era mesmo isso que eu queria. Só tinha receio que fosse um pouco agressivo, mas o dono da loja tranquilizou-me de imediato. Disse que esta raça é muito afável, óptima para ter num apartamento e são pouco movimentados. Eu já tinha lido umas quantas coisas acerca de raças grandes e o pior é o alojamento e a comida. De qualquer forma estava decidido. Trouxe-o. Tão giro! Tão querido, tão fofo. Escolhi macho, pois as fêmeas são um problema. O período e a operação para laquear trompas, mesmo assim preferia fêmea, mas macho é melhor. Pensei em comprar uma casinha para o transportar mas como crescem tão rápido, é deitar dinheiro fora. Meti-o na bagageira, muito sossegado, lá foi. Com um olhar muito meigo. Tinha 3 anos, mas num instante ficaria com 15 e ainda bem, é a idade que eu gosto mais. Comentei outro dia com um estranho, que precisava de comprar um humano doméstico, ao que ele prontamente disse para eu não me preocupar quando for velho, pois posso o mandar abater e assim não teria que me preocupar com todos os problemas que assolam os humanos domésticos na velhice. Achei aquilo muito mau e quando o humano doméstico chegar há idade de 45 anos vou doa-lo a uma instituição de caridade para trabalhos menores, pois necessitam sempre de alguém para ajudar nalgumas tarefas.
Cheguei a casa e mostrei-lhe logo a varanda onde ia ficar, sentou-se logo no banco e pediu comida. Que giro. Que fofo. Pedi a ele que tivesse paciência mas primeiro ia guardar tudo e tomar banho, só depois podia dar-lhe comida. Choramingou um pouco, mas depois de uma festa na cabeça e uma palmadas no rabo lá sossegou. Fechei a varanda e fui. Arrumei as coisas todas, despi-me e fui para o banho. Tinha que arranjar um nome para o bicho e o banho iria servir como inspiração. Pensei em Banzé, Chinês, Frasco, Óleo, pensei em tantos, mas nenhum me soava bem. Até que um rasgo de inspiração me varreu a cabeça. Atum! Isso mesmo! Atum! Ideal! Ó Atum isto, ó Atum aquilo, Atum anda cá, toma Atum, vai buscar Atum, soava mesmo bem e assim ficou... Atum! Acabei o banho, sequei-me, vesti-me, fui para a cozinha preparar a primeira comidinha dele. Estava tão feliz, tinha satisfeito o meu grande desejo, ter um humano doméstico. Estava tão sossegado, ainda bem, assim é que eu gosto, sabe onde tem que estar e é sossegado. Abri a porta da varanda e qual não é o meu espanto quando vejo o chão todo cheio de fezes. Fiquei pior que estragado, mesmo fulo. Eu todo contente que lhe ia dar comida e vejo aquilo, deu-me cá uns vómitos! Atirei a comida para o chão, dei-lhe duas valentes palmadas onde calhou, disse-lhe para nunca mais fazer aquilo e fechei a porta com toda a força! Estava mesmo muito chateado. Compro um animal destes para ficar bem e fico assim...?! Isto não está a começar bem! Fui para a sala e deixei-o estar, choramingou um pouco, mas depois calou-se. Liguei a televisão, mas não consegui ficar muito tempo, algo me perturbava. Fui outra vez à varanda, o pobre coitado estava a comer a comida do chão e o resto que estava na tigela, olhou para mim com um olhar de terror e saltou para trás, bem para o fundo da varanda. Coitado, estava cheio de medo de mim, não compreendi porquê e aproximei-me. Encolheu-se cada vez mais, cada vez mais pequeno e quando lhe toquei todo ele tremia. Que estranho, o que lhe fizeram para estar assim? Devem tê-lo tratado muito mal, tive tanta pena dele. Mas não podia ceder, ele não podia ficar dentro de casa. Uma ou outra vez sim, mas não logo na primeira. Apanhei tudo do chão, lavei o chão, fui buscar mais comida e pus a tigela no chão. Chamei-o, mas não vinha, passei-lhe a mão pela cabeça e falei com ele com calma, olhou-me nos olhos e disse: Se um dia me quiseres como animal de estimação, terás que me respeitar! - e saltou pela varanda do meu 5º andar, estatelando-se no chão do passeio e morrendo de imediato.
Uma coisa é certa, eu como humano superior não compreendi o que aquele humano doméstico me quis transmitir, mas serviu como emenda. Humanos domésticos em casa? Só com uma rede na varanda!
terça-feira, 28 de novembro de 2006
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
Se
Seo sepau seda sebandeira, seque sehasteia sevezes sesem seconta sea sebandeira, seque sefica sefirme secom seo sevento sede senorte, sefaz secom seque setodos senos sesintamos semais sealegres, semais sepreparados separa seenfrentar seo sefuturo seque sese seadivinha secom sesorte, semas senegro, sevisto seque seresolvi seusar seesta sevenda separa secomer seespargos, severdes, senão sede secor.
Searrebento setudo seo seque sese semete sena seminha sefrente seestico seo sededo separa sepedir seboleia, semas sesenão seconsigo sefazer seuma secara seséria, sesó seme sesai seesta seque setenho, senojenta see semal sefeita, sesem sejeito see sedisforme seque seo serabo, seou secu, sede seuma sevaca sevelha.
Tipo, se bem!
Searrebento setudo seo seque sese semete sena seminha sefrente seestico seo sededo separa sepedir seboleia, semas sesenão seconsigo sefazer seuma secara seséria, sesó seme sesai seesta seque setenho, senojenta see semal sefeita, sesem sejeito see sedisforme seque seo serabo, seou secu, sede seuma sevaca sevelha.
Tipo, se bem!
quarta-feira, 22 de novembro de 2006
No Means No - Big Dick
Like a monkey in the zoo
You’re half gorilla too
When you pound it with your fist
And make it real stiff
Big dick
Gotta cover your mistake
Your bloody outtakes
So you dip it in the wine
And make a holy sign
Big dick
Big dick! Come quick
Big dick! Come quick
Well you’re running up a tree
You’re trying not too sream
But you are pounding on your chest
Like you wipped the best
Big dick
The rivers of blood
You’ve spilled have turned to mud
Now the flies are buzzin‘ round
Don’t it make a loud sound
Big dick
Big dick! Come quick
Big dick! Come quick
It won’t be long
Till those bad bits are gone
It won’t be long
Till those bad bits are gone
Now we are sitting by the fire
But daddy’s getting tired
`cause hes drunk the whole crock
now he’s got a limp cock
Big dick
Big dick! Come quick
Big dick! Come quick
No Means No - The Tower
The sword of thruth is just another weapon
Let me live for one more second
I see a woman she’s holding flowers
A bouquet of roses that are blood red
From a burning building, a man leaps to his death
I stand above these mansions of the death
Red tombs and above us looms
The Tower
I see red
I see a tower against the sky
Beneath a red unblinking eye
Radiowaves curve and cross
I stand below them – Lost !
Above me is a black obelisk
And the dangers that i risk
Here gather the ghosts of the mind
That tear my heard and here i find
All that traps that have been set
Everything i would forget, beneath
The Tower
I see red
I see a tower against the sky
Beneath a red unblinking eye
Violence is close at hand
You are damned if you do
And if you don’t – Dammed !
A red eye, A tyrant full of hate
Glares from the sky, It’s captive state
If it should blink ordeviate
A thousand words would obliterate
I do not move, nor do i speak
Beneath that hard and pitiless peak
Of concrete , steel and antennae wheels
The Tower
I see red
I see a tower against the sky
Beneath a red unblinking eye
No Means No - Real Love
(Sorry, no video... mas fica a letra, que é linda!)
Real love is scary
You try to hide when it looks for you
You never know what it will do
Not real love
Not real love
Real love is a long stone bed, he said his face a mask of indifference
And it don't care about me or you
Not real love
Not real love
Real love on a sunny day is a crow on a telephone pole with something to say
And you feel like someone has just walked on your grave
That's real love That's real love
The glory of love The glory of love
That precious rain that falls from above
First a gentle murmur that calls from the heart
And then a great wind that will blow you apart
That's real love
That's real love
Like a ghost it will pass right through you
A spirit that lives on when you are through
And there is nothing that you can do
The wind in the trees
The smell of wet leaves
The rumble of a passing truck
A streak of blood
Please forgive me for what I ve done to you
And lord forgive me for what I m going to do
In the name of...
Real love is scary
You try to hide when it looks for you
You never know what it will do
And it don't care about me or you
And there is nothing you can do about real love anyway,
That's what I heard a crow say but who cares what a crow say anyway?
Especially about something, something something so strictly personal (real love)
Can you feel it? Can you feel it?
That wind on your face
You can get down on your knees and pray
But nothing that you do or say will make it go away (real love)
It's like thunder,
Like lightning the way
You love me the way you love me
The way you love me it's frightening
Real love is scary
You try to hide when it looks for you
You never know what it will do
Not real love
Not real love
Real love is a long stone bed, he said his face a mask of indifference
And it don't care about me or you
Not real love
Not real love
Real love on a sunny day is a crow on a telephone pole with something to say
And you feel like someone has just walked on your grave
That's real love That's real love
The glory of love The glory of love
That precious rain that falls from above
First a gentle murmur that calls from the heart
And then a great wind that will blow you apart
That's real love
That's real love
Like a ghost it will pass right through you
A spirit that lives on when you are through
And there is nothing that you can do
The wind in the trees
The smell of wet leaves
The rumble of a passing truck
A streak of blood
Please forgive me for what I ve done to you
And lord forgive me for what I m going to do
In the name of...
Real love is scary
You try to hide when it looks for you
You never know what it will do
And it don't care about me or you
And there is nothing you can do about real love anyway,
That's what I heard a crow say but who cares what a crow say anyway?
Especially about something, something something so strictly personal (real love)
Can you feel it? Can you feel it?
That wind on your face
You can get down on your knees and pray
But nothing that you do or say will make it go away (real love)
It's like thunder,
Like lightning the way
You love me the way you love me
The way you love me it's frightening
No Means No - Small Parts Isolated And Destroyed
It's been said before but I ll repeat it
Don't you feel like you've been cheated?
It's been shoved down your throats, you eat it
They say it's true, you believe it
chorus:
Small parts isolated and destroyed
See the big boys play with their toys
There is one thing I will never do
Trust you
There's one thing that I have learned
All god's children will get burned
And if it comes down to me or you
Who do you think I will choose?
What's the deal? 50% of the door?
Well, then, come on in, come on in for more
What's that you say, we get a guarantee?
Then fuck right off, you mean nothing to me
Isn't this a sweet romance so why don't you get off your ass and dance?
"What about me? What about me? Can I get in for free? Can I get in for free?
You know me, you remember me
Can I get in for free? can I get in for free?"
Come on in! Come on in for free!
Don't mind the heat, don't mind the smoke
All that screaming? It's just a joke all that screaming?
Nah, it's just a joke come on in! Come on in for free! Come on in!
It's on me! The joke's on me
I'm tired of being close and feeling abused
And all those deep discussions make me wanna puke
And you're all going to see a lot less of me
I'm not the comrade that you hoped I d be
chorus:
Everybody's in the groove filling the dance floor,
Two by two (hey boy, I might want to fuck you) (hey girl, I might want to fuck you too)
There's liquor on your breath and magic in the air
Now we're really going to get somewhere
This is for all you girls and boys
Small parts isolated and destroyed
It's too late baby It's too late man oh baby, oh baby
You've been beaten up inside
You've been beaten up inside
That's the high point of your life
That's the high point of your life
I was beaten but I died (or is that just another lie?)
It's been said before but I ll repeat it
Don't you feel like you've been cheated?
It's been shoved down your throats, you eat it
They say it's true, you believe it
Small parts isolated and destroyed
I'd rather die than be a toy
There is one thing I will never do
Trust you
No Means No - State Of Grace
First I told to myself there was no more than the sound
Of the wind through an open door, and if no one
entered it was no crime? at least it was none of
mine, and all I saw I kept at bay, an empty heard
in an emtpy space, there was no reason for me to
live, I had nothing to give, nothing to give.
I closed my eyes and to my surprise my heard
was beating I was still alive
Was there really nothing I could do?
No, it can’t be true!
I’ve been lying to myself, lying to myself for so long
I’ve been lying to myself, lying to myself
And it can’t go on
Cause I’ve lying in state, I’ve been lying in a state of grace
I’m lying in state
I’ve been lying to myself and it can’t go on
At first I tried to blame the world for all evils
That were unfurled, flags of sin blowing in the
Wind over church and state, the rich and the
Great, but when I listened all I really heard was
My own voice and my own words, sometimes
Begging for love, sometime screaming with
hate, screaming with hate
I don’t trust that voice in my head, it’s not mine it’s the voice of the dead
And why do you ask me what I think is true?
I learned it all from you!
I’ve been lying to myself, lying to myself for so long
I’ve been lying to myself, lying to myself and it can’t go on
Cause I’m lying in state, I’ve been lying in a state of grace
I’m lying in state
I’ve lying to myself and can’t go on
In the end, you are my only friend and all I see is you,
and all I have to give, my friend, I will give it to you.
Who do I mean? Who am I talking to?
How could it be more plain to you? Wake up.
Look in your heart. Who are you? What is your name?
If I take a shit in your perfect world it’s only so
You’re know me by my smell
And though you turn away like you don’t understand
You know all too well
You don’t want to look, you don’t want to touch
You don’t want to pay cause it costs so much
You just smile and wish me well
Well, you can go to hell!
Cause I’m lying in state, I’ve been lying in a state of grace
I’m lying in state
I’m lying to myself and can’t go on
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Tenho um plano
Julgo estar certo com o que penso ser um dia de merda, mas mesmo assim não sei o que possa fazer para contrariar o quer que seja, havendo forma de eu dar a volta, ou de outros o fazerem, mas em ambas, será sempre de uma forma bem enervante.
Junta-te a nós, forma um grupo grande, vamos batalhar para dar a volta a isto tudo, tentar com que possamos estar melhor, mesmo que seja só por breves instantes, ou até mesmo uma vida. Tentemos, mas não vamos ficar de braços cruzados e aguardar que tudo seja decidido por outros, que não tentemos também ter uma voz mais activa, pois se estamos descontentes com o trabalho dos nossos representantes, teremos que lhes dizer, têm que ser chamados à atenção, tal como fazem connosco.
Há uma forma bem rápida deles nos ouvirem e bem eficiente, matar um deles! Assassinar mesmo, sem pudor, um qualquer, ao calhas. Porque se estamos sempre a dizer que são todos iguais, qualquer um serve.
Desafio qualquer um! Qualquer pessoa! Um qualquer individuo a perpetrar este acto. Vão ver como isto vai ficar diferente.
Tenho um plano. Liguem-me.
O louco da casa de banho
Junta-te a nós, forma um grupo grande, vamos batalhar para dar a volta a isto tudo, tentar com que possamos estar melhor, mesmo que seja só por breves instantes, ou até mesmo uma vida. Tentemos, mas não vamos ficar de braços cruzados e aguardar que tudo seja decidido por outros, que não tentemos também ter uma voz mais activa, pois se estamos descontentes com o trabalho dos nossos representantes, teremos que lhes dizer, têm que ser chamados à atenção, tal como fazem connosco.
Há uma forma bem rápida deles nos ouvirem e bem eficiente, matar um deles! Assassinar mesmo, sem pudor, um qualquer, ao calhas. Porque se estamos sempre a dizer que são todos iguais, qualquer um serve.
Desafio qualquer um! Qualquer pessoa! Um qualquer individuo a perpetrar este acto. Vão ver como isto vai ficar diferente.
Tenho um plano. Liguem-me.
O louco da casa de banho
domingo, 5 de novembro de 2006
Alberto João diz que tem orgulho em ser português e não só.
Contra Lisboa, de boxers.
Fernando Madaíl
Alberto João Jardim das Flores diz que tem "muito orgulho em ser português e não só", mas não aceita a "mentira", a “afronta”, o “desaforo”, a “treta” de que a Madeira vive à custa do Continente e quem disse isso é um “porco”. Na entrevista que concedeu, ontem, à RTP1, a horas que ninguém gosta de estar em casa para o ouvir, disse que as verbas transferidas para a Região Autónoma representam apenas 0,24% do Orçamento do Estado (OE), 0,14% do PIB, 55,9% do TRF, 3,1% do INIF e 0,01 do quer que seja. "Não chegam para pagar um terço das despesas com a saúde e a educação" diz também “já as noites bem passadas no Casino são à conta do nosso amigo”, acrescentava com súbita vontade de cagar.
O político do Funchal e que cheira mal, mas não muito afoito, não aceita é que o Governo "do secretário-geral do Partido Socialista" altere, apregoe, mova as "regras do jogo" a meio do seu mandato como presidente, e indigente, do Governo Regional da Madeira. Questionado pela jornalista Judite de Sousa, a qual se apresentava sem soutien, se admitia, dentro de dois anos, prescindir totalmente das transferências, bem como das prostitutas do OE - que, pelos seus números, representam apenas 13,15% do orçamento do arquipélago e 12,2% do vento do mundo - Alberto João Jardim admitiu que "isso é um desafio" e admite também, “pois, quando me apanharam na praia com o meu amigo e todos nus, só estávamos a apanhar sol”.
De acordo com a sua enumeração, "a Madeira paga todas as despesas correntes, à excepção das Forças Armadas e forças de segurança, Universidade, tribunais, ministro da República, alfândegas, o leite, a manteiga, os alhos, o jornal, dois ou três bifes, um punhado de coentros e uma vaca" - e as transferências do OE nunca terão ultrapassado os 17% do orçamento insular, mas já o TE ultrapassou e muito.
Afinal, além de discordar do tratamento privilegiado dado aos Açores, que nada abona a favor dos senhores que lá andam de inchada na mão a fazer que trabalham - chegaria a dizer que "o Sr. Carlos do Vale César, sim esse grande narigudo", antes de ser presidente do Governo Regional, "era um profissional do PS", acrescentando “e fazia muitas coisas profissionais” -, o líder madeirense acrescentaria que, enquanto a sua região está a ser lesada com cortes, feitos por facas de talhante amador, de verbas que considera inconstitucionais e veneras, "paralelamente, [o Governo de Lisboa] perdoa alguns regimes cleptocratas africanos, ou Adónis gordo".
"A Madeira foi sempre utilizada para desviar as atenções" e “valentes más disposições após comer dois Macs”, sublinhava, adiantando que, neste momento, bem como noutros menos visíveis, todas as declarações do Governo de José Sócrates não passam de um "bluff", mas mesmo assim afirma que não sabe jogar Poker, porque se está a "tentar dizer ao povo português que todo o mal deste país vem das regiões autónomas e dos municípios, quando representam só 9,29% da despesa pública nacional, bem como nada nem ninguém tem o direito de saber o que quer que se queira saber mesmo sabendo que não pode ser sabido pois encontra-se escondido nos recônditos corredores dos ministérios, ou nos gabinistros dos srs minites".
Engordado e confrontado com o facto de a Madeira ser, ou não ser, que não se chegue a uma conclusão, neste momento, a segunda região mais desenvolvida, sendo a primeira a mesma, logo a seguir a Lisboa e Vale do Tejo, Alberto João acentuava "o mérito" de se ter atingido esse objectivo, "porque era a mais atrasada do País quando começou a autonomia, bem como são todos uns porcos de merda e escusam por cá os pés que não fazem falta nenhuma".
"A minha guerra", repetia duas vezes, e repete mais três, mas não se ouve, "não é contra o povo português, que tem aturado o centralismo de Lisboa", o qual faz ponto de honra e gosta de achar não ser, pois é Brasileiro, nem sequer contra o "muito simpático" povo de Lisboa, ou de Almada, já do Feijó e de Abrantes não acha isso, também ele, o de Lisboa e só esse, "vítima dos interesses económicos e políticos" da classe dirigente. Os governantes "não gostam de ouvir o que eu digo, porque este país não está habituado a ter uma oposição fora de Lisboa", referia e cagava-se.
"Uma região autónoma não é uma província, um distrito ou uma autarquia", afirmava, explicando que aquele estatuto confere "um poder legislativo próprio" e também "autonomia financeira", ficando desde logo afastada a hipótese que se conseguir formar uma força nacional para ocupar a Madeira e torna-la numa aldeia e junta de freguesia. Neste quadro, como em muitos outros de Monet, em qualquer país com descentralização política, ou incompetência global, há sempre uma "dialéctica", ou literatura amadora, entre a capital, as regiões e cantões. E dava o exemplo alemão, onde nenhum jornal traria para a primeira página as divergências entre o Estado central e os Estados federais, que aliás é o pais mais próximo do nosso em termos de coisas que gostamos mais de fazer ao fim de semana quando está a nevar. Entre nós, concluía, mas pouco, isso deve-se "à mentalidade colonialista de Lisboa", dizendo em tom de remate, “sou paneleiro, mas não sou Português, mesmo não sendo de Lisboa, o que é incrível”.
Confrontado com as declarações do deputado da Assembleia Legislativa Regional Coito Pita, que as come todas, sobre um eventual ressuscitar da Flama (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira), Alberto João Jardim esclarecia que o parlamentar do seu partido "não exortou", mas mandou vir dois penaltis de tinto, ao separatismo bacoco, apenas "constatou" que esse sentimento e o de muitas pessoas que não sabe quem são mas paga na mesma, está a ser despertado devido aos "disparates", ai os disparates, do Governo de Sócrates contra a Região Autónoma.
E lembrava que, "em 1976, havia um forte sentimento nacionalista", mas depois veio uma rabanada de vento e apagou a chama no arquipélago e, quando chegou ao poder, deu-lhe "um trabalhão acabar com isso", seja lá de que forma for, nem que seja à bruta, com um ferro pelo cu a cima, contando mesmo que terá chamado ao seu gabinete as pessoas que "desconfiava", oferecendo-lhes copos de vinho dos Açores a essa ditas pessoas por serem os líderes da Flama e disse-lhes: "Vamos acabar com estas confusões e vamos ser todos muita amigos."
Fernando Madaíl
Alberto João Jardim das Flores diz que tem "muito orgulho em ser português e não só", mas não aceita a "mentira", a “afronta”, o “desaforo”, a “treta” de que a Madeira vive à custa do Continente e quem disse isso é um “porco”. Na entrevista que concedeu, ontem, à RTP1, a horas que ninguém gosta de estar em casa para o ouvir, disse que as verbas transferidas para a Região Autónoma representam apenas 0,24% do Orçamento do Estado (OE), 0,14% do PIB, 55,9% do TRF, 3,1% do INIF e 0,01 do quer que seja. "Não chegam para pagar um terço das despesas com a saúde e a educação" diz também “já as noites bem passadas no Casino são à conta do nosso amigo”, acrescentava com súbita vontade de cagar.
O político do Funchal e que cheira mal, mas não muito afoito, não aceita é que o Governo "do secretário-geral do Partido Socialista" altere, apregoe, mova as "regras do jogo" a meio do seu mandato como presidente, e indigente, do Governo Regional da Madeira. Questionado pela jornalista Judite de Sousa, a qual se apresentava sem soutien, se admitia, dentro de dois anos, prescindir totalmente das transferências, bem como das prostitutas do OE - que, pelos seus números, representam apenas 13,15% do orçamento do arquipélago e 12,2% do vento do mundo - Alberto João Jardim admitiu que "isso é um desafio" e admite também, “pois, quando me apanharam na praia com o meu amigo e todos nus, só estávamos a apanhar sol”.
De acordo com a sua enumeração, "a Madeira paga todas as despesas correntes, à excepção das Forças Armadas e forças de segurança, Universidade, tribunais, ministro da República, alfândegas, o leite, a manteiga, os alhos, o jornal, dois ou três bifes, um punhado de coentros e uma vaca" - e as transferências do OE nunca terão ultrapassado os 17% do orçamento insular, mas já o TE ultrapassou e muito.
Afinal, além de discordar do tratamento privilegiado dado aos Açores, que nada abona a favor dos senhores que lá andam de inchada na mão a fazer que trabalham - chegaria a dizer que "o Sr. Carlos do Vale César, sim esse grande narigudo", antes de ser presidente do Governo Regional, "era um profissional do PS", acrescentando “e fazia muitas coisas profissionais” -, o líder madeirense acrescentaria que, enquanto a sua região está a ser lesada com cortes, feitos por facas de talhante amador, de verbas que considera inconstitucionais e veneras, "paralelamente, [o Governo de Lisboa] perdoa alguns regimes cleptocratas africanos, ou Adónis gordo".
"A Madeira foi sempre utilizada para desviar as atenções" e “valentes más disposições após comer dois Macs”, sublinhava, adiantando que, neste momento, bem como noutros menos visíveis, todas as declarações do Governo de José Sócrates não passam de um "bluff", mas mesmo assim afirma que não sabe jogar Poker, porque se está a "tentar dizer ao povo português que todo o mal deste país vem das regiões autónomas e dos municípios, quando representam só 9,29% da despesa pública nacional, bem como nada nem ninguém tem o direito de saber o que quer que se queira saber mesmo sabendo que não pode ser sabido pois encontra-se escondido nos recônditos corredores dos ministérios, ou nos gabinistros dos srs minites".
Engordado e confrontado com o facto de a Madeira ser, ou não ser, que não se chegue a uma conclusão, neste momento, a segunda região mais desenvolvida, sendo a primeira a mesma, logo a seguir a Lisboa e Vale do Tejo, Alberto João acentuava "o mérito" de se ter atingido esse objectivo, "porque era a mais atrasada do País quando começou a autonomia, bem como são todos uns porcos de merda e escusam por cá os pés que não fazem falta nenhuma".
"A minha guerra", repetia duas vezes, e repete mais três, mas não se ouve, "não é contra o povo português, que tem aturado o centralismo de Lisboa", o qual faz ponto de honra e gosta de achar não ser, pois é Brasileiro, nem sequer contra o "muito simpático" povo de Lisboa, ou de Almada, já do Feijó e de Abrantes não acha isso, também ele, o de Lisboa e só esse, "vítima dos interesses económicos e políticos" da classe dirigente. Os governantes "não gostam de ouvir o que eu digo, porque este país não está habituado a ter uma oposição fora de Lisboa", referia e cagava-se.
"Uma região autónoma não é uma província, um distrito ou uma autarquia", afirmava, explicando que aquele estatuto confere "um poder legislativo próprio" e também "autonomia financeira", ficando desde logo afastada a hipótese que se conseguir formar uma força nacional para ocupar a Madeira e torna-la numa aldeia e junta de freguesia. Neste quadro, como em muitos outros de Monet, em qualquer país com descentralização política, ou incompetência global, há sempre uma "dialéctica", ou literatura amadora, entre a capital, as regiões e cantões. E dava o exemplo alemão, onde nenhum jornal traria para a primeira página as divergências entre o Estado central e os Estados federais, que aliás é o pais mais próximo do nosso em termos de coisas que gostamos mais de fazer ao fim de semana quando está a nevar. Entre nós, concluía, mas pouco, isso deve-se "à mentalidade colonialista de Lisboa", dizendo em tom de remate, “sou paneleiro, mas não sou Português, mesmo não sendo de Lisboa, o que é incrível”.
Confrontado com as declarações do deputado da Assembleia Legislativa Regional Coito Pita, que as come todas, sobre um eventual ressuscitar da Flama (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira), Alberto João Jardim esclarecia que o parlamentar do seu partido "não exortou", mas mandou vir dois penaltis de tinto, ao separatismo bacoco, apenas "constatou" que esse sentimento e o de muitas pessoas que não sabe quem são mas paga na mesma, está a ser despertado devido aos "disparates", ai os disparates, do Governo de Sócrates contra a Região Autónoma.
E lembrava que, "em 1976, havia um forte sentimento nacionalista", mas depois veio uma rabanada de vento e apagou a chama no arquipélago e, quando chegou ao poder, deu-lhe "um trabalhão acabar com isso", seja lá de que forma for, nem que seja à bruta, com um ferro pelo cu a cima, contando mesmo que terá chamado ao seu gabinete as pessoas que "desconfiava", oferecendo-lhes copos de vinho dos Açores a essa ditas pessoas por serem os líderes da Flama e disse-lhes: "Vamos acabar com estas confusões e vamos ser todos muita amigos."
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
Sonho e realidade
O enviado do além, que me azucrina a cabeça todos os dias, que entra nas minhas histórias sem pedir licença, que me mata os sonhos de uma forma rude, sem pudor, mesmo sendo devagar, ou até depressa, é grande e tem uma boca muito pequena.
Saí para fazer umas compras, não levava nada de especial, a carteira numa não, um saco para trazer as compras, as chaves na outra e mais nada. Fui como tinha chegado do trabalho, com a mesma roupa, só tirei a gravata, estava com alguma pressa, pois ainda tinha que fazer o jantar para os meus tios que vinham da terra e como sempre teria que me aplicar na cozinha. Já tinha pouco tempo, por isso resolvi fazer algo bem rápido. Como o supermercado era mais longe, fui à mercearia, para dar também uma oportunidade ao Sr. Almeida de se redimir do arroz com bicho. Boa tarde - disse eu, ao que o Sr. Almeida, o qual do seu metro e cinquenta respondeu – Ora viva! Bons olhos o vejam! – com um sotaque alentejano inconfundível. Logo de seguida não resisti e relembrei-o do arroz, coitado do homem, desfez-se em desculpas e justificações, até disse que tinha terminado o contracto que tinha com um fornecedor por causa desse incidente. Eu, como é óbvio, disse-lhe, se ali estava, é porque não estava zangado, ou chateado com a situação. Uma jóia de homem, tinha 4 filhos, dois deles faleceram num acidente na terra, dizia com alguma raiva – Se lá voltar é para cortar o maldito do sobreiro! – pobre homem. Mas continuava com a mesma energia de sempre, sempre bem disposto, com piadas sempre novas, algumas verdadeiras pérolas e tinha sempre uma quadra alentejana, de chorar a rir! Como estava com pressa, fui directo ao que queria e continuava a ouvir o Sr. Almeida, que matracava palavras e perguntas, ao que eu respondia quase sempre com palavras monossilábicas, pois estava mais preocupando com o que ia fazer para jantar. Isto, aquilo, mais aquilo, paguei, despedi-me condignamente do Sr. Almeida e sai. Ao chegar à porta, tropeço numa pedra, que resvala no passeio de calçada e bate num carro que ia a passar. O acontecimento de fracções de segundos, parecia ter várias horas, vi tudo em movimento lento e vi também quem ia no carro. Isso sim fez-me estremecer. Não era uma pessoa normal, não era um animal, não era um ser conhecido meu, mas tinha parecenças com alguém que conheci.
Seguia pela estrada, como sempre faço, (é assim como começam os meus sonhos) e quando estava mesmo a sair para o atalho daquele noite, mais uma vez tinha a estrada fechada, bloqueada, mas sei e tinha a certeza que segundos antes estava aberta, pois tinha-me certificado disso mesmo. Mas não. Estava fecha e bem fechada. Parei e espreitei pelo vidro da porta. Estava um sinal pendurado numa árvore. Parecia que dizia qual a razão para a estrada estar fechada, mas a letra é infinitamente pequena, nem mesmo a minha visão de sonho a conseguia ler. Sabia duas coisas, se saísse vinha o enviado do além, raptava-me, lá ia eu para mais uma alucinação do desgraçado, ou então saia e ia ficar ali o resto da noite a ler o papel sem nunca conseguir saber o que lá estava escrito. Pensei, vou mas é voltar ao início do sonho e pronto!
Eu que sou sempre bom em descrever pessoas, coisas, situações, não conseguia de uma forma concreta descrever a forma da criatura que ia no carro. Ao sentir que a pedra lhe tinha embatido no carro, parou de imediato, mas de uma forma bem estranha, um misto de rápido e fugaz, com macio e elevado, quase angelical. De imediato pensei que ia ali fica mais tempo que o esperado, resolvi fugir. Mal pensei, já tinha a criatura a tocar-me no ombro. – Onde pensa que vai? – Gelei, todo o meu sangue parou, toda a minha visão enegreceu, toda a minha vida fez um flash back, o medo era comparado ao de uma criança quando rouba um doce. Tentei mesmo assim fugir, mas o toque transformou-se em puxão, não me conseguia mover, a forma como estava a ser agarrado era incrivelmente forte, mas ao mesmo tempo suave, como que se estivesse preso, mas não, um misto de estar, mas parecer que não. Voltar a cara para ver quem me agarrava estava fora de questão, logo a única forma era mesmo ficar quieto, não me mexer e esperar que a criatura me largasse. Assim fiz. Não durou muito, pois a criatura logo desapareceu. Mal olhei para trás, já não estava lá, quando voltei a cara, fiquei sem folgo e os meus olhos saíram das orbitas. A criatura estava à minha frente.
O recomeço é quase sempre uma grande confusão, pois todas as ideias me aparecem, mas todas me parecem pouco verosímeis. Tento dar sempre um toque de realidade a um sonho, tarefa verdadeiramente infrutífera. O mote era a estrada, mas burros a voar e folhas de árvores do tamanho de casas, conseguiam fazer parecer tudo bastante lógico, mas pouco real, no entanto isso não era interessante. O verdadeiro interesse seria o facto de estar quase todo vestido de oiro e estar sempre um kosovar atrás de mim, que se ria a esfregava as mãos. De qualquer forma fiz-me à estrada. Montei-me no corcel de borracha e a toda a mecha rumei a casa de um conhecido que não via há dois séculos. De caminho vi o António Cerveira, grande amigo de mim, e de ti. Em todas as oportunidades que me cruzei com tal individuo, fiz retrocesso de vida, ai uns dois ou três segundos. Dei-lhe boleia, dizia-me do alto do seu metro e dez que queria ir também para os lados da vidraceira. Estava tudo a correr às mil maravilhas, não fosse o facto do enviado do além se ter feita passar por o António Cerveira. Diabo mais para o homem! Sempre a querer estragar o sonho. Como sempre despachei-me rapidamente dele. Bastou uma palavra: Seiva! Certinho, não falha, começou a babar bolas de musgo, com uma diarreia intragável e um certo mau estar. Saltou do corcel em andamento, fiquei todo contente e segui.
Não tinha expressão, nem alegre nem triste, tinha feições de mulher, no entanto detinha um bigode invejável, mal se via a boca e lábios. – Onde pensa que vai? – a voz era um misto de tom de avestruz e palhaço do circo, mantinha sempre um olho mais fechado que o outro e quando finalizava um frase esticava a orelha direita na direcção de Meca. Tinha quase a certeza que já tinha visto todo o tipo de ser, criatura, pessoa, animal, mesmo insecto, mesmo do mais estranho, mas aquilo, sim porque não conseguia definir a criatura, era bem estranho, mas ao mesmo tempo sabia que o conhecia, como que se fizesse parte do meu imaginário. Os olhos ocupavam a maior parte da face, bem como a boca, abençoada com lábios vistosos, mesmo dotado do invejável bigode, vislumbrava-se um vermelho vivo, que perfurava os pelos grossos, cerdos mesmo, como se fossem gelatina, mas ao mesmo tempo carnudos. Tinha um queixo perfeito, mesmo muito perfeito, o mais bonito que já vira até aos dias de hoje, como que se traçado por dez deuses rebarbados. Continuei a adorar o rosto, a cada milímetro uma surpresa. O nariz de um gigantismo enervante, fazia lembrar a barbatana dorsal de um golfinho, mas mais abatatada. Mesmo sendo gigante, conseguia-se ver que era demasiado perfeito, parecendo feito, não tinha ares de ter nascido com a criatura. As maçãs do rosto apeteciam aperta-las de uma só vez, as duas e ficar ali horas a apertar, como que se de uma bola de anti-stress se tratasse. As sobrancelhas… quais sobrancelhas? Aquilo não eram sobrancelhas, eram monumentos, eram obras de arte, mas com uma peculiaridade, os pelos eram incolores, o que torna tudo muito estranho. Já as pestanas, mais pareciam longos cabelos de fazer inveja a um careca, que se colocavam no topo dumas pálpebras tipo panqueca, que davam vontade de comer. Com todo este aparato, só havia uma coisa a dizer, se a conhecia era de um sonho muito bom, mas era de facto estranha a familiaridade.
Aproximava-se a cidade e toda a balbúrdia que dela impera, já se sentia o frio do ar condicionado do grandes edifícios, que fazia geral as grandes trombas de ar, dos elefantes bebes, que ventilavam a cidade e evitavam que o cheiro nauseabundo dos carros de bois que transportavam as pessoas. Há muito que os combustíveis deram lugar a outras formas de locomoção e mesmo energéticas. Um simples burro, custava mais que muito dinheiro, não estava calculado o valor, é um valor só especulativo, como tudo neste novo mundo quadrado. No entanto já se conseguia ver as pontas a ficarem bem redondas. Penetrei na cidade pela grande porta de gelo. O custo de manter sempre o gelo gelado era suportado pela grande máquina de fazer coisas frias, mesmo as pessoas frias saíam de lá, já as que queriam ser à força, tinham que vir do *Centro de Reabilitação de Pessoas Pouco Parvas. Passei muito rápido pelo bebedouro máximo e dei água o meu rato, o corcel também bebeu, mas gostava mais de beber de dentro do rato, dizia que ficava com sabor a fronha. Eu que estava cheio de fome, aguentei, para comer as belas das empadas de galinha mansa que a mulher do meu conhecido fazia, duas vezes por ano, uma e outra.
Não perdendo muito mais tempo, puxou-me para dentro do carro, como que se eu fosse um saco de plástico de supermercado, mas vazio. A sua força era extraordinária, tinha jeitos de conseguir partir um ovo pelos topos, num abrir e fechar de olhos, sem pestanejar, mas ao mesmo tempo deixar a casca perfeita para fazer pinturas de ovos. Seja ela, ou ele, tinha as duas vertentes: brutalidade, força e doçura, carinho. Não tentei fazer o mínimo de esforço para sair do carro, deixei-me estar. Arrancou a uma velocidade estúpida, estúpida para quem anda na cidade, as curvas estavam estranhas, pareciam não existir. Dei por mim dentro do banco com medo. Ela mantinha a mesma expressão, não se conseguiam ver os movimentos, de tão rápidos que eram. Chegámos perto de um miradouro e parámos. Pensei que ela me iria fazer mal, que me ia jogar pela janela fora e pelo desfiladeiro a baixo, mas não. Pôs-se à minha frente num movimento muito subtil, como que se o corpo fosse feito de uma matéria maleável. Num movimento de tal forma sensual, que não pude deixar de reparar no corpo todo, como se ela (sim, era definitivo, era uma ela) me o quisesse mostrar, o banco deslizou e fiquei com um espaço incrível à minha frente, de tal forma que poderia montar ali a minha tenda de escuteiro, mas a maior, a de dois lugares. Olhou-me nos olhos, abriu a boca e saiu a maior, mais húmida, mais sensual, mais sexy, mais apetitosa língua que eu alguma vez vi. Só que… em vez de a introduzir na minha maravilhosa boca, deu-me uma monumental lambidela, tal e qual a de uma vaca. Foi bom, não fosse o facto de saber a framboesa, fruto que sou alérgico. Não quis dar parte fraco e deixei-me estar, pois os efeitos secundários são relativamente surpreendentes. Com dois minutos passados após a aplicação do fruto, duas coisas acontecem: os meus braços ficam descontrolados e a minha barriga incha até ao tamanho de uma grávida de 9 meses. Parecia-me justo não lhe dizer nada. Então, os braços, de uma forma terrivelmente descontrolada, mexeram em cada milímetro do corpo dela, não sobrando nada e a uma velocidade estonteante, mesmo miserável. Já a barriga, inchava e fazia o seu som característico. A tudo aquilo ela não fez qualquer expressão de espanto, continuou com a sua figura e sem expressão. Achei incrível, cheguei a achar que podia tratar-se de uma mascara, agarrei-lhe na cabeça e procurei fendas, algo, enquanto a beijava no pescoço, de uma forma exacerbada. Nada, rigorosamente nada, o que estava ali à minha frente era de facto uma expressão, sem expressão, nem umas cócegas a fizeram mudar. A intensidade das carícias aumentava, a minha barriga continuava enorme, mais pequena mas enorme, já conseguia controlar melhor os meus braços e o meu sexo estava redimensionado. Ela, que a cada movimento se entrelaçava mais no meu corpo, olhou a minha boca com um apetite voraz e num movimento angelical, quase sobrenatural, tocou os meus lábios. Finalmente senti os seus pelos e o calor dos seu lábios, que despontavam, vermelhos, por debaixo de todo aquele emaranhado de grossos cerdos. Mas que suavidade, que seda, que macios são os cerdos do seu bigode, apetece esborracha-los milhentas vezes de contra a minha pobre boca, que está sedenta de sentir a dita língua. O toque dos lábios, por fim, senti o calor, é fora do comum, como que se estivessem aquecidos a uma temperatura que se sente quente, muito quente, mas que não queima. Pus a minha língua nos lábios dela, senti os pelos grossos e macios e tentei perfurar a grande barreira que era aquela boca. Abriu os gigantes olhos, de um castanho muito claro e disse - Queres? Não me responsabilizo… - Ao que eu acenei com a cabeça que sim. Abriu a boca, tirou a sua língua e entrou, toda, mas toda a sua língua dentro da minha boca, traqueia, faringe, laringe, esófago, duodeno, estômago e parou por ai. Incrível, continuei a respirar, mas sem grande esforço, como se fosse normal.
Cheguei com pressa relativa, a casa estava mudada, tinham-na invertido. Bati nos canos, com sempre faço quando vou a casa deste meu amigo, e prontamente, como que se estivessem atrás da porta, abriu-se a majestosa porta de papel. O papel era muito utilizado, pois a produção de árvores tinha quintuplicado após umas chuvas extraterrestres terem assolado toda a terra. Temia-se que por serem radioactivas, poderiam exterminar todos os seres vivos na terra e finalmente fossemos invadidos por os nossos queridos **Klpt~tos. Mas ao contrário disso, descobriu-se que trazia um forte adubo, tão poderoso que qualquer árvore por mais pequena que fosse, transformava-se em gigante, num abrir e fechar de olhos. Em dois anos a face do planeta sofreu um revés incrível, em vez de estar cheio de cinzento, cheia de betão, passou a estar cheia de verdes florestas, árvores grandes, algumas gigantes, de tal forma que a única forma de sobreviver, seria arranjar formas de as destruir. Daí em diante e durante uma década, esgotou-se todos os recursos petrolíferos, foram todos consumidos. Ironia do destino, foi o melhor que podia ter acontecido, pois conseguiu-se dar a volta à questão, como aliás é típico do ser humano e agora vivemos num meio ambiente bem mais saudável, mas só até chegarmos a este tipo de cidades, pois há outras que estão isoladas pela via das circunstâncias. Assim sendo e não querendo estar com mais delongas, entrei, comi todas as empadas em dois tempos. Alguém ficou muito irritado comigo, mesmo irado, mas nada pude fazer, o tempo era pouco e estava com fome, bem como com fome.
A sua língua, com poderes mágicos, deixou o sabor e framboesa, que tão mal me faz, para saber e restos de comida de ricos, algo entre o bom e o óptimo, mas frio. Apercebendo-se que estava a gostar, tirou-a de imediato e recolheu única e exclusivamente à minha boca, o que passou a ser menos bom, mas fantástico. Reparei que começava a gemer, como que querendo ter mais algo para além do que estava estipulado para um primeiro encontro, não me fiz de rogado e toquei. Qual o meu espanto quando ao tocar nos seus seios, lançou um olhar furtivo sobre a minha zona reprodutiva e arrancou-me a roupa, o movimento, que teve tanto de subtil, como de rápido, fez-me ficar com os pelos do peito eriçados, como que querendo penetrar nos seu peito. Toquei de novo nos seios, lindos ao toque, mas não conseguia imagina-los na realidade, ao vivo. Ao toque, desceu e engoliu o meu pénis, literalmente, engoliu! Senti-me entrar dentro dela pelo meu pénis, como que se estivesse a ser sugado, entrou e entrou, estava a ser engolido, entrei em pânico, não podia acabar assim os meus dias, não podia ser engolido por uma criatura daquelas, não podia ser. Lutei durante dois segundos, pois a sua forma de sugar era irresistível, meiga e sorvia como ninguém, era uma imagem linda. O seu corpo tomava a minha forma, a sua boca aumentava de tamanho, sentia já as pernas e a barriga a penetrarem no seu corpo. O mais interessante é que sentia a sua língua em círculos, em volta da minha glande, o que me dava um enorme prazer, de tal forma que a ejaculação seria mais que óbvia acontecer a todo o momento. Gemi e ela não, mantinha a sua postura rígida, que nesse momento já a tinha desfigurada, pois mais de metade do meu corpo fazia parte do dela, ou estava dentro do dela, algo que me fazia sentir como um gigante gelado de limão. Não aguentava mais, a ejaculação era eminente. Num último esforço, quase sobre-humano, contraí as minha nádegas e ejaculei como nunca, senti todos os meus testículos a esvaziarem, saiu tudo, em duas golfadas! Os seus olhos, que já eram enormes, maiores ficaram, com um ar de espanto fenomenal. Era a primeira expressão que fazia desde que a vi e dei um sorriso. A isso ela fez ainda um ar de mais espanto, com os olhos a ficarem muito grandes, demasiado, inchavam demais, tomavam proporções gigantescas, de dinossauro, cada vez maiores. Pensei, que podia rebentar, e… rebentou! Hum estoiro comparado a um balão de tamanho fora do comum, mas grande, rebentou e todos os seu líquidos com ela. No entanto pareciam que não me molharem, era como se tivesse uma camada protectora, que me protegia dos ácidos, mas não era isso. Os seus líquidos internos eram fictícios, eram feitos por outras pessoas. Depois de a ver toda rebentada, percebi tudo, tudo se compôs, tudo passou a fazer sentido.
Depois de saciado, fiquei sem fome. Era estranho, pois como estava com muita fome só podia ter ficado com um pouco, mas não, fiquei sem fome nenhuma, mas de qualquer forma também não fiquei cheio, como é meu hábito, fiquei só, assim, fiquei. O meu amigo ria-se muito, era costume ficar assim durante largos segundos, mas desta vez começou-me a preocupar, pois os largos segundos, passaram a vastos segundos. Toquei-lhe no ombro e perguntei se estava bem, não conseguia responder. Engasgando por vezes, tentava bolçar palavras sem sentido e sem espaços, como que se não houvesse barra de espaços, muito estranho, mesmo muito. Chamei a sua esposa, mulher e víbora, expliquei-lhe que estava preocupado, mas ela nada fez, só me deu na cabeça por ter comido as 32 empadas. Não sabia o que fazer. Puxei do meu canivete de lona e ameacei que ia cortar-lhe o mamilo. Aí sim, foi muito estranho, pois calou-se e começou a dizer palavras em Português. Fiquei mais descansado. Mas mesmo assim, imaginei como seria vê-lo sem o mamilo. E ri. Pois… erro crasso! Eu quando riu nos sonhos, é porque me estou a mijar. Acordei, ainda fui a correr para a casa de banho, mas foi pior, pois agora não só estava a cama molhada, como o corredor, a cozinha, a sala, aliás, toda a casa. Pois quando acordo assim, nunca sei onde é a casa de banho. Mas correu tudo bem. Desde esse dia que vou sempre para os copos com o enviado do além, é bem mais seguro, pelo menos não me riu, dou gargalhadas, o que é bem mais seguro. Pois quando acontece, já estou acordado e sentado na sanita a evacuar.
Aquela criatura fazia parte de um grande estratagema para me aniquilar, acabar com a minha raça, com a minha vida, com o meu ser. Era um robot biomecânico, de esqueleto maleável, que eu há anos tinha inventado para combater os porcos gémeos e as pessoas-que-não-podem-fazer-nada-quando-são-caçadas-por-lobos-vesgos. Anos e anos de estudos, forma de ver as coisas pelo prisma dos lobos e dos porcos, todos naquele segundo, foram por água abaixo, tudo aquilo fez com que eu pensasse de uma outra forma e deixei de ver esses animais como praga, ou perigo. Sai do carro e já uma grande multidão rodeava o carro, uns chamavam-me assassino, outros tinham pena do carro, eu sai dali e dirigi-me para casa do perpetrador de tal acto. Estava nu, mas mesmo assim, segui. Apanhei um táxi, cheguei à porta do meu grande companheiro de labuta e bati com toda a força na porta. Não bati duas vezes e logo a porta se abriu. Outra criatura igual à que tinha acabado de exterminar, não perdi tempo, em dois segundos masturbei-me e aniquilei-a. Logo outra, e mais uma vez o meu esperma aniquilou-a. Sabia que teria só mais um disparo. Corri e encontrei-o, atado e com cerca de 10 ou 30 criaturas de volta dele. Teria de o salvar. Mexi nos meus testículos, juntei todas as minhas forças, e mais algumas, peguei no meu pénis, masturbei-me como nunca, com toda a força, as criaturas, olhavam com a sua expressão sem expressão e emitiam ruídos perturbadores, mas eu estava preparado, pois tinha sido eu o criador destes seres e trazia tampões nos ouvidos. Estes ruídos são utilizados para destruir todos os tecidos moles dos outros seres vivos. Mais que nunca tinha que ejacular, bato com mais força e numa bola gigante o esperma saiu dos meus testículos, inchara o meu pénis e saiu que nem uma bala, apanhando todas. A princípio não perceberam e abriram a boca, mas depois quando o líquido lhes tocou, as expressões de aflição tomara-lhes o rosto. Rebentaram todas, nem uma sobrou, pobre casa. O meu amigo, estava praticamente inanimado, um soco, duas estaladas e uma valente bufa, lá acordou. Levantei-o, trouxe-o para a sala e conversámos durante dias. Esclarecemos tudo e depois fui para casa cheio de fome e frio.
Desde esse dia, nada nem ninguém me podia tocar, sentia-me invencível, um verdadeiro super herói.
*Rua do Fim, 2º Esq. – 9090 – Arebateira, Mundo.
**Seres extraterrestres que habitam Xpoï, um planeta numa galáxia vizinha, mas distante.
Saí para fazer umas compras, não levava nada de especial, a carteira numa não, um saco para trazer as compras, as chaves na outra e mais nada. Fui como tinha chegado do trabalho, com a mesma roupa, só tirei a gravata, estava com alguma pressa, pois ainda tinha que fazer o jantar para os meus tios que vinham da terra e como sempre teria que me aplicar na cozinha. Já tinha pouco tempo, por isso resolvi fazer algo bem rápido. Como o supermercado era mais longe, fui à mercearia, para dar também uma oportunidade ao Sr. Almeida de se redimir do arroz com bicho. Boa tarde - disse eu, ao que o Sr. Almeida, o qual do seu metro e cinquenta respondeu – Ora viva! Bons olhos o vejam! – com um sotaque alentejano inconfundível. Logo de seguida não resisti e relembrei-o do arroz, coitado do homem, desfez-se em desculpas e justificações, até disse que tinha terminado o contracto que tinha com um fornecedor por causa desse incidente. Eu, como é óbvio, disse-lhe, se ali estava, é porque não estava zangado, ou chateado com a situação. Uma jóia de homem, tinha 4 filhos, dois deles faleceram num acidente na terra, dizia com alguma raiva – Se lá voltar é para cortar o maldito do sobreiro! – pobre homem. Mas continuava com a mesma energia de sempre, sempre bem disposto, com piadas sempre novas, algumas verdadeiras pérolas e tinha sempre uma quadra alentejana, de chorar a rir! Como estava com pressa, fui directo ao que queria e continuava a ouvir o Sr. Almeida, que matracava palavras e perguntas, ao que eu respondia quase sempre com palavras monossilábicas, pois estava mais preocupando com o que ia fazer para jantar. Isto, aquilo, mais aquilo, paguei, despedi-me condignamente do Sr. Almeida e sai. Ao chegar à porta, tropeço numa pedra, que resvala no passeio de calçada e bate num carro que ia a passar. O acontecimento de fracções de segundos, parecia ter várias horas, vi tudo em movimento lento e vi também quem ia no carro. Isso sim fez-me estremecer. Não era uma pessoa normal, não era um animal, não era um ser conhecido meu, mas tinha parecenças com alguém que conheci.
Seguia pela estrada, como sempre faço, (é assim como começam os meus sonhos) e quando estava mesmo a sair para o atalho daquele noite, mais uma vez tinha a estrada fechada, bloqueada, mas sei e tinha a certeza que segundos antes estava aberta, pois tinha-me certificado disso mesmo. Mas não. Estava fecha e bem fechada. Parei e espreitei pelo vidro da porta. Estava um sinal pendurado numa árvore. Parecia que dizia qual a razão para a estrada estar fechada, mas a letra é infinitamente pequena, nem mesmo a minha visão de sonho a conseguia ler. Sabia duas coisas, se saísse vinha o enviado do além, raptava-me, lá ia eu para mais uma alucinação do desgraçado, ou então saia e ia ficar ali o resto da noite a ler o papel sem nunca conseguir saber o que lá estava escrito. Pensei, vou mas é voltar ao início do sonho e pronto!
Eu que sou sempre bom em descrever pessoas, coisas, situações, não conseguia de uma forma concreta descrever a forma da criatura que ia no carro. Ao sentir que a pedra lhe tinha embatido no carro, parou de imediato, mas de uma forma bem estranha, um misto de rápido e fugaz, com macio e elevado, quase angelical. De imediato pensei que ia ali fica mais tempo que o esperado, resolvi fugir. Mal pensei, já tinha a criatura a tocar-me no ombro. – Onde pensa que vai? – Gelei, todo o meu sangue parou, toda a minha visão enegreceu, toda a minha vida fez um flash back, o medo era comparado ao de uma criança quando rouba um doce. Tentei mesmo assim fugir, mas o toque transformou-se em puxão, não me conseguia mover, a forma como estava a ser agarrado era incrivelmente forte, mas ao mesmo tempo suave, como que se estivesse preso, mas não, um misto de estar, mas parecer que não. Voltar a cara para ver quem me agarrava estava fora de questão, logo a única forma era mesmo ficar quieto, não me mexer e esperar que a criatura me largasse. Assim fiz. Não durou muito, pois a criatura logo desapareceu. Mal olhei para trás, já não estava lá, quando voltei a cara, fiquei sem folgo e os meus olhos saíram das orbitas. A criatura estava à minha frente.
O recomeço é quase sempre uma grande confusão, pois todas as ideias me aparecem, mas todas me parecem pouco verosímeis. Tento dar sempre um toque de realidade a um sonho, tarefa verdadeiramente infrutífera. O mote era a estrada, mas burros a voar e folhas de árvores do tamanho de casas, conseguiam fazer parecer tudo bastante lógico, mas pouco real, no entanto isso não era interessante. O verdadeiro interesse seria o facto de estar quase todo vestido de oiro e estar sempre um kosovar atrás de mim, que se ria a esfregava as mãos. De qualquer forma fiz-me à estrada. Montei-me no corcel de borracha e a toda a mecha rumei a casa de um conhecido que não via há dois séculos. De caminho vi o António Cerveira, grande amigo de mim, e de ti. Em todas as oportunidades que me cruzei com tal individuo, fiz retrocesso de vida, ai uns dois ou três segundos. Dei-lhe boleia, dizia-me do alto do seu metro e dez que queria ir também para os lados da vidraceira. Estava tudo a correr às mil maravilhas, não fosse o facto do enviado do além se ter feita passar por o António Cerveira. Diabo mais para o homem! Sempre a querer estragar o sonho. Como sempre despachei-me rapidamente dele. Bastou uma palavra: Seiva! Certinho, não falha, começou a babar bolas de musgo, com uma diarreia intragável e um certo mau estar. Saltou do corcel em andamento, fiquei todo contente e segui.
Não tinha expressão, nem alegre nem triste, tinha feições de mulher, no entanto detinha um bigode invejável, mal se via a boca e lábios. – Onde pensa que vai? – a voz era um misto de tom de avestruz e palhaço do circo, mantinha sempre um olho mais fechado que o outro e quando finalizava um frase esticava a orelha direita na direcção de Meca. Tinha quase a certeza que já tinha visto todo o tipo de ser, criatura, pessoa, animal, mesmo insecto, mesmo do mais estranho, mas aquilo, sim porque não conseguia definir a criatura, era bem estranho, mas ao mesmo tempo sabia que o conhecia, como que se fizesse parte do meu imaginário. Os olhos ocupavam a maior parte da face, bem como a boca, abençoada com lábios vistosos, mesmo dotado do invejável bigode, vislumbrava-se um vermelho vivo, que perfurava os pelos grossos, cerdos mesmo, como se fossem gelatina, mas ao mesmo tempo carnudos. Tinha um queixo perfeito, mesmo muito perfeito, o mais bonito que já vira até aos dias de hoje, como que se traçado por dez deuses rebarbados. Continuei a adorar o rosto, a cada milímetro uma surpresa. O nariz de um gigantismo enervante, fazia lembrar a barbatana dorsal de um golfinho, mas mais abatatada. Mesmo sendo gigante, conseguia-se ver que era demasiado perfeito, parecendo feito, não tinha ares de ter nascido com a criatura. As maçãs do rosto apeteciam aperta-las de uma só vez, as duas e ficar ali horas a apertar, como que se de uma bola de anti-stress se tratasse. As sobrancelhas… quais sobrancelhas? Aquilo não eram sobrancelhas, eram monumentos, eram obras de arte, mas com uma peculiaridade, os pelos eram incolores, o que torna tudo muito estranho. Já as pestanas, mais pareciam longos cabelos de fazer inveja a um careca, que se colocavam no topo dumas pálpebras tipo panqueca, que davam vontade de comer. Com todo este aparato, só havia uma coisa a dizer, se a conhecia era de um sonho muito bom, mas era de facto estranha a familiaridade.
Aproximava-se a cidade e toda a balbúrdia que dela impera, já se sentia o frio do ar condicionado do grandes edifícios, que fazia geral as grandes trombas de ar, dos elefantes bebes, que ventilavam a cidade e evitavam que o cheiro nauseabundo dos carros de bois que transportavam as pessoas. Há muito que os combustíveis deram lugar a outras formas de locomoção e mesmo energéticas. Um simples burro, custava mais que muito dinheiro, não estava calculado o valor, é um valor só especulativo, como tudo neste novo mundo quadrado. No entanto já se conseguia ver as pontas a ficarem bem redondas. Penetrei na cidade pela grande porta de gelo. O custo de manter sempre o gelo gelado era suportado pela grande máquina de fazer coisas frias, mesmo as pessoas frias saíam de lá, já as que queriam ser à força, tinham que vir do *Centro de Reabilitação de Pessoas Pouco Parvas. Passei muito rápido pelo bebedouro máximo e dei água o meu rato, o corcel também bebeu, mas gostava mais de beber de dentro do rato, dizia que ficava com sabor a fronha. Eu que estava cheio de fome, aguentei, para comer as belas das empadas de galinha mansa que a mulher do meu conhecido fazia, duas vezes por ano, uma e outra.
Não perdendo muito mais tempo, puxou-me para dentro do carro, como que se eu fosse um saco de plástico de supermercado, mas vazio. A sua força era extraordinária, tinha jeitos de conseguir partir um ovo pelos topos, num abrir e fechar de olhos, sem pestanejar, mas ao mesmo tempo deixar a casca perfeita para fazer pinturas de ovos. Seja ela, ou ele, tinha as duas vertentes: brutalidade, força e doçura, carinho. Não tentei fazer o mínimo de esforço para sair do carro, deixei-me estar. Arrancou a uma velocidade estúpida, estúpida para quem anda na cidade, as curvas estavam estranhas, pareciam não existir. Dei por mim dentro do banco com medo. Ela mantinha a mesma expressão, não se conseguiam ver os movimentos, de tão rápidos que eram. Chegámos perto de um miradouro e parámos. Pensei que ela me iria fazer mal, que me ia jogar pela janela fora e pelo desfiladeiro a baixo, mas não. Pôs-se à minha frente num movimento muito subtil, como que se o corpo fosse feito de uma matéria maleável. Num movimento de tal forma sensual, que não pude deixar de reparar no corpo todo, como se ela (sim, era definitivo, era uma ela) me o quisesse mostrar, o banco deslizou e fiquei com um espaço incrível à minha frente, de tal forma que poderia montar ali a minha tenda de escuteiro, mas a maior, a de dois lugares. Olhou-me nos olhos, abriu a boca e saiu a maior, mais húmida, mais sensual, mais sexy, mais apetitosa língua que eu alguma vez vi. Só que… em vez de a introduzir na minha maravilhosa boca, deu-me uma monumental lambidela, tal e qual a de uma vaca. Foi bom, não fosse o facto de saber a framboesa, fruto que sou alérgico. Não quis dar parte fraco e deixei-me estar, pois os efeitos secundários são relativamente surpreendentes. Com dois minutos passados após a aplicação do fruto, duas coisas acontecem: os meus braços ficam descontrolados e a minha barriga incha até ao tamanho de uma grávida de 9 meses. Parecia-me justo não lhe dizer nada. Então, os braços, de uma forma terrivelmente descontrolada, mexeram em cada milímetro do corpo dela, não sobrando nada e a uma velocidade estonteante, mesmo miserável. Já a barriga, inchava e fazia o seu som característico. A tudo aquilo ela não fez qualquer expressão de espanto, continuou com a sua figura e sem expressão. Achei incrível, cheguei a achar que podia tratar-se de uma mascara, agarrei-lhe na cabeça e procurei fendas, algo, enquanto a beijava no pescoço, de uma forma exacerbada. Nada, rigorosamente nada, o que estava ali à minha frente era de facto uma expressão, sem expressão, nem umas cócegas a fizeram mudar. A intensidade das carícias aumentava, a minha barriga continuava enorme, mais pequena mas enorme, já conseguia controlar melhor os meus braços e o meu sexo estava redimensionado. Ela, que a cada movimento se entrelaçava mais no meu corpo, olhou a minha boca com um apetite voraz e num movimento angelical, quase sobrenatural, tocou os meus lábios. Finalmente senti os seus pelos e o calor dos seu lábios, que despontavam, vermelhos, por debaixo de todo aquele emaranhado de grossos cerdos. Mas que suavidade, que seda, que macios são os cerdos do seu bigode, apetece esborracha-los milhentas vezes de contra a minha pobre boca, que está sedenta de sentir a dita língua. O toque dos lábios, por fim, senti o calor, é fora do comum, como que se estivessem aquecidos a uma temperatura que se sente quente, muito quente, mas que não queima. Pus a minha língua nos lábios dela, senti os pelos grossos e macios e tentei perfurar a grande barreira que era aquela boca. Abriu os gigantes olhos, de um castanho muito claro e disse - Queres? Não me responsabilizo… - Ao que eu acenei com a cabeça que sim. Abriu a boca, tirou a sua língua e entrou, toda, mas toda a sua língua dentro da minha boca, traqueia, faringe, laringe, esófago, duodeno, estômago e parou por ai. Incrível, continuei a respirar, mas sem grande esforço, como se fosse normal.
Cheguei com pressa relativa, a casa estava mudada, tinham-na invertido. Bati nos canos, com sempre faço quando vou a casa deste meu amigo, e prontamente, como que se estivessem atrás da porta, abriu-se a majestosa porta de papel. O papel era muito utilizado, pois a produção de árvores tinha quintuplicado após umas chuvas extraterrestres terem assolado toda a terra. Temia-se que por serem radioactivas, poderiam exterminar todos os seres vivos na terra e finalmente fossemos invadidos por os nossos queridos **Klpt~tos. Mas ao contrário disso, descobriu-se que trazia um forte adubo, tão poderoso que qualquer árvore por mais pequena que fosse, transformava-se em gigante, num abrir e fechar de olhos. Em dois anos a face do planeta sofreu um revés incrível, em vez de estar cheio de cinzento, cheia de betão, passou a estar cheia de verdes florestas, árvores grandes, algumas gigantes, de tal forma que a única forma de sobreviver, seria arranjar formas de as destruir. Daí em diante e durante uma década, esgotou-se todos os recursos petrolíferos, foram todos consumidos. Ironia do destino, foi o melhor que podia ter acontecido, pois conseguiu-se dar a volta à questão, como aliás é típico do ser humano e agora vivemos num meio ambiente bem mais saudável, mas só até chegarmos a este tipo de cidades, pois há outras que estão isoladas pela via das circunstâncias. Assim sendo e não querendo estar com mais delongas, entrei, comi todas as empadas em dois tempos. Alguém ficou muito irritado comigo, mesmo irado, mas nada pude fazer, o tempo era pouco e estava com fome, bem como com fome.
A sua língua, com poderes mágicos, deixou o sabor e framboesa, que tão mal me faz, para saber e restos de comida de ricos, algo entre o bom e o óptimo, mas frio. Apercebendo-se que estava a gostar, tirou-a de imediato e recolheu única e exclusivamente à minha boca, o que passou a ser menos bom, mas fantástico. Reparei que começava a gemer, como que querendo ter mais algo para além do que estava estipulado para um primeiro encontro, não me fiz de rogado e toquei. Qual o meu espanto quando ao tocar nos seus seios, lançou um olhar furtivo sobre a minha zona reprodutiva e arrancou-me a roupa, o movimento, que teve tanto de subtil, como de rápido, fez-me ficar com os pelos do peito eriçados, como que querendo penetrar nos seu peito. Toquei de novo nos seios, lindos ao toque, mas não conseguia imagina-los na realidade, ao vivo. Ao toque, desceu e engoliu o meu pénis, literalmente, engoliu! Senti-me entrar dentro dela pelo meu pénis, como que se estivesse a ser sugado, entrou e entrou, estava a ser engolido, entrei em pânico, não podia acabar assim os meus dias, não podia ser engolido por uma criatura daquelas, não podia ser. Lutei durante dois segundos, pois a sua forma de sugar era irresistível, meiga e sorvia como ninguém, era uma imagem linda. O seu corpo tomava a minha forma, a sua boca aumentava de tamanho, sentia já as pernas e a barriga a penetrarem no seu corpo. O mais interessante é que sentia a sua língua em círculos, em volta da minha glande, o que me dava um enorme prazer, de tal forma que a ejaculação seria mais que óbvia acontecer a todo o momento. Gemi e ela não, mantinha a sua postura rígida, que nesse momento já a tinha desfigurada, pois mais de metade do meu corpo fazia parte do dela, ou estava dentro do dela, algo que me fazia sentir como um gigante gelado de limão. Não aguentava mais, a ejaculação era eminente. Num último esforço, quase sobre-humano, contraí as minha nádegas e ejaculei como nunca, senti todos os meus testículos a esvaziarem, saiu tudo, em duas golfadas! Os seus olhos, que já eram enormes, maiores ficaram, com um ar de espanto fenomenal. Era a primeira expressão que fazia desde que a vi e dei um sorriso. A isso ela fez ainda um ar de mais espanto, com os olhos a ficarem muito grandes, demasiado, inchavam demais, tomavam proporções gigantescas, de dinossauro, cada vez maiores. Pensei, que podia rebentar, e… rebentou! Hum estoiro comparado a um balão de tamanho fora do comum, mas grande, rebentou e todos os seu líquidos com ela. No entanto pareciam que não me molharem, era como se tivesse uma camada protectora, que me protegia dos ácidos, mas não era isso. Os seus líquidos internos eram fictícios, eram feitos por outras pessoas. Depois de a ver toda rebentada, percebi tudo, tudo se compôs, tudo passou a fazer sentido.
Depois de saciado, fiquei sem fome. Era estranho, pois como estava com muita fome só podia ter ficado com um pouco, mas não, fiquei sem fome nenhuma, mas de qualquer forma também não fiquei cheio, como é meu hábito, fiquei só, assim, fiquei. O meu amigo ria-se muito, era costume ficar assim durante largos segundos, mas desta vez começou-me a preocupar, pois os largos segundos, passaram a vastos segundos. Toquei-lhe no ombro e perguntei se estava bem, não conseguia responder. Engasgando por vezes, tentava bolçar palavras sem sentido e sem espaços, como que se não houvesse barra de espaços, muito estranho, mesmo muito. Chamei a sua esposa, mulher e víbora, expliquei-lhe que estava preocupado, mas ela nada fez, só me deu na cabeça por ter comido as 32 empadas. Não sabia o que fazer. Puxei do meu canivete de lona e ameacei que ia cortar-lhe o mamilo. Aí sim, foi muito estranho, pois calou-se e começou a dizer palavras em Português. Fiquei mais descansado. Mas mesmo assim, imaginei como seria vê-lo sem o mamilo. E ri. Pois… erro crasso! Eu quando riu nos sonhos, é porque me estou a mijar. Acordei, ainda fui a correr para a casa de banho, mas foi pior, pois agora não só estava a cama molhada, como o corredor, a cozinha, a sala, aliás, toda a casa. Pois quando acordo assim, nunca sei onde é a casa de banho. Mas correu tudo bem. Desde esse dia que vou sempre para os copos com o enviado do além, é bem mais seguro, pelo menos não me riu, dou gargalhadas, o que é bem mais seguro. Pois quando acontece, já estou acordado e sentado na sanita a evacuar.
Aquela criatura fazia parte de um grande estratagema para me aniquilar, acabar com a minha raça, com a minha vida, com o meu ser. Era um robot biomecânico, de esqueleto maleável, que eu há anos tinha inventado para combater os porcos gémeos e as pessoas-que-não-podem-fazer-nada-quando-são-caçadas-por-lobos-vesgos. Anos e anos de estudos, forma de ver as coisas pelo prisma dos lobos e dos porcos, todos naquele segundo, foram por água abaixo, tudo aquilo fez com que eu pensasse de uma outra forma e deixei de ver esses animais como praga, ou perigo. Sai do carro e já uma grande multidão rodeava o carro, uns chamavam-me assassino, outros tinham pena do carro, eu sai dali e dirigi-me para casa do perpetrador de tal acto. Estava nu, mas mesmo assim, segui. Apanhei um táxi, cheguei à porta do meu grande companheiro de labuta e bati com toda a força na porta. Não bati duas vezes e logo a porta se abriu. Outra criatura igual à que tinha acabado de exterminar, não perdi tempo, em dois segundos masturbei-me e aniquilei-a. Logo outra, e mais uma vez o meu esperma aniquilou-a. Sabia que teria só mais um disparo. Corri e encontrei-o, atado e com cerca de 10 ou 30 criaturas de volta dele. Teria de o salvar. Mexi nos meus testículos, juntei todas as minhas forças, e mais algumas, peguei no meu pénis, masturbei-me como nunca, com toda a força, as criaturas, olhavam com a sua expressão sem expressão e emitiam ruídos perturbadores, mas eu estava preparado, pois tinha sido eu o criador destes seres e trazia tampões nos ouvidos. Estes ruídos são utilizados para destruir todos os tecidos moles dos outros seres vivos. Mais que nunca tinha que ejacular, bato com mais força e numa bola gigante o esperma saiu dos meus testículos, inchara o meu pénis e saiu que nem uma bala, apanhando todas. A princípio não perceberam e abriram a boca, mas depois quando o líquido lhes tocou, as expressões de aflição tomara-lhes o rosto. Rebentaram todas, nem uma sobrou, pobre casa. O meu amigo, estava praticamente inanimado, um soco, duas estaladas e uma valente bufa, lá acordou. Levantei-o, trouxe-o para a sala e conversámos durante dias. Esclarecemos tudo e depois fui para casa cheio de fome e frio.
Desde esse dia, nada nem ninguém me podia tocar, sentia-me invencível, um verdadeiro super herói.
*Rua do Fim, 2º Esq. – 9090 – Arebateira, Mundo.
**Seres extraterrestres que habitam Xpoï, um planeta numa galáxia vizinha, mas distante.
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