quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

O frio

O frio



Leve brisa que toca, fria, que envolve, languida, o teu corpo, tornando-o áspero e, como um grito surdo, e ao mesmo tempo, qual rajada de loucura, o transforma, agonizantemente, no Criador do desejo. Pensei em cobri-te de suaves mantas feitas de penas de aves raras, mas a cor, o cheiro, e, esse bruto, O Desejo de te tocar, foram mais fortes, derrubaram-me, qual maremoto de sentidos. O toque, a loucura de querer mais, o inebriante desejo que te querer possuir, à muito me tinha invadido, de tal assombrosa forma, que não haveria nada que me demovesse, nem que fosses a mais alta montanha ,
o mais profundo vale ,
a floresta mais densa ,
nem que estivesses tão perto do sol ,
a gruta mais escura ,
nem o facto, de seres uma menina na candura dos 16, quanto mais o facto de seres, a filha da minha mulher a dias.
Mas a natureza é matreira, omnipresente, omnipotente, avassaladora, arrebatadora, não deixa passar impune estas devassas tentações, a qual produz um frio, de tal forma arrepiante, e gélido, que torna o maior mastro, mais grosso, mas gordo, mas duro que um diamante, num pedaço de carne, tão mole que inveja o mais excelente bife de carne barrosã.
Assim, tal como cheguei, sai, e fui pregar para outra sacristia.

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