- Rita?
- Sim...
- Porque tens ao lume duas panelas?
- Porque nunca sei qual delas é a mais vantajosa...
Este era o tema de conversa na Segunda-feira.
Qual a vantagem de ter duas hipóteses, quando podemos ter
1001?
Na verdade, a esperança de vida encarrega-se de responder a
isso, por outro lado, há um ditado antigo que diz: Eu estou muito velho (mas
muito novo). *
*Procurei durante
duas horas pelo ditado mais parvo do mundo e foi esse o eleito.
Quando pensamos em toda a latitude, ambígua escondida neste
ditado antigo, sabemos que somos só um grão de pó, numa imensa latrina. O nosso
âmago deixa-nos privados de sabedoria e a nossa razão inundada de certezas
incertas.
No vislumbre de uma hipótese correcta, enchemo-nos de
hipóteses, num emaranhado de questões analisadas por outros, que pensam e
pensam, sabendo sempre que por mais que pensem, irão sempre tirar a conclusão
incerta, certa para a altura em que é tomada, mas que pode muito bem ser
incerta, por não ter sido introduzida mais uma hipótese.
Na mente humana só há uma hipótese: sobreviver.
Porque razão é que tentamos que outros sobrevivam? Porque
nos fazem companhia? Mas a companhia mantém a sobrevivência? Estranho... pois
entre dois (ou mais, não é há aqui a cena do casalinho, ok?) seres que
querem-se manter vivos, deviam aniquilar o outro, para que consigam sobreviver
em paz, sem ter de partilhar, fazer guerra, ter menos, ou mais que o outro,
etc, etc... um sem fim de coisas sem sentido.
Será que a sobrevivência terá de ser sempre encarada como
uma coisa colectiva? Porquê? Para quê duas penelas, duas hipóteses? Quando
sabemos sempre à partida que uma delas é melhor...
Depois há o problema dos descentes, a prolongação da
prolongação, de descendência, que nos descende das nossas dúvidas, incertezas,
amores, desamores, vitórias, anarquias e por fim, a relação impensável com um
ser, que nos pode levar à morte, mas isso é absolutamente irrelevante! Nesse
caso há a “cena” dos dois tachos? Não… é que nem se pensa, o tacho que é a
continuação, será sempre para manter cheio, ligado e ventajoso. Então será por
isso que numa das religiões dizem que somos todos filhos de um só? Assim é mais
fácil não ter dúvidas? Mas isso leva-nos a pensar que sou irmão da minha mãe…
será normal? Ou não é para levar de uma forma literal? Não?! Então? É a
brincar?! É um faz da conta, para que eu não me sinta mais, do que ela/e? Ou
seja, voltamos ao mesmo: mais vale ter dois tachos ao mesmo tempo…
Gostava de terminar este orgasmo banal, com uma conclusão,
mas o meu signo não o deixa. Logo... ponham sempre duas panelas ao lume, não vá
o diabo tecê-las...
… por outro lado: na verdade isto tudo deixa de ter sentido, quando tens só uma
boca do fogão…