Na vertigem da ideia, assalta-me o cuspir de palavras enraivecidas, sem sentido, carregadas de vontade inerte, mas profundamente lambidas pelo embelezar do sentido estético, numa urgência de tudo mostrar, mas não ser notado, em que as silabas vertem assaz tempuras de raiva e dor, sem que se note. Ah, mas o sangue brota suavemente, em lufadas pendentes sobre o colo da consciência mordaz de tudo querer dizer e nada se entender o que se diz! Numa vontade mortal de acabar com as incertezas, sendo certo que o ponto final irá trazer ainda mais incerteza, não obstante a determinação de nada querer e tudo se crer. Dentro, o mole coração, que detém a vontade primária, mas (e sempre o mas) em tudo se parece a um lago negro, em que peixes negros, pedem carinho, gritam afecto, sem serem vistos, ou ouvidos, e no entanto, o grito mudo, bem audível ao som de quem vê, pede paz, pede calma, pede solidão e, sobretudo, a famosa tranquilidade.
A dor? O que é a dor? A partilha de uma metade de um chocolate raro? Perder o ser que se tem certo ser? O que é nosso? O que podemos ter como nosso? A dor. Porque a sentimos, porque e temos. Quem a provoca? Nunca somos nós. Será? A dor é nossa… porque é provocado por outrem? Se outrem não tem dor, sentimo-nos sós e sem forças. Enganados por tudo dar e não existir um retorno sincero, honesto, que nos faça sentir amados, sem pedaços maus, em harmonia, num bailado uníssono, em que tudo flui, em que a monotonia se instala, como velhos decrépitos, que se aconchegam sem pestanejar, sem nada dizer, pois já não há nada para dizer, só o amor o une. E é isso?
“Não quero! Não posso! Nem pensar!” Dizem-se vezes demais sem sentir, dizem-se sem haver o cultivo da reflecção, mas são os nossos sentimentos, é o que nos vais nas veias e ferve! Ai que raiva! Ai que vontade! Não dá! Não, não é não! Não? … Não… e sim? Sim? Porque sim? Que se foda a reflecção, pois o coração, está na mão! Sim… sim, posso, sim quero, sim desejo, sim quero, sim e sim, porque sim! Mas é melhor não… porque se sim, o não virá de uma forma que mata! Se não, o sim terá ter a vontade de amar. Até quando? Logo se verá…
Miserável vontade de matar
Amar
Ar, gritar
Voar?
Morrer. Sofrer de amar, sem pernas para andar
Arvore sem frutos para dar
Carregadas de veneno
Entra na boca
O suave licor ameno
E logo a vida fica louca
Mata essa sede de vingança
Enche a pança!
Vai, não fiques!
E quando menos de espera
A faca da saudade espeta
E já nada é como era
O amar entra como uma seta
Ficamos, ou ficamos?
Por mais quantos anos?
Ficamos e sabemos que sim
Porque no fim
Escolhemos assim!
Sem comentários:
Enviar um comentário
CU menta!