O caminho era de difícil acesso e as cabras que passeavam no topo do monte, já há muito que por lá pastavam. Queria lhes chegar, mas não sabia se iria ter forças para palmilhar os quilómetros que me separavam delas. Por entre o canavial, avistava-se o pôr do sol e a neblina que subia a serra. O vento mudara e agora soprava na sua direcção, sabia que não tinha muito tempo até que sentissem o meu cheiro. Furei por entre a folhagem mais grossa, sem me preocupar, no entanto sem fazer muito barulho. Vi que uma das cabras estava bem mais perto que as outras. Fixei-me nela. Parei, descansei um pouco e pensei nos tempos em que era jovem e por aquelas paragens vagueava sem ter com que me preocupar com todos os problemas que neste momento me afectam. Como a vida era maravilhosa naquele tempo. Corria, sentia-me feliz, saltava, rebolava. Envolto nestes pensamentos, senti uma paz maravilhosa. De repente, vindo do nada, ouvi um barulho que vinha de trás, como que algo me perseguisse, pelo pisar no chão e o quebrar os galhos, parecia de grande porte. Deitei-me e procurei passar despercebido. De novo o ruído, mas desta feita muito mais próximo. Ao longe ouviam-se guinchos e outros sons que não conseguia distinguir. Tal como aparecera, desaparecera o barulho. Fiquei muito incomodado, mas no entanto determinado. Não podia ficar ali muito mais tempo, porque se deixasse passar o tempo, a luz do dia não me iria ajudar a encontrar o que eu tanto procurava e com o cair da noite as cabras escondem-se, sem deixar rasto. A cabra mais próxima estava agora a uns escassos metros. Sem fazer qualquer tipo de barulho, cheguei-me muito perto. Estava tranquila a comer a pastagem rasteira. Era a altura ideal! Dei um salto e saltei para cima dela, agarrei-a, deitei-a no chão e por fim, de olhos nos olhos… ia por fim conseguir!
Perguntei: Tens lume?
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
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